Não há como deixar de falar aqui no 50emais da mulher que John Biden,77, candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, escolheu para compor a chapa com a qual pretende impedir que o republicano Donald Trump, 74, consiga um segundo mandato, nas eleições de novembro. Ela é Kamala Harris, 55 anos, filha de uma imigrante indiana e de um imigrante jamaicano, senadora pela Califórnia e primeira candidata negra à vice-presidência do país mais poderoso(ainda) do planeta.
Num ano marcado por protestos antirracistas contra o governo Trump, a escolha de uma filha de imigrantes, com sangue negro e asiático, para integrar a chapa presidencial democrata foi bem recebida por muitos setores. Kamala, que chegou a participar de manifestação diante da Casa Branca, em Washington, contra a política de Trump em relação aos negros, é uma dura crítica do Presidente.
“As pessoas protestam porque os negros têm sido tratados como menos que humanos nos Estados Unidos. Por que o nosso país nunca admitiu o racismo sistêmico que surgiu como uma praga desde os primeiros dias. É dever de todos os americanos corrigir isso”, declarou ela, referindo-se à onda de protestos no país pelo assassinato de George Floyd.
Como escreveu Dorrit Harazim, para o Globo, John Biden precisa de Kamala para arrancar os Estados Unidos da era Trump, porque essa advogada obstinada, que estudou em Harvard – uma das universidades americanas mais importantes do mundo – “tem a cara, as cores e o vigor” que os democratas vão precisar, se realmente quiserem mudar o país, quatro anos depois de eleger o magnata Donald Trump.
Nascida na Califórnia, em outubro 1964, Kamala viveu os primeiros anos em um ambiente que privilegiava a educação e a cultura. A mãe era uma importante pesquisadora de câncer de mama. E o pai lecionava economia na prestigiosa Universidade de Stanford.
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Aos sete anos, seus pais se divorciaram e ela foi viver com a mãe e a irmã, Maya, no Canadá. Mais tarde, voltou aos Estados Unidos, onde completou os estudos e fez carreira como promotora e secretária estadual da Justiça da Califórnia. Ela é casada há 6 anos com um advogado judeu branco e tem dois enteados.
Sobre ela, escreveu a revista Vogue: “(Kamala) não tem medo de quebrar algumas regras de estilo que grande parte dos políticos costuma aderir, e ao invés opta por looks guiados por seu gosto pessoal (veja o vestido usado na festa do Oscar da Vanity Fair). Mesmo em um ambiente pautado por normas – mulheres só puderam começar a usar calças no senado americano em 1993, ela passa a imagem de alguém confiante e confortável em sua própria pele.”
As pesquisas mostram que Joe Biden está à frente do Presidente Trump pelo menos 10 pontos. Se ganhar as eleições de 3 de novembro, aos 78 anos, Biden será o homem mais velho a assumir a presidência americana. Esse fato confere enorme importância à vice, 23 anos mais jovem. Em 2024, Biden, então, com 81 anos, com certeza, não tentaria a reeleição. O que significa que a candidata natural do Partido Democrata à Presidência seria Kamala Harris.
Depois do primeiro presidente negro da história americana, Barak Obama, 59, que governou o país por dois mandatos, de 2009 a 2017, Kamala surge como a grande estrela da temporada, com credenciais suficientes para também fazer história, tornando-se a primeira afro-americana a chegar à vice-presidência dos Estados Unidos.
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