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“Para viver feliz é preciso nunca desistir, não se entregar e ter força e fé para continuar.” Essa é, de maneira resumida, a receita da escritora Iris K. Bigarella para a longevidade.
Entrevistada por Ana Lourenço, para o Estadão, em Curitiba, ela dá mais pistas de como conseguiu chega a 10 décadas de vida.
Participa ativamente de atividades físicas, como pilates, tai chi chuan, fisioterapia e caminhadas. “Claro que sem o dinamismo de antes”, explica ela. Além disso, mantém a mente ativa com hobbies como escrever poemas, pintar com aquarela e meditar.
Tanto que acaba de lançar um livro: “Chegando Feliz aos Cem Anos – História de uma Apaixonante Jornada.”
Leia a ótima entrevista:
Para muitos, a possibilidade de chegar aos 100 anos é um sonho utópico. No Brasil, a expectativa de vida é de 76,8 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Curitiba, porém, a escritora Iris K. Bigarella mostra que não só é possível chegar a essa idade, como alcançá-la de maneira saudável, lúdica e extremamente feliz.
“Envelhecer é uma fase muito rica, na qual podemos desenvolver formas de conhecimento e enriquecimento espiritual muito preciosas”, conta ela, que diz se sentir realizada aos 99 anos. “A fragilidade do corpo faz parte do ciclo da vida, mas confesso achar bem aborrecido ter de aceitar”, brinca. Em entrevista ao Estadão, ela conta quais são os seus segredos para a longevidade.
“A caminhada até os 100 anos é mais uma corajosa conquista do que um planar aleatório”, resume. Tendo enfrentado as consequências da Grande Depressão durante os anos 1930, as dificuldades da 2.ª Guerra Mundial e tantas outras dores pessoais, viver bem, para ela, é sinônimo de perseverança. “Para viver feliz é preciso nunca desistir, não se entregar e ter força e fé para continuar.”
Para chegar aos 100 anos, seus cuidados pessoais partem de três pilares: saúde mental e busca pelo conhecimento; saúde física, por meio de uma alimentação balanceada e exercícios físicos; e momentos de alegria.
Em relação a esse último item, sua família, composta de três filhos, cinco netos e mais seis bisnetos, é essencial. “Certamente um bom motivo para perceber beleza na vida”, diz.
Curiosa, ela sempre fez questão de experimentar coisas novas e aprender o máximo possível sempre que via uma oportunidade. “Não há limite para expandir a consciência. Me deixa triste a perda de algumas faculdades humanas, como a visão e a audição, por conta da idade avançada. Mas há recursos tecnológicos que ajudam, por isso não dá para desistir”, afirma ela que, além de português, é fluente em alemão, inglês e entende francês e italiano.
Desde muito jovem, Iris já questionava os enigmas da existência com estudos que vão de História e Antropologia a Psicologia Analítica. Em busca de respostas, ela fez frequentes viagens de estudo, workshops e participou de retiros. O amor pela leitura também a ajudou, especialmente quando se trata do israelense Yuval Harari, a quem ela muito admira.
À frente do seu tempo
Descendente de alemães, Iris sempre levou os estudos a sério. Assim, cursou faculdade em uma época na qual poucas mulheres faziam o mesmo, nos anos 1940. Optou pela faculdade de Geografia, para “responder a suas apreensões quanto às nódoas escuras do passado e sobre o futuro e os caminhos do mundo”. Foi lá que conheceu o “homem da sua vida”, João José Bigarella, com quem foi casada por 67 anos – ele morreu há cinco anos. “O maior dos desafios de um matrimônio é reagir sensatamente, com amor, paciência e tolerância às emoções agressivas e confusas que o convívio diário e a rotina nos impõem.”
‘Não há limite para expandir a consciência. A perda de algumas faculdades me deixa triste, mas há recursos tecnológicos que ajudam”
Além de cuidar da cabeça, Iris faz questão de participar ativamente de numerosas atividades físicas, como pilates, tai chi chuan, fisioterapia e caminhadas. “Claro que sem o dinamismo de antes”, avisa. Além disso, ela mantém a mente ativa com hobbies como escrever poemas, pintar com aquarela e meditar.
“Aprendi a expressar a barafunda de minha vida tão infinitamente complexa – como a de todos os seres humanos – olhando para dentro de mim”, reflete. “Acordei na arte e consegui pôr para fora tudo o que ficara encolhido nos refúgios de um inconsciente reprimido, como diria Sigmund Freud.”
O autoconhecimento acrescido de uma dose de bom humor facilita sua rotina. “Espalho bilhetes pela casa com lembretes de beber água e outras coisas simples, mas que ajudam no dia a dia”, conta.
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De acordo com ela, as pessoas a sua volta sempre lhe perguntavam sobre o segredo da sua longevidade com humor e disposição e isso a inspirou a escrever um livro. “Nunca quis dar dicas como se eu fosse a dona da verdade. Mas estimular as pessoas a procurarem, elas mesmas, o caminho. Decidi que iria dizer como eu mesma fiz, como foi a minha forma de encarar a vida”, descreve.
E assim surgiu o livro “Chegando Feliz aos Cem Anos – História de uma Apaixonante Jornada”, recém-lançado pela Editora Chiado. “Creio que sempre levei para a vida do dia a dia todas essas formas de viver e perceber a riqueza da vida espiritual.”
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