Maya Santana, 50emais
Há exatos 11 anos, em 2007, participei de um grupo de pathwork( em tradução literal trabalho do caminho). Na época, Estava me sentindo vulnerável, depois do término abrupto de uma relação de quase duas décadas. Procurei ajuda na terapia. Paralelamente, frequentava uma espécie de curso de pathhwork, com muitas apostilas, palestras e discussões. Acabei não concluindo, porque me mudei para outra cidade. O que posso dizer é que aquelas palestras, ministradas pela encantadora Silvia Gazola, me fizeram muito bem – me ajudaram a atravessar um período difícil da vida. Basicamente, o pathwork é um método de autoconhecimento. Para a especialista Doris Fridman, o autoconhecimento é fundamental porque permite buscar o que é melhor para nós.”
Leia o artigo de Mariza Tavares para O Globo:
Em 2004, Doris Fridman trabalhava como terapeuta ocupacional e o livro “Não temas o mal” caiu em suas mãos, mudando sua trajetória. “Pensei: isso atende à minha busca da vida inteira”, lembra. Essa é uma das obras que compõem a metodologia do Pathwork (trabalho do caminho), criada por Eva Pierrakos e que reúne 258 palestras voltadas para o autoconhecimento. Agora Doris se dedica a divulgar o método, que aplica em grupos de estudos, sessões individuais, aulas abertas e de arteterapia. Também trabalha com idosos no Cedpes (Centro de Desenvolvimento para Promoção do Envelhecimento Saudável), uma parceria que existe há dez anos entre o serviço de geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e a Subprefeitura de Pinheiros, em São Paulo.
“O idoso ‘compra’ a ideia de que vale menos. É comum a pessoa chegar aos 60 se sentindo sem valor, sem levar em conta tudo o que aprendeu ao longo dos anos”, explica Doris. “Além disso, há todo o potencial que não foi desenvolvido durante décadas: pode ser tocar um instrumento, ou desenhar. É possível abrir a porta para a criatividade e novas possibilidades”, completa. O Pathwork consiste em utilizar, em cada sessão, um dos temas das mais de 250 palestras. Os participantes compartilham suas experiências e, segundo Doris, aprendem a rever suas crenças. “Essa é uma geração que ainda viveu sob uma educação mais rígida, onde a expressão da emoção e do desejo não era aceita. Por isso é fundamental rever as crenças sobre o envelhecimento, sobre o papel da mulher e do homem, e entender que a vida não acabou, está esperando para ser aproveitada”, enfatiza.
Ela afirma que o autoconhecimento permite buscar o que é melhor para nós: “se respeito meu ritmo, o dia se torna mais produtivo. Sei o que posso e o que não posso fazer e administro melhor minha vida. Por exemplo, se com a idade perdemos a noção da urgência da sede, a pessoa atenta ao próprio corpo vai administrar a ingestão de líquido para garantir seu bem-estar. Tenho alunas aposentadas que não se permitiam uma soneca depois do almoço porque achavam que só eram úteis e produtivas se estivessem ocupadas o dia inteiro. Elas não estavam conectadas com seu eu interior”.
Os depoimentos de integrantes dos grupos atendidos por Doris não deixam margem de dúvida. “Não sabia que tinha tanta riqueza dentro de mim”, diz uma idosa. “Aos 73 anos, me sinto poderosa como nunca me senti quando era mais jovem”, declara outra. “Antes, era como se eu vivesse dentro de uma caixinha. Agora saí dela, é como se estivesse sendo lapidada”, resume uma terceira. Ela própria afirma que essa conexão com o eu interior é a melhor forma de proteção em tempos de angústia e instabilidade: “se a pessoa está conectada consigo mesma, não será afetada da mesma forma e todos esses estímulos externos não a perturbarão tanto”.