Exclusivo para o 50emais
“Para começar, vamos fazer as devidas apresentações. Sem medo, sem pé atrás, encarando essa “acompanhante” que nos escoltará por décadas.” Assim a jornalista Mariza Tavares começa o seu mais novo livro: MENOPAUSA – O momento de fazer as escolhas certas para o resto da sua vida”, que será lançado no próximo dia 08/03, às 19h, na Livraria da Travessa – Rua Visconde de Pirajá, 572, em Ipanema.
Mariza oferece às mulheres de 40 a 59 anos uma espécie de guia para se prepararem para esse novo ciclo, que chama, delicadamente, de ‘Segundo Ato’. Ao longo de suas 128 páginas, a jornalista aborda questões ligadas ao corpo, às emoções, às relações, ao sexo, às mudanças físicas e mentais que as mulheres sofrem, além dos desafios profissionais. E no final, a autora deseja que suas leitoras entendam como é possível se preparar para ser protagonista desta segunda etapa da vida.
Mariza Tavares, que assina o blog Longevidade no G1, conversou com o 50emais e deu mais detalhes desse seu novo e importante trabalho.
– Depois de “Longevidade no cotidiano: a arte de envelhecer bem”, você lança um livro sobre menopausa, outro tema cheio de tabus e mitos. Por que abordar a menopausa?
Para mim, falar de menopausa se tornou um caminho natural a trilhar depois de abordar questões relacionadas à longevidade desde 2016, no blog do g1, e do livro lançado em 2020. A janela da meia-idade é crucial para tomarmos decisões e alterar hábitos que vão fazer toda a diferença na segunda metade da vida. Isso serve para homens e mulheres, mas, para nós, as mudanças físicas, emocionais e psíquicas são tão impactantes que precisamos de uma bússola para navegar nesse mar desconhecido.
– O livro é um mix de entrevistas,fatos e dados de pesquisas. Como você organizou essas ideias?
Entrevistei diversas mulheres, com idades entre 44 e 59 anos e de diferentes atividades. Queria mostrar a diversidade que existe no que se convencionou chamar de menopausa, mas que, na verdade, abrange a perimenopausa, o período que a antecede – que pode durar anos – e também a pós-menopausa. Conversei com especialistas e usei um amplo material de pesquisa porque minha intenção era abordar não apenas a questão física/biológica. As transformações que ocorrem vão muito além de uma condição médica e precisamos discutir o assunto em todas as suas dimensões.
– Você acha que a menopausa ainda é um assunto pouco explorado, desbravado, para a maior parte das mulheres?
Na abertura do livro, escrevo que as mães se preocupam em conversar com as filhas sobre a primeira menstruação e até sobre sexo, mas cobrem a menopausa com um manto de silêncio. Como vivemos numa sociedade na qual o mantra é permanecer jovem a qualquer custo, a menopausa ganhou um “carimbo” de defeito a ser ocultado e corrigido. Mulheres que vieram antes de nós sofreram caladas com sintomas que prejudicaram sua qualidade de vida e está na hora de reescrever essa história. Afinal, é quando chegamos a um estágio de maior independência e autoconfiança, nos campos sexual, afetivo e profissional.
– Quanto da sua própria experiência está no livro?
Descobri uma doença autoimune durante um check-up aos 46 anos, quando passei a ser acompanhada por uma endocrinologista e a fazer terapia de reposição hormonal, o que me ajudou a lidar com as mudanças do climatério. Embora cada caso seja único, e todos necessitem de acompanhamento médico, nesse ponto fui uma privilegiada, mas a menopausa não se limita a ondas de calor, insônia e oscilações de humor. O ambiente de trabalho pode se tornar hostil depois dos 40 e compartilhei algumas experiências que, espero, possam ser úteis para outras mulheres. No entanto, não se trata de um trabalho autobiográfico.
– O que mais te surpreendeu nesse trabalho? Quais foram suas descobertas?
Essa foi uma jornada fascinante de aprendizado que me fez admirar ainda mais as mulheres. Basta perguntar a qualquer uma, na faixa entre os 40 e 50 anos, como consegue desempenhar tantos papéis. Algumas têm filhos pequenos; outras lidam com adolescentes em crise; há quem considere embarcar na aventura da maternidade. Casamentos estão começando e alguns terminando, com toda a carga emocional associada a um relacionamento. Muitas têm pais idosos que precisam de atenção e se tornam cuidadoras de entes queridos. No trabalho, a inexperiência dos primeiros anos dá lugar a uma maior desenvoltura, mas buscar o sucesso profissional também exige dedicação. Hoje em dia, provavelmente é o período que mais demanda energia e responsabilidade das mulheres. Ironicamente, é quando o estrogênio, nosso hormônio protetor, começa a sair de cena, o que só faz aumentar os desafios.
– O que você quer oferecer às mulheres com esse livro?
Muitas mulheres acham que a menopausa significa um fim: da beleza, do poder de sedução, da vida feminina, mas é quando chegamos a um estágio de maior independência e autoconfiança. Temos uma dupla missão: cuidar melhor de nós mesmas e educar os que nos rodeiam. A menopausa é um movimento, gostaria de convidar todas a participar dele.
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