50emais
Eu decidi publicar esta matéria aqui porque estou vivendo exatamente o que o texto descreve. Tenho 70 anos. De uns tempos para cá, venho notando um aumento da região abdominal, o que significa dizer que fiquei com aquele tipo de barriga que tira a elegância de qualquer pessoa. Estou aumentando um pouco o tempo das caminhadas matinais e travando uma luta feroz comigo mesma para deixar de lado os doces e reduzir ao mínimo o consumo de pão. É exatamento o que sugere o texto: exercício físico, sem exagero, é fundamental não só para manter o peso adequado, sobretudo depois da menopausa, mas para garantir uma certa sensação de bem estar. Às vezes, a tentação me vence e acabo comendo um pouco de doce, principalmente depois do almoço. Mas sei que, se quero obter o resultado que desejo, no sentido de afinar o abdomen, tenho que ter perseverança e insistir sempre.
Leia o que diz o texto de Alice Callahan para o New York Times, traduzido por O Globo:
Se você é uma mulher de meia-idade e percebe que sua barriga está se expandindo, a primeira coisa a saber é que você não está sozinha.
— Esta é uma mudança fisiológica que, infelizmente, realmente acontece com praticamente todas as mulheres à medida que envelhecemos — disse Victoria Vieira-Potter, professora associada de nutrição e fisiologia do exercício da Universidade de Missouri. “Não é algo que você tenha feito”, acrescentou ela, nem se trata de um indicativo de que você não está se cuidando.
Nos anos que antecedem a menopausa, disse Vieira-Potter, os níveis de hormônios, como o estrogênio, mudam. E pesquisas sugerem que essas mudanças provavelmente levam a alterações na forma do corpo, disse ela, junto com ondas de calor, mudanças de humor, menstruação irregular, problemas para dormir e muito mais. Essa transição da perimenopausa, que normalmente começa entre 45 e 55 anos e dura cerca de 7 anos, termina oficialmente um ano após a última menstruação. Nesse ponto, diz-se que as mulheres estão na menopausa.
Pêra e maçã
Antes da transição da menopausa, as mulheres tendem a armazenar mais gordura corporal nas coxas e quadris, resultando em um corpo “em forma de pêra”, explicou Vieira-Potter, enquanto os homens tendem a armazenar mais gordura na região abdominal, tornando-os mais “em forma de maçã”.
Mas por volta da menopausa, há uma mudança impressionante quando as mulheres armazenam gordura em seus corpos, disse Gail Greendale, professora de medicina da Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Em um estudo de 2021, por exemplo, Greendale e seus colegas acompanharam como os corpos de 380 mulheres de meia-idade em Boston e Los Angeles mudaram ao longo de 12 anos, incluindo os períodos antes, durante e depois de suas transições para a menopausa. Embora os resultados variassem de acordo com a raça e a etnia, o resultado geral foi que, por volta da menopausa, as mulheres começaram a armazenar gordura mais como os homens — menos nas coxas e quadris e mais na barriga.
Por exemplo, entre as mulheres brancas e negras no estudo, não houve mudança líquida na gordura do quadril e da coxa ao longo dos 12 anos, mas a gordura da barriga aumentou, em média, 24% e 17%, respectivamente. Eles ganharam gordura na barriga mais rapidamente durante os poucos anos antes e um ano após o período final.
Em outras palavras, disse Vieira-Potter, as mulheres “começam a adotar aquele formato de maçã ao invés do formato de pêra”.
Também é comum que os homens ganhem mais gordura na barriga à medida que envelhecem, mas é uma mudança mais lenta e constante.
— Não há nada análogo em homens onde um órgão apenas para de funcionar — disse Greendale, referindo-se aos ovários das mulheres durante a menopausa.
Gordura problemática
De acordo com Greendale, os pesquisadores não sabem exatamente por que essas mudanças no armazenamento de gordura ocorrem. Mas, embora sejam comuns, elas são algo para ficar de olho, acrescentou.
Aumentos na gordura da barriga — e, em particular, o tipo de gordura visceral que fica no fundo do abdômen e envolve os órgãos — têm sido associados a certos riscos aumentados para a saúde, como doenças cardíacas, diabetes e câncer. Essa gordura, que pode se expandir não apenas com a menopausa, mas com estresse, falta de exercício, dieta pobre e outros fatores, é a “gordura problemática”, disse Greendale. Por outro lado, a gordura armazenada nas coxas e quadris, criando o chamado formato de pêra, parece proteger contra diabetes e doenças cardíacas.
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Apesar dos anúncios onipresentes na internet que afirmam conter o segredo para diminuir a gordura da barriga, os especialistas realmente não sabem como lidar com a expansão da cintura associada à menopausa, disse Greendale. Os pesquisadores estão apenas começando a entender como e por que o corpo muda nesta fase da vida, com o cuidado de não promover uma solução sem evidências de sucesso.
— O que me preocupa é que as mulheres que estão tentando, por conta própria, manter seus hábitos de exercícios e comer uma boa dieta podem se sentir derrotadas se a gordura da barriga não ceder — disse ela, qua concluiu: — Elas podem estar fazendo tudo certo, e sua gordura abdominal pode ter vontade própria.
Dieta excessiva e exercícios demais também podem ser prejudiciais, ressaltou.
Dito isto, foi demonstrado que fazer pelo menos de 2,5 a 5 horas de atividade física moderada por semana ajuda a prevenir doenças cardíacas e diabetes, ambas as condições associadas ao aumento da gordura abdominal. Seguir uma dieta saudável, que inclua muitas frutas, vegetais e grãos integrais e que priorize peixes, legumes, nozes, laticínios com baixo teor de gordura e carnes magras como fontes de proteína, também pode ajudar a proteger contra essas condições.
A atividade física também ajuda a manter a massa muscular e óssea saudável e melhora o funcionamento da insulina, disse Vieira-Potter.
— Mesmo se você estiver se exercitando e não perdendo peso, você está fazendo muito bem metabolicamente.
O exercício também é bom e pode ajudar a combater algumas das mudanças de humor que podem ocorrer com a menopausa.
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Não precisa ser intenso ou extenuante para ser benéfico, disse Vieira-Potter.
— Apenas encontre algo que você ame — indica.
E, se você ainda está se sentindo desencorajada com seu corpo em mudança, apesar de uma boa dieta e programa de exercícios, Greendale recomendou uma dose de autocompaixão:
— Se meu meio for resistente, vou entender que pode ser parte da fase da vida em que estou.
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