Maya Santana, 50emais
Mais um artigo mostrando como muitas mulheres estão se libertando do que dita a moda e criando seu próprio estilo. Com mais de 60 anos, elas rompem todas as barreiras do vestir comportado, do jeito tradicional de se trajar. Uma das mais ativas nessa seara é a novaiorquina Iris Apfel, a nonagenária que bota pra quebrar com suas roupas e adereços extravagantes, de cores bem fortes. Com seu estilo único, Iris já fez história: é convidada para eventos, palestras no mundo inteiro. Já esteve, inclusive, no Brasil. Iris e outras mulheres como ela são um retrato de um mundo que envelhece. Vive-se cada vez mais.
Leia o artigo de Savio Drew* para o Correio Braziliense:
Eles são fashion. Pela definição formal, são considerados idosos. Também são influenciadores digitais. Eles são o que se chama em inglês de pleasure growers — grupo de pessoas com mais de 60 anos que deseja aproveitar a vida ao máximo. Gente que conta muitos anos vividos e que estão chamando a atenção na internet pelo estilo e pelo bom gosto. Eles provam que envelhecer não é empecilho para se ter uma vida ativa, libertária e criativa.
Muitas vezes, a moda pode parecer cruel, impondo regras sobre o que está, ou não, em alta. Sobre quem pode, ou não, usar determinada tendência. Porém, esses idosos estão provando que, para encarar a moda com outro olhar, é preciso passar por um processo de autoconhecimento: um movimento interno que é capaz de fazer a gente gostar do próprio estilo, de maneira confortável e segura. Quanto mais seguros, mais capazes de enfrentar a ditadura do “certo ou do errado”, “do pode
Uma forte representante desse grupo é Iris Apfel, 94. Dona de um estilo extravagante e colorido, ela transborda felicidade e autoestima. A estilosa senhora abusa de acessórios grandes que compra em brechós; está sempre presente nas mais importantes semanas de moda e até já fechou parcerias com grandes marcas, como a M.A.C, além de ter assinado uma coleção de óculos com a grife americana eye.bobs.
A decoradora novaiorquina também inspirou um documentário que leva seu próprio nome. Cheia de humor e alto-astral, afirma: “Envelhecer não é para maricas, vou te contar. É muito engraçado!”.
E os representantes da chamada terceira idade, ou os que quase chegaram lá, estão mesmo na moda. Eles usam e inspiram. A estilista Vivienne Westwood, aos 75 anos, provocou ao desfilar para a sua própria marca, na semana de moda de Paris.
Por aqui, no último desfile da Ellus, na São Paulo Fashion Week — Edição 43, a marca apresentou modelos mais velhos, levando mais diversidade para a passarela. Quem fechou o desfile foi o veterano Jorge Gelati que, aos 52 anos de idade, causou alvoroço entre os convidados e virou o assunto da semana.
Outras marcas brasileiras também estão antenadas a essa questão, como a Reserva. A grife masculina, consumida em sua maioria por jovens, tem a política de inclusão como um de seus princípios comerciais. Rony, o fundador da Reserva é defensor da moda sem idade. “Uma jovem pode usar sim o vestido da avó e por que não é permitido o contrário?”, questiona.
Desde 2016, uma das temáticas do mundo da moda é a liberdade de gênero e de expressão. Com toda essa discussão, surge, assim, o movimento ageless (sem idade) que defende: roupa não tem idade. Assim, está na hora de quebrar tabus, levantar a bandeira da liberdade e usar o que te faz bem, independentemente de quantos anos se tem.
* Estagiário sob a supervisão de Flávia Duarte