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Cada um tem uma visão do envelhecimento. E essa visão reflete, claro, a maneira como a pessoa está envelhecendo.
Alguém que tem problemas de saúde, sente dores, certamente verá de maneira mais negativa a chegada da maturidade.
Já aqueles que conseguem chegar aos 60, 70, 80 anos mais em forma, se sentindo mais saudável, terão uma visão menos do dura do envelhecimento.
Aos 72 anos de vida, eu diria que essa é a melhor fase da minha vida, principalmente pela liberdade de, finalmente, poder ser quem realmente sou. Eu me sinto mais livre. E tenho poucas mazelas de saúde.
Neste artigo, Marcelo Testoni, do Uol, lista 10 vantagens trazidas pela idade.
Leia e veja se você concorda:
Não, o envelhecimento não pode ser encarado como um processo de chegada de dores, limitações e problemas de saúde, apenas. Como já disse a atriz Fernanda Montenegro, 93: “É uma realidade que vai piorar se você achar que é uma desgraça. É da natureza e ponto, vamos tocar a vida”. Montenegro está corretíssima, pois essa fase também traz muitas vantagens.
Parece estranho e demora um pouco para entender, mas é errado acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica, pois se assim fosse teria de ter nascido pronta e ir se desgastando.
Mas isso não ocorre, gente não nasce pronta e vai se desgastando; gente nasce não pronta e vai se fazendo. Portanto, veja a seguir o que esperar de bom mais adiante.
1. Acúmulo de conhecimento
Alguns tipos de conhecimento não reduzem com a idade, mas vão se acumulando, devido à passagem por muitas experiências, como a capacidade de resolver problemas. O acúmulo de conhecimentos específicos e adquiridos com o passar dos anos é chamado pelos médicos de “inteligência cristalizada”, uma biblioteca gigante, e daí que vem a ideia de sabedoria de vida.
2. Mais assertividade
Jovens podem adquirir informação com muito mais facilidade, mas isso não significa que necessariamente vão ter a capacidade de manipular esse conhecimento e tomar decisões corretas. Nesse sentido, pessoas mais velhas solucionam problemas com mais assertividade, pois ao longo de anos amadureceram aprendizados e adquiriram referências e habilidades.
3. Autoconfiança
À medida que os anos passam, a autopercepção e a segurança em si melhoram e isso ocorre dos 30 anos para cima, quando também passamos a nos preocupar bem menos com as opiniões alheias. Segundo um estudo recente da Universidade de Berna, na Suíça, a autoestima alcança seu pico por volta dos 60 anos e tende a se manter inalterada por até dez anos.
4. Ganho de tempo livre
Com a chegada da aposentadoria, ou quando se decide reduzir o ritmo e o volume de trabalho por conta do avanço da idade, o que se ganha são menos obrigações e estresse e mais horas livres e disposição para fazer o que quiser. Quem sabe aproveitar, pode usar esse tempo a mais para viajar, praticar exercícios, se dedicar a passatempos, visitar amigos, ler e aprender algo.
5. Novas companhias
Envelhecer anuncia a partida das gerações do próprio convívio, mas também a chegada das novas, o que é vantajoso. Filhos, netos, sobrinhos, sejam crianças ou adolescentes, permitem aprendizados e transmissão de saberes, treinos de habilidades motoras e cognitivas, ganho de senso de utilidade e ainda previnem depressão, sedentarismo e doenças neurodegenerativas.
6. Revisão de atitudes
Já percebeu como é comum idosos serem brincalhões, bons de papo e se levarem menos a sério? Isso acontece quando se compreende como a vida passa rápido e cultivar desavenças, tristezas, desejos reprimidos não vale a pena. Essa reflexão gera comportamentos positivos: serenidade, autocontrole e abertura a experimentações e emoções, o que beneficia relações.
7. Maior resiliência
Quanto mais velho, mais fragilizado? No que se refere ao diagnóstico de doenças, mortes e acidentes, por exemplo, idosos lúcidos, ativos e bem desenvolvidos emocionalmente podem ser que não sejam. Por já terem passado por tantas, costumam ser craques em enfrentar adversidades, sofrimentos e ainda em acalmar e dar bons conselhos a jovens em desespero.
8. Sexo experiente
Se antes dos 30 anos, a probabilidade de insegurança, carências, dúvidas, autossabotagens e relacionamentos tóxicos é enorme, entre os veteranos isso não costuma ser tão frequente. Declínios e mudanças no corpo também passam a ser vistos de forma menos “encanada”, o que contribui para um sexo mais demorado e romântico, maduro, muito além da penetração.
9. Mais autocuidados
Quando se está em uma fase sem rotina de emprego, filhos em casa, pais idosos dependentes de cuidados e, às vezes, viúvo ou divorciado, sobra mais tempo para autocuidados. Mas eles não se aplicam apenas à aparência. É possível regularizar o padrão de sono, fazer refeições com mais calma, não se preocupar tanto com horários, afazeres e desfrutar mais da vida e prazeres.
10. Novas oportunidades
A depender da história de vida, há quem encare o passado como algo positivo ou negativo, e queira conceber um presente ou futuro melhor a partir dessa percepção. Com boa saúde, experiência de sobra, tempo livre, então por que não sonhar e buscar novos propósitos? Pode se querer desde empreender, retomar algo que tenha abandonado até arranjar um novo amor.
Fontes: Cláudia Messias, psicóloga do Hospital Geral de Palmas; Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Paulo Camiz, geriatra e professor de clínica geral no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
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