Maya Santana, 50emais
Aproveitando-se do aturdimento geral produzido pela pandemia, pessoas muito mal intencionadas estão tramando e aplicando golpes cada vez mais sofisticados, à medida em que a tecnologia avança. Um amigo, 65 anos, acaba de me ligar para contar o seguinte golpe, no qual não só ele caiu, mas a mãe e uma outra tia da jovem em cujo nome os ladrões diziam estar falando:
Primeiro, ele recebeu uma mensagem de WhatsApp da sobrinha, que mora em Nova York, onde estuda. Ela informava que havia trocado de celular e fornecia o novo número. Dois dias depois, numa nova mensagem, a garota perguntava se ele poderia ajudá-la, transferindo 4.100 reais para a conta de uma terceira pessoa, no Brasil – os dados bancários estavam lá. A explicação é que ela teria esgotado, naquele dia, o valor de transferência e precisava fazer com urgência o pagamento. Curioso notar que o tratamento com o tio era no maior carinho e intimidade familiar.
Ele tentou várias vezes falar com a sobrinha através do “novo” número, mas ela escrevia que estava em um lugar com internet muito instável. E deu as instruções para a transferência. Ao ouvir do tio que ele não tinha Pix, pediu que fizesse a transferência normal. Ele, muito ligado à sobrinha, foi ao banco e fez a operação. Enviou o comprovante e voltou para casa. Em alguns minutos, recebeu uma mensagem afirmando que era preciso que o dinheiro fosse enviado na forma de Ted, não de Doc. Ele voltou ao banco e fez outra transferência na mesma quantia. Ou seja, enviou um total de 8.200 reais.
Bem mais tarde, saboreando um café com bolo, a intuição funcionou e veio o alerta. Ele disse para si mesmo: É um golpe. Ligou imediatamente para a cunhada, mãe da jovem estudante, e contou o que havia acontecido. A mãe ficou desesperada, porque acabara de enviar para a conta da filha, a pedido da própria, três mil reais. Perplexos, decidiram ligar para a estudante, apenas para confirmar que realmente haviam caído em um golpe.
E não foram só os dois. Uma das tias, também pensando estar ajudando a sobrinha, transferiu 5.300 reais. Tanto a mãe como a tia fizeram a transferência usando Pix. Era final de semana. Por isso, o tio foi o único que conseguiu reaver o dinheiro, pois, através do banco, pode suspender o envio do dinheiro para a falsa conta. Mas os ladrões levaram mais de oito mil reais, ludibriando apenas uma família.
O golpe, que surgiu há poucos dias, continua sendo aplicado. Há muitos tipos de armadilhas como essa. Por isso, todo cuidado é pouco. Recebeu algum pedido de dinheiro, seja de quem for, a primeira providência é: desconfie!