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Sem óculos: a libertadora cirurgia de catarata

Tantas opções não estão disponíveis para boa parte da população. No Sistema Único de Saúde, quase 170 mil pessoas esperam por uma cirurgia de catarata e não têm acesso a lentes de última geração. Foto: Reprodução/Internet

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Este é o relato de Mariza Tavares, da coluna Longevidade: Modo de Usar, de O Globo, da cirurgia de catarata, à qual ela acaba de ser submetida, com resultados que encantaram a autora, principalmente pelo fato de ela poder, depois de tanto tempo, se livrar dos óculos.

Ao ler a coluna, me identifiquei com Mariza. Também já fiz cirurgia de catarata, com total sucesso, há alguns anos. E me lembro da alegria ao constatar que conseguia enxergar tudo com nitidez, sem a ajuda dos óculos.

Mariza lamenta que uma cirurgia tão simples e tão libertadora não esteja ao alcance de todos. “No Sistema Único de Saúde, quase 170 mil pessoas esperam por uma cirurgia de catarata e não têm acesso a lentes de última geração,” afirma ela.

Se você vai fazer a cirurgia, ou já fez, não deixe de ler:

Há cerca de cinco anos, perguntei à minha oftalmologista se valia a pena me submeter a uma cirurgia para corrigir a “vista cansada” (presbiopia) que me obrigava a usar óculos para ler. A resposta foi direta: “espere para quando tiver que fazer cirurgia de catarata e aí se corrige tudo”. Na hora, fiquei impactada com a ideia de que, em breve, estaria sendo diagnosticada com o problema, embora não devesse ter me espantado: à medida que envelhecemos, as chances de ter a doença aumentam. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, surgem cerca de 550 mil novos casos por ano.

Em 2021, num exame de rotina, o diagnóstico chegou: eu tinha uma catarata incipiente. Decidi acompanhar a evolução do quadro, até começar a notar um pequeno embaçamento da visão. Isso ocorre porque o cristalino, que funciona como uma lente atrás da íris e cuja transparência permite que os raios de luz alcancem a retina para formar a imagem, vai se tornando opaco. Também tinha 2.5 graus de presbiopia; astigmatismo (0.75 no olho direito e 1.25 no esquerdo); e hipermetropia (1.75 no direito e 2 no esquerdo). Hoje, 40 dias depois de fazer a segunda cirurgia, tenho um astigmatismo residual de 0.25 e não preciso mais de óculos.

A facectomia com implante de LIO (lente intraocular) do olho direito foi em 12 de julho; a do olho esquerdo, no dia 2 de agosto, num intervalo de três semanas. Esta é uma coluna para compartilhar o que vivi e aprendi na prática:

Apesar de as cataratas em ambos os olhos estarem no estágio inicial (“uma cruz”, como dizem os oftalmologistas), enfatizo a conveniência de fazer logo o procedimento: quanto mais tempo, mais duro vai ficando o cristalino. Também não há necessidade de dar um longo intervalo entre as cirurgias.

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A escolha da lente intraocular depende do orçamento, mas pense nisso como um investimento para garantir sua independência. Optei por uma trifocal, ou seja, com foco para visão de perto, intermediária e de longe. O único inconveniente dessa lente é que, à noite, sinais de trânsito e faróis de carros ficam com um halo semelhante ao que ocorre em dias de chuva – foi minha opção porque a prioridade era me livrar dos óculos. Entre os exames pré-operatórios, a ecobiometria é da maior relevância para determinar o grau da LIO – da acurácia de quem a realiza vai depender um grau residual maior ou menor.

A técnica da facoemulsificação é realizada com ultrassom, mas é possível utilizar o laser para amolecer e fragmentar o cristalino, tornando o procedimento ainda mais rápido. O problema é o custo, não reembolsado pelos planos de saúde. Depois de aspirar o cristalino, o cirurgião insere a lente dobrada, que se desdobra dentro do olho. Embora já enxergasse bem ao voltar da sedação, a visão vai melhorando significativamente com o passar dos dias.

Não usei nenhum tipo de tampão para cobrir o olho operado, apenas óculos escuros. Aliás, indispensáveis, porque sofremos com um certo grau de fotofobia nos primeiros dias.

Utilizei um oclusor durante quatro noites, para evitar dormir sobre o lado operado, e descobri uma segunda função para ele. Como recebi a recomendação de não lavar a cabeça nos quatro primeiros dias – o que, para mim, é intolerável – envolvi o oclusor com filme de PVC, para cobrir os furinhos, e o prendi com esparadrapo micropore no rosto. Funcionou perfeitamente e aproveito para explicar o motivo de não molhar o olho: as bactérias existentes na água de torneira/chuveiro podem provocar uma infecção.

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Quem se submete à cirurgia recebe uma série de orientações, que inclui não fazer movimentos bruscos com a cabeça ou atividade física, mas as caminhadas estão liberadas. Usei sempre óculos escuros para evitar que algum cisco caísse no olho. Curioso é que sexo não entra em nenhuma lista de recomendações. Depois de falar com três médicos diferentes e receber respostas vagas (do tipo “com cuidado”), minha sugestão é fazer um recesso de uma semana.
Os colírios receitados são fundamentais para evitar infecções e desconforto, mas a sensação de ressecamento do olho persiste depois. Compre um bom lubrificante ocular e não se separe dele.

Para as mulheres que, como eu, pintam os cabelos: vá ao salão na véspera ou antevéspera da cirurgia, para não se angustiar com fios brancos. Na minha primeira ida depois da operação, fiquei de óculos escuros na hora da aplicação da tinta, de lavar os cabelos (medo de respingos) e da secagem (que piora o ressecamento da vista).

Tantas opções não estão disponíveis para boa parte da população. No Sistema Único de Saúde, quase 170 mil pessoas esperam por uma cirurgia de catarata e não têm acesso a lentes de última geração. Seguida pela retirada de vesícula, os dois procedimentos respondem pelas maiores filas entre as operações eletivas.

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