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Balada da velhice

Velhice é o estágio final. A última chance de felicidade. De reparo, de perdão. Foto: Reprodução/Internet

Márcia Lage
50emais

Tirando minha mãe

Que não tem mais como fugir do óbvio

Ninguém que eu conheço

Se reconhece velho.

Mesmo os de bengala

Os de voz embargada

Os que perderam pedaços

Fizeram transplantes

Sofreram infarto,

Não pronunciam a palavra

Que soa repugnante.

A palavra ou a idade?

Ser velho não é doença

É um estágio, um momento

Faz parte da vida

Como a morte,

Outra palavra maldita

“vira essa boca prá lá”.

Quem de nós não vai morrer?

Quem de nós não vai envelhecer?

Para que tanto melindre

Diante de um fato real?

Aceitar a velhice é

Experimentar um novo tempo

Em que nada mais é proibido

Exceto fingimento

Nenhum eufemismo ou cinismo

Muda a realidade das coisas

Velhice é velhice

E não maturidade

Maturidade se tem em qualquer idade

Ou nunca.

Velhice é o estágio final

A última chance de felicidade

De reparo, de perdão,

De caridade, de complacência.

Velhice boa termina em boa morte

E morte é morte, não passamento.

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