Maya Santana, 50emais
Já postei aqui no 50emais outros artigos sobre herpes-zóster. A doença é causada pelo vírus da catapora e ataca, principalmente, pessoas que já passaram dos 50 anos. Esse tipo de herpes tem sido cada vez mais diagnosticado também em gente mais jovem. Sob intenso estresse, o sistema imunológico da pessoa baixa e o vírus se instala. Contei aqui, recentemente, que uma das minhas irmãs, 65 anos, por pouco não morreu, porque tratou tarde da doença. Ela chegou a ficar confusa mentalmente. Não reconhecia os filhos. Até que foi diagnosticada com Encefalite Herpética. Passou nove dias internada. Felizmente, está bem. Todo cuidado é pouco com a herpes zóster: quanto mais cedo for feito o diagnóstico mais cedo começa o tratamento, evitando que a doença progrida e deixe sequelas para o resto da vida ou até tire a vida do paciente.
Leia o artigo de Keila Guimarães, do site da BBC Brasil:
Em outubro de 2015, a paulistana Camilla Conde passava por um momento de extrema tensão. Seu empreendimento recém-aberto no bairro de Pinheiros, em São Paulo, havia ido à falência e o seu casamento, chegado ao fim. Com o estresse, a imunidade baixou e a empreendedora desenvolveu um quadro de herpes-zóster, uma doença que faz explodir bolhas na pele, causa uma dor aguda e pode deixar sequelas permanentes.
“Eu estava sem dinheiro, com dívidas, desempregada e com uma criança de dois anos para cuidar”, relembra.
Os primeiros sintomas pareciam o de uma reação alérgica. “Percebi algumas bolinhas na região das costas e achei que fosse uma alergia. Mas elas começaram a aumentar e migrar para a região do peito. Aí começou a doer, e muito”, afirma.
Uma semana após os primeiros sintomas, Conde foi ao pronto-socorro, mas a médica que a atendeu desconhecia a doença e receitou uma pomada para herpes simples.
Embora tenham o mesmo nome, herpes e herpes-zóster são doenças totalmente distintas. A primeira é provocada pelo germe HSV-1, enquanto a segunda é resultado da ação do vírus da catapora.
“A pomada não resolveu. As bolhas aumentaram e começaram a estourar”, relembra. Nesse estágio, a dor era “insuportável”, relembra Conde, que buscou um novo médico. Dessa vez, com diagnóstico certo, ela foi submetida a tratamento e teve de ser afastada por 15 dias do trabalho no qual havia recém-começado.
A dor aguda, afirma, durou semanas e parte dela permanece até hoje, dois anos após a doença. “Quando o tempo muda bruscamente, sinto pontadas onde havia as bolhas”, diz.
A herpes-zóster
A herpes-zoster é uma doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zóster – o mesmo responsável pela catapora. Geralmente adquirido na infância – momento em que a maioria dos brasileiros manifesta as feridas clássicas e a coceira da catapora -, ele pode ficar anos dormente no organismo e “acordar” a qualquer fase da vida. Quando desperta, o vírus faz surgir dolorosas bolhas pelo corpo.
“O vírus fica alojado em gânglios nas regiões do tórax ou do abdômen e um dia, por causa da queda da imunidade ou porque a pessoa está mais velha, ele aparece como herpes-zoster”, explica Maisa Kairalla, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Mesmo aqueles que não tiveram catapora na infância podem desenvolver a doença na vida adulta. “Não precisa ter tido a doença, basta contato com o vírus. E a população brasileira é muito exposta a ele – 94% está infectada com o varicela-zóster”, afirma.
A doença é mais comum após os 50 anos – no entanto, o diagnóstico em jovens tem sido frequente, afirma Kairalla. O estresse, diz a médica, é um dos fatores que vem mudando o perfil daqueles afetados pela infecção e fazendo a doença aparecer cada vez mais cedo.
“Estamos vendo a doença em mais jovens, vejo muito naqueles em pré-vestibular”, diz a médica. “Tudo o que diminui a imunidade pode levar a herpes-zoster. O estresse acorda o vírus.”
A única maneira de prevenir a infecção, que pode ocorrer várias vezes, é por meio da vacinação. O imunizante, contudo, não é 100% eficaz, está disponível somente na rede privada e custa, em média, R$ 450.
Tratamento
A doença pode deixar sequelas, que vão de cicatrizes a cegueira e surdez. Também é comum a neuralgia pós-herpética, conhecida como nevralgia, uma condição dolorosa que é ativada na maioria daqueles que desenvolvem a herpes-zoster e que pode durar vários anos. A condição pode ser tão intensa que afeta movimentos simples, como vestir-se ou levantar-se da cama. É essa dor que Conde ainda conta sentir.
Profissão: ‘sommelier’ de maconha
O tratamento envolve medicamentos antivirais e analgésicos e, quanto mais cedo o paciente buscar o hospital, maior as chances de sucesso. O princípio ativo utilizado para conter a herpes-zoster, o aciclovir, evita a expansão das lesões, mas só tem efeito se tomado até 72 horas após o aparecimento dos sintomas. Por isso, rapidez na busca de ajuda é essencial.
“Após 72 horas, não pode mais usar o remédio, então a demora no diagnóstico pode levar à perda do timing de tratamento. Quando isso acontece, trata-se a dor e as outras características, mas não a doença”, explica Kairalla. Clique aqui para ler mais.