Maya Santana, 50emais
Neste artigo de Brenda Fucuta para o Uol, ela faz uma defesa aberta dos direitos dos velhos, por terem mais experiência de vida, por terem processado mais informações ao longo da longa caminhada e por esta ser a idade que costuma-se associar à sabedoria. Para a autora, os velhos são “seres valiosos para a espécie que precisam ser olhados, amparados, paparicados, amados e respeitados.”Concordo inteiramente. O velho, infelizmente, ainda é mal visto.
Leia:
Este é uma carta aberta sobre as pequenas e cotidianas violências que cometemos contra velhos. Prefiro não dizer idosos, terceira idade, melhor idade, senioridade. A palavra “velho” tem significado, história e uma conotação neutra, nem negativa nem positiva. A origem latina, vetus, remete à qualidade do antigo. No dicionário Aulete, antes de se tornar “gasto, ultrapassado”, velho significa “que tem muita idade e que existe há muito tempo”.
Velhos são, velhos existem e deveriam ter direitos que a eles estão sendo negados. A velhice é a fase da vida com maior valor agregado. A idade da sabedoria, do maior número de dados processados, de acúmulo de experiências – e todas as coisas que enaltecemos na era da inteligência artificial. Por outro lado, mesmo somando 20% da população do planeta, velhos costumam ser vistos por nós:
Com desprezo. “Eles não precisam ser ouvidos.”
Como café com leite. “Eles não são capazes.”
Como pesos que “precisamos carregar”.
Como caros, já que a velhice custa dinheiro e tempo
Além disso, olhamos para a velhice como a fase que não queremos alcançar, porque ela nos aproxima do final. Em um mundo que aspira ser jovem para sempre, a velhice equivale, na visão contemporânea, à feiura, impotência, senilidade.
Não enxergamos sabedoria, experiência e uma capacidade criativa singular. Se o cérebro é plástico, também na velhice ele funciona e produz associações únicas de pensamento.
Não se trata de negar as limitações que acompanham a idade. Trata-se de, ao contrário, entender que, por causa disso, os velhos precisam ser cuidados e reincluídos na família e na sociedade. Não como um peso morto. Mas como seres valiosos.
Sem o nosso apoio e paciência, recém-nascidos não sobreviveriam. A mesma premissa, acredito, vale para os velhos. Seres valiosos para a espécie precisam ser olhados, amparados, paparicados, amados e respeitados.
Para encerrar este desabafo, peço ajuda ao compositor Lupe Rodrigues que, em 1948, como personagem vivido da música Esses Moços, pediu aos jovens “que acreditem em mim”. Os velhos têm muito a contar.