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Por que a pressa das autoridades em abolir o uso da máscara em lugares fechados?

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A pneumologista Margaret Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, acredita que foi “um erro”, a suspensão do uso do protetor facial em locais fechados

Maya Santana
50emais

Saí neste domingo pelas ruas do Rio e constatei que realmente as pessoas, a maioria delas, não usam mais a máscara. Agora, as autoridades liberaram também o uso do protetor facial em locais fechados. Para mim e para tantas pessoas com mais de 60 anos a medida assusta. Por quê? Boa parte dos especialistas acredita que é muito cedo para as pessoas, sobretudo idosos, se exporem dessa maneira, quando ainda não estamos livres da Covid-19.

Uma das médicas na linha de frente de combate à pandemia no Brasil, Dra. Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, numa entrevista ao Estadão diz claramente: “Estou muito preocupada com esse afã muito precipitado de tomar medidas administrativas e comportamentais, como retirar a exigência do uso de máscaras em ambientes fechados. Considero um erro.”

Aumento dos casos no exterior

Para sustentar a sua posição contrária à suspensão do uso da máscara, a médica cita o caso da China, que isolou uma região com quase 30 milhões de pessoas, onde eclodiu há poucos dias um surto da variante ômicron. Ela aponta também a Coréia do Sul que, de país modelo no combate à covid se transformou num caso preocupante pela nova onda de propagação do vírus entre os sul-coreanos.

Margareth Dalcolmo não menciona, mas a Europa também está apreensiva com o novo aumento dos casos. Reino Unido, Áustria, Holanda, Grécia, Alemanha, Suíça e Itália são alguns dos países que registraram uma elevação na última semana, de acordo com dados, divulgados por O Globo, da Universidade americana Johns Hopkins, que faz o rastreamento da pandemia do coronavírus. “A Alemanha agora tem a maior incidência de coronavírus na Europa. Uma tendência de alta, várias mortes. As pessoas não vacinadas devem ser vacinadas com urgência”, disse o ministro da Saúde do país, Karl Lauterbach.

Risco de ter forma grave da doença

Outro que se manifesta totalmente contrário à liberação da máscara em lugares fechados é o professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro. Ouvido pela agência de notícias Brasil, ele é taxativo:

“Na minha opinião, ainda não é o momento de liberar o uso de máscaras em ambientes fechados. Como o número de transmissões e mortes está diminuindo ao longo do tempo, a liberação em espaços abertos é algo natural. Mas, ainda não é o momento para espaços fechados. A variante Ômicron é muito transmissível e há pessoas imunossuprimidas ou idosos que, se pegarem o vírus, mesmo vacinados, correm o risco de ser hospitalizados e ter a doença de forma grave.”

Epidemias vão acabar com o planeta

O número de mortes e de infectados no Brasil vem diminuindo. Neste domingo(20), o país registrou 104 mortes por Covid-19. Com isso, os óbitos em decorrência da doença chegaram a 657.261. Ao todo, 29.627.305 brasileiros já contraíram o coronavírus. Somos o segundo país, atrás dos Estados Unidos, em número de mortes.  A pandemia da Gripe Espanhola(1918-1920), há pouco mais de 100 anos, foi a que matou mais gente no mundo, entre 50 e 100 milhões de pessoas. No Brasil, ceifou a vida de cerca de 35 mil habitantes, a maioria no Rio de Janeiro, então capital federal.

Ao falar  da Covid-19,  na longa entrevista que concedeu ao Estadão,  Margaret Dalcolmo afirma com convicção que “essa não será a última epidemia das nossas vidas, de jeito nenhum.”  E faz um alerta:

“Se você me perguntar do que eu tenho medo, como eu acho que a vida no planeta vai acabar, eu não citaria uma bomba atômica ou um meteorito. Eu diria que tende a acabar com epidemias, sobretudo agora com o homem favorecendo ecologicamente o surgimento de novas doenças. A Amazônia é um celeiro de coronavírus, tem coronavírus para tudo que é lado. Ou seja, podemos ter uma próxima epidemia nascendo aqui no Brasil. Não podemos tratar o planeta tão mal como estamos tratando.”

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