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Ultraprocessados causam doenças do coração, transtornos mentais e diabetes

O excesso de açúcar torna o refrigerante, seja ele qual for, um verdadeiro veneno. Foto: Reprodução/ internet

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Estudos recentes comprovam de vez a relação entre o consumo de alimentos chamados de ultraprocessados e doenças cardiovasculares, câncer, transtornos mentais e diabetes. Está provado que são alimentos que só fazem mal ao nosso organismo.

Nesta reportagem, Bernardo Yoneshigue, de  O Globo, dá todas as informações que você precisa saber sobre esses alimentos, que passam por processos industriais e quase sempre são ricos em gordura, açúcar e sal.

E quais são eles, tão prejudiciais à saúde? Reúno aqui muitos exemplos:

Leia a reportagem:

Alternativas altamente palatáveis e práticas, que se tornam atrativas dentro de rotinas com pouco tempo livre, os alimentos ultraprocessados, como refeições prontas, salgadinhos, biscoitos e refrigerantes, têm sido alvo crescente de estudos que buscam avaliar o impacto de seu baixo teor nutricional na saúde humana.

Agora, uma nova revisão de 45 trabalhos feitos sobre o tema, publicada nesta semana na revista científica The BMJ, mostra que existe uma associação entre as comidas e um risco aumentado para 32 doenças diferentes.

10 milhões participaram da pesquisa

A publicação é chamada de “guarda-chuva” por ser uma análise conjunta de outras revisões já feitas sobre o tema. Por isso, é considerada um dos níveis mais elevados de evidência científica observacional, agregando uma série de pesquisas e avaliando não apenas os resultados, mas a qualidade de cada uma. O trabalho foi conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, Austrália, França e Irlanda.

Ao todo, os estudos analisados acompanharam quase 10 milhões de indivíduos. As estimativas de exposição aos ultraprocessados foram obtidas por meio de uma combinação de registros alimentares e foram medidas como um consumo maior versus um menor, como porções adicionais por dia ou como um aumento de 10%, a depender do trabalho.

De forma mais sólida, os cientistas afirmam que há evidências convincentes de que a ingestão de alimentos ultraprocessados está associada a um risco aumentado de 50% de morte relacionada a doenças cardiovasculares; 53% de transtornos mentais comuns e 48% de ansiedade prevalente.

Dados sólidos também mostraram um risco 12% maior de diabetes tipo 2 a cada 10% de aumento dos ultraprocessados na dieta. Evidências mais fracas, porém consideradas altamente sugestivas, indicaram uma chance 20% maior de morte por qualquer causa, 55% de obesidade, 41% de problemas de sono, 40% de chiado no peito e 20% de depressão.

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A revisão constatou ainda que há estudos apontando uma associação com asma, pior saúde gastrointestinal, alguns tipos de câncer e fatores de risco cardiometabólicos, como níveis elevados de gordura no sangue e baixos níveis de colesterol “bom”. No entanto, de forma menos consistente que demanda mais avaliação.

 Os 32 problemas de saúde associados a ultraprocessados:
  1. Mortalidade por todas as causas
  2. Mortalidade por câncer
  3. Mortalidade por doenças cardiovasculares
  4. Mortalidade por problemas cardíacos
  5. Câncer de mama
  6. Câncer (geral)
  7. Tumores do sistema nervoso central
  8. Leucemia linfocítica crônica
  9. Câncer colorretal
  10. Câncer pancreático
  11. Câncer de próstata
  12. Desfechos adversos relacionados ao sono
  13. Ansiedade
  14. Transtornos mentais comuns
  15. Depressão
  16. Asma
  17. Chiado no peito
  18. Desfechos de doenças cardiovasculares combinados
  19. Morbidade de doenças cardiovasculares
  20. Hipertensão
  21. Hipertriacilgliceridemia
  22. Colesterol HDL baixo
  23. Doença de Crohn
  24. Colite ulcerativa
  25. Obesidade abdominal
  26. Hiperglicemia
  27. Síndrome metabólica
  28. Doença hepática gordurosa não alcoólica
  29. Obesidade
  30. Excesso de peso
  31. Sobrepeso
  32. Diabetes tipo 2

O que são os ultraprocessados e por que eles fazem mal?

Os ultraprocessados são alimentos como refeições prontas, refrigerantes, salgadinhos, embutidos, barras de cereais, sorvetes, entre muitos outros presentes no dia a dia. Basicamente, todos que passam por múltiplos processos industriais e contêm corantes, emulsificantes, aromatizantes e outros aditivos para torná-los palatáveis.

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— Esses alimentos têm uma alta disponibilidade, praticidade, são mais duráveis e têm a conveniência de serem fáceis de comer. Mas têm um alto teor de sódio, de gordura hidrogenada e saturada, grande quantidade de açúcares refinados e uma baixa quantidade de fibras, o que os torna pobres em termos nutricionais — explica Durval Ribas Filho.

Um recurso que pode ajudar a identificá-los é o aplicativo “Desrotulando”, que escaneia o código de barras dos produtos e dá uma nota de acordo com a quantidade de substâncias nocivas. Para os especialistas, essa carência nutricional nos produtos e o fato de que eles ocupam o lugar de alternativas saudáveis na dieta podem explicar os riscos para a saúde observados.

“A ingestão desses alimentos torna as dietas densas em energia, ricas em açúcar e gordura saturada e pobres em proteínas, fibras, micronutrientes e fitoquímicos protetores da saúde, como flavonoides e fitoestrogênios. Elas também contêm aditivos, incluindo corantes, emulsificantes e adoçantes, associados por evidências experimentais e epidemiológicas a desequilíbrios na microbiota intestinal e inflamação sistêmica”, diz o editorial do Nupens.

Além disso, o texto destaca que “os alimentos ultraprocessados são projetados para serem altamente desejáveis, combinando açúcar, gordura e sal para maximizar a recompensa e adicionando sabores que induzem a comer mesmo quando não se está com fome”, o que favorece o ganho de peso e o risco de obesidade.

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Os pesquisadores afirmam ainda que os ultraprocessados são considerados viciantes pelos padrões estabelecidos para produtos de tabaco e por isso pedem que as agências das Nações Unidas, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e os países desenvolvam diretrizes sobre os alimentos análogas àquelas sobre o tabaco.

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