Maya Santana, 50emais
Parte do movimento negro pode discordar de mim. Mas como mineira, brasileira e afro-descendente quero saudar o filme Vazante, de Daniela Thomas. É imperdível. Não só porque trata de um tema nada explorado pelo nosso cinema, a escravidão no Brasil, como pelo fato de a diretora ter conseguido fazer um filme – passado numa fazenda, em área de diamantes, nas profundezas de Minas Gerais, em 1821 – que nos ajuda a entender melhor o país em que vivemos.
Daniela, que é filha de Ziraldo, foi muito criticada por integrantes do movimento negro, acusada de retratar de maneira superficial a escravidão e os personagens negros. Eu não concordo. Toda brutalidade da escravidão está neste filme, de atmosfera triste, marcado do início ao fim por um imenso silêncio. Os diálogos são curtíssimos e raros. Falam mais os semblantes e olhares.
Com direção de arte primorosa, bela fotografia, Vazante é uma co-produção luso-brasileira. As locações foram feitas na região do Serro, perto de Diamantina, em Minas Gerais. Todo mundo deveria ver esse filme para ter sua própria opinião e, assim, participar da discussão. Eu parabenizo Daniela Thomas.
Veja o trailer: