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É grande preconceito contra cabelo longo após os 50

A juíza Claudia Arruga tem 55 anos e mais de 100 mil seguidores nas redes sociais — Foto: Patricia Canola

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Este é mais um artigo abordando a questão do preconceito de idade. Esse tipo de preconceito, que tem vários nomes – etarismo, ageísmo, idadismo -, se manifesta a toda hora, nos mais diversos momentos do nosso dia a dia.

Está na mídia desde ontem, dada com destaque, o caso das três moças do curso de medicina de uma universidade de Bauru, no interior de São Paulo, debochando de uma colega de sala de 40 anos. “Já poderia estar aposentada”, ironiza uma delas. Soa ridículo. Mas é isso mesmo.

No caso doa cabelos, convencionou-se que as mulheres, à medida em que envelhecem, devem usar somente cabelos curtos, o que é um disparate. Cada uma usa do tamanho que quiser. Afinal, estamos no século 21.

Leia artigo sobre o assunto de Mariza Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado por O Globo:

No filme “Shazam, fúria dos deuses”, no qual interpreta a vilã Hespera, Helen Mirren exibe uma vasta cabeleira que começou a cultivar durante a pandemia. No tapete vermelho do Festival de Cinema de Cannes do ano passado, ela já havia posado para os fotógrafos com cabelos longuíssimos (com uma pequena ajuda de apliques).

Helen Mirren, 77, deixou os cabelos crescer durante a pandemia. E gostou. Foto: John MACDOUGALL / AFP

Aos 77 anos, a atriz britânica, conhecida por suas firmes declarações contra os estereótipos que envolvem a representação feminina, afirmou que, durante a quarentena, deixou de aparar os fios e curtiu o novo visual:

“Espera-se que as mulheres não tenham cabelos compridos depois de uma determinada idade. Já eu usava cortes mais curtos desde os meus 20 anos e o resultado me agradou muito. Acho bem radical e vou mantê-los assim por um tempo”.

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“Quando estava perto dos 40, um cabeleireiro me disse que era a hora de cortá-los. Só que eu sou alta, tenho ossos largos e cabelos compridos fazem parte da minha personalidade. Não abro mão deles! Sou de uma geração cujos cabelos ‘sobreviveram’ ao Neocid para matar piolhos, a químicas como os permanentes para cachear, que eram moda nos anos 80, e que só tinha o Neutrox, amarelo ou rosa, para tornar os fios mais sedosos… Ainda bem que aguentaram tudo isso”.

“Você é crente, está pagando promessa ou é hippie?”. A jornalista Elenilce Bottari, prestes a completar 61 anos, já ouviu esse tipo de pergunta muitas vezes. Diz que os comentários, embora sempre surjam em tom de gracejo, na verdade escondem uma crítica – ou, pelo menos, uma expectativa de comportamento que ela ousa desafiar:

A jornalista Elenilce Bottari: perguntas sobre se é evangélica ou hippie — Foto: Ronaldo Braga

“De tão introjetada na cultura está a ideia de que senhoras usam fios curtos, que as mulheres nem sequer percebem o preconceito por trás da pretensa brincadeira. Só aparei os cabelos na pré-adolescência e, décadas depois, tentei um corte Chanel para o casamento de uma amiga. Adoro seu comprimento, são como uma fonte de força para mim”.

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A jornalista Victoria Richards, do jornal britânico “Independent”, escreveu um artigo no qual conta que, ao fazer uma busca pela expressão “mulher mais velha com cabelos compridos” (“old women with long hair”), foi apresentada a inúmeras sugestões de cortes elegantes – e curtos.

Brasileiras, como Luiza Brunet (60) e Sonia Braga (72), e estrangeiras, como Jennifer Lopez (53) e Demi Moore (60), passaram dos 50 e abriram essas portas há algum tempo. Ainda estamos longe de derrubar os estereótipos sobre a figura feminina, mas é um começo, inclusive para nós, que não somos celebridades.

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