Maya Santana, 50emais
No meio da pandemia do novo coronavírus, surgiu uma outra epidemia: a dos golpes financeiros contra pessoas mais velhas. A Federação Brasileira de Bancos alerta que esse tipo de crime já aumentou entre 60 e 70 por cento desde o início da quarentena. O governo acaba de lançar uma campanha para conscientizar os idosos. Mesmo sendo cuidadosa, por pouco me tornava mais uma vítima desses ladrões de dados bancários. Não caí no golpe, por telefone, graças à senhora que, uma vez por semana, vem me ajudar com os serviços de casa.
Não bastasse toda a agonia e incerteza que vivemos com esse isolamento social sem prazo para acabar, temos que nos precaver da maneira mais segura possível contra os desonestos, inescrupulosos, sempre prontos para dar o bote, seja pelo computador, pelo celular ou pelo telefone fixo. No meu caso, quando atendi o telefone da casa, passei um bom tempo sem perceber que, por trás da voz mansa e segura do outro lado da linha, havia uma golpista profissional.
O telefone tocou. Eu estava chegando em casa. Quando atendi, uma voz feminina se apresentou: “Sou Rosana Vieira, do departamento de fraudes do Banco Santander,” e antes que eu tivesse tempo de falar alguma coisa, ela continuou: “Queremos confirmar se foi a senhora que fez uma compra nas Lojas Americanas, em São Paulo, no valor de 2.320 reais, esta manhã?” Não fui eu, respondi de imediato. Estou no Rio de Janeiro. “Então, ligue agora para o número do telefone que está atrás do seu cartão,” ordenou ela, dando mais uma instrução: “Ligue desse telefone da casa, assim o banco vai confirmar que a senhora realmente está no Rio.”
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Enquanto eu, aturdida, procurava o cartão para ver o telefone no verso, Antônia, minha querida auxiliar, tendo escutado a conversa, gritou de onde estava: “Isso é golpe. Pode ter certeza que é golpe.” Mesmo assim, peguei o telefone para ligar para o banco. Mas estava mudo. Na verdade, era como se alguém estivesse segurando a linha. Coloquei novamente no gancho. Dali a pouco, tentei outra vez. A linha continuava presa.
Os ladrões se aproveitam de nós que já passamos dos 60, porque sabem que somos muito mais propensos a nos confundir e a confiar também. Fiquei tão alterada com aquele telefonema que precisei de um tempo para fazer o que já deveria ter feito desde o início: peguei o celular e conferi a minha conta bancária. Estava normal. Nem um centavo fora do lugar. “Não falei?” Reagiu Antônia.
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Pois não é que, enquanto conversávamos sobre a tentativa de golpe, o telefone tocou e era a mesma Rosana Vieira? Queria saber se eu havia ligado para o banco. Aliviada, já quase refeita, eu respirei fundo e tripudiei: “Não, golpista, ainda não liguei.” Abruptamente, a ligação foi cortada, antes de eu terminar a curta frase.
Falando sobre sobre esses golpes contra idosos, no lançamento da campanha, o presidente da Federação de Bancos, Isaac Sidney, explicou que “os criminosos começaram a se aproveitar desse momento em que os idosos têm mais necessidade de acessar os canais digitais. Então, eles passaram a intensificar os golpes financeiros , fazendo persuasão junto aos idosos para que forneçam seus dados bancários, seus dados confidenciais.”
Fica o alerta. Tome muito cuidado!
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