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Homens vão à terapia em busca de ‘masculinidade mais saudável’

08/08/2022
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Psicólogo Alexandre Coimbra iniciou movimento contra confundir masculinidade com machismo

Maya Santana, 50emais

Eu acredito que faria muito bem a todos se o machismo, responsável pela morte diária de mulheres, fosse substituído por um tipo de masculinidade mais saudável. Essa é a proposta do psicólogo Alexandre Coimbra, um homem com sensibilidade suficiente não só para reconhecer os terríveis malefícios do machismo para a sociedade como um todo, mas também sensibilidade para propor formas de mudar isso. A repórter Rita Lisauskas entrevistou o psicólogo.

Leia a entrevista

O psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, pai de Luã, 11 anos, Ravi, 9 anos e Gael, 4 anos sempre se incomodou com a baixa presença dos homens nos consultórios de psicologia e nas sessões dos tratamentos que conduz como terapeuta de família e de casais. “Você chama o homem para os atendimentos e ele não comparece”, afirma. A culpa, segundo ele, é do machismo, que cobra que o homem seja sempre “forte, focado, destemido” e que vê a terapia como um sinal de fragilidade.

Há um ano e meio o psicólogo, que é mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Chile e um dos especialistas do Programa “Encontro com Fátima Bernardes”, decidiu criar um “grupo terapêutico para homens” que funciona como uma espécie de sessão de terapia em grupo. Os homens que aceitam participar não são obrigados a nada, conta. “Eles não precisam falar se não quiserem, entram e saem a hora que desejarem, não precisam nem se inscrever ou pagar, é só chegar”, explica. E se engana quem pensa que eles usam o espaço para conversar sobre outros assuntos que não os próprios sentimentos. “Os homens chegam com muita demanda, explodindo de necessidade de falar sobre as coisas que não têm espaço no dia a dia”, conta.

Blog: Como nasceu essa ideia de fazer um Grupo Terapêutico de Homens?

Alexandre: Nasceu de um desejo antigo de conversar sobre a transformação de uma masculinidade tóxica para uma masculinidade mais saudável. Há 11 anos eu participo do movimento pela humanização do parto, que é um movimento muito feminino e feminista que me transformou muito a partir da discussão dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher. Eu comecei a ver o quanto a psicologia clínica ainda carecia de um apelo para convidar os homens a participarem desse movimento de transformação. Eu notava que havia várias iniciativas, mas poucas dentro da psicologia. Surgiam Youtubers, blogs e ONG´s falando sobre paternidade, mas meu objetivo era maior: conversar sobre masculinidade. Eu falei com a Vânia (Gato Medeiros, pediatra da Lumus, clínica onde as reuniões acontecem) sobre a ideia de criar o grupo, que desde o início eu queria que fosse gratuito, senão os homens não iriam aparecer. Eu esperava uma ‘meia dúzia de três ou quatro’ na primeira sessão. Mas apareceram 37 homens na primeira reunião.

Blog: Os homens estavam precisando de um espaço como esse?

Alexandre: Eu vou te dar um exemplo: os psicólogos homens são minoria, apenas 12% dos que atendem no Brasil. A profissão que está lidando com o manejo das emoções humanas não tem quase adesão masculina, isso te dá uma noção de como o homem tem dificuldade de lidar com esses sentimentos. Isso sempre foi uma questão para mim. Como terapeuta familiar, às vezes eu precisava da adesão do homem e não conseguia. Você chama o homem para os atendimentos e ele não comparece, existe uma dificuldade dele em cuidar de si, e não só de sua saúde mental, mas da saúde como um todo. Por mais que a ideia de cuidado seja algo bem visto, revela os limites de sua vulnerabilidade, então isso já é um entrave básico. Assumir que o homem fica triste, tem medo e se descontrola toca em todos esses mitos sobre o masculino: você tem que forte, focado, destemido e procurar qualquer apoio de saúde mental é acreditar que se é o oposto disso.

Blog: Os 37 homens que foram à primeira reunião ainda frequentam o grupo?

Alexandre: Em média temos 30 homens em cada reunião, mas já tivemos até 50. O que mais me impressionou na formação desse grupo foi a adesão continua. É um grupo aberto, as pessoas podem chegar a qualquer momento, não tem uma necessidade de permanência, não precisam falar se não quiserem, chegam e saem a hora que desejarem, não precisam nem se inscrever ou pagar, é só chegar. E o grupo está sempre, sempre cheio.

Blog: Esses homens são todos pais?

Alexandre: Não necessariamente. Mas como as reuniões do grupo são dentro de uma clínica de pediatria, muitos homens vêm até nós por causa da clínica. Então eu diria que de 60 a 70% do grupo é formado por pais, mas não necessariamente eles vão às reuniões falar sobre paternidade. O grupo já está em um movimento tão orgânico que os homens vão para lá para falar de várias coisas: das relações com as famílias de origem, de desemprego, hoje em dia há muitos homens desempregados que vêm falar sobre a dor de ir para um lugar invisível socialmente, sobre a dificuldade do arranjo conjugal com uma mulher forte, empoderada, que não se coloca num lugar secundário no casamento e sobre questões da própria sexualidade. A gente tem debatido coisas de todo o tipo do universo masculino.

Blog: Como esse homem raramente fez terapia na vida, como você afirmou, eles levam ao grupo questões antigas para serem discutidas?

Alexandre: Sim, às vezes as questões são de “lá de trás”, da própria infância muitas vezes. Para a maioria é o primeiro contato com psicólogo na vida, é a primeira vez que eles têm a experiência de falar de si com um profissional e para outros homens. É muito interessante como esse movimento acontece. Eu deixo o tema do grupo em aberto, deixo que eles decidam sobre o que querem conversar e a gente vai repercutindo o tema nas histórias dos outros, às vezes a gente discute três ou quatro temas em uma noite. E o mais interessante é que eles são muito sensíveis às histórias. Eu sinto que o maior motor da transformação desses homens é a ressonância com a história do outro – que me toca, me transforma, me comove – e eu, ao me perceber comovido pela história desse outro, começo a olhar para as minhas emoções. Sempre houve uma solidão enorme do homem na lida com as próprias emoções e na elaboração da própria história. Tem feito muito bem a eles conversar com outros homens sobre o que vivem e sentem, algo que não nos foi ensinado a fazer desde cedo.

Blog: Eles fazem essa reflexão, ressentem-se, afirmam que queriam ter falado sobre os sentimentos ainda durante a infância?

Alexandre: Eles fazem sim essa reflexão sim. Dizem “poxa, eu tenho amigos muito próximos, mas eu não tenho coragem de falar algumas coisas com eles!”. Por que os homens não conseguem falar certas coisas com os amigos, com os irmãos, com o pai?

Blog: Por quê?

Alexandre: Porque existe uma imagem projetada pelo homem de que se ele abrir a “Caixa de Pandora” vai ficar exposto à vergonha de ser frágil. E que essa “vergonha” pode se cristalizar em sua imagem social. Mas eles estão percebendo que quando a gente expõe a nossa fragilidade, estamos expondo apenas um estado transitório. “Hoje eu estou muito mal por causa disso” mas, na semana que vem, eu vou ser a pessoa que vou dar apoio pro outro porque eu vou estar melhor. Essa ideia da transitoriedade das emoções está fazendo muito sentido para eles, da transitoriedade que um grupo tem sobre a imagem de uma pessoa. O grande medo do homem é ficar rotulado como uma pessoa frágil.

Blog: Quais são as principais questões desses homens durante a terapia?

Alexandre: Precisamos fazer um recorte de classe: esse grupo é formado ainda por homens da classe média. Não necessariamente brancos, porque temos negros frequentando o grupo, ainda bem, não necessariamente heterossexuais, porque também temos homossexuais e bissexuais. Mas é claramente um grupo de classe média e, por isso, a maioria desses homens teve um pai que não abandonou o lar, que estava dentro de casa, apesar de ausente no cuidado, ou tiveram um pai separado da mãe e que demorou a conseguir estruturar uma relação de cuidado com esse filho. Em média eles contam que não conseguiram acessar esse pai, que se tornou alguém que não conheceu os filhos direito. Essa é a história mais comum. Quando seus filhos nascem, a paternidade que eles começam a desenvolver é muito baseada nessa carência primária, então eles pensam “eu não quero que meu filho tenha um pai ausente, eu quero ser um pai presente”. Eles querem uma paternidade que não seja só provedora, desejam uma paternidade que seja vinculada, interessada na criança. Muitos deles ainda querem só a parte nobre da história, não querem encarar os cuidados mais chatos do cotidiano, preferem ficar com a paternidade de foto do Instagram. A gente fala muito sobre isso. Eu costumo dizer que esse grupo é de desconstrução coletiva do machismo, inclusive minha. Eu aprendo sempre e saio de lá transformado todas as vezes. É de longe uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida profissional.

Blog: Então muitos estão buscando de alguma forma ser um pai diferente daquele que tiveram?

Alexandre: Sim. E quando pensam nos pais que tiveram e nos pais que querem ser, idealizam demais. Eles também estão aprendendo que nunca serão os pais que idealizaram, essa é uma dor que a gente trabalha no grupo. Alguns percebem que estão exercendo uma paternidade mais autoritária do que gostariam, com menos conversa com os filhos do que queriam, percebem “que ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”, como diz aquela música do Belchior. A gente trabalha isso no grupo, conversamos sobre como podemos construir uma paternidade realmente diferente em tempos em que o autoritarismo está parecendo, inclusive, um desejo de uma parte da população. Na construção de uma cultura familiar, como a gente faz frente a isso? Essa tem sido uma pauta muito recorrente.

Blog: Você já tem relatos de pais que participam do grupo que revisitaram coisas com os próprios pais? Muita gente olha para frente, sabe que quer fazer diferente, mas muitos também querem resgatar relações que não foram bem resolvidas do passado?

Alexandre: Muitos contam sobre os rituais de reparação que estão vivendo com os pais, chegam emocionados, surpreendidos pela abertura oferecida pelo pai que agora está na terceira idade, mais sensível e menos endurecido pela vida . Mas o contrário também acontece e eles, se ressentem, ‘poxa, continuo sem saber como acessar meu pai’. É muito emocionante e bonito ver como esses homens estão fazendo questão de reescrever a própria história.

Blog: Claro que você não pode contar a história desses participantes, mas eu queria que você desse exemplos de coisas realmente transformadoras que já aconteceram nesse um ano e meio do grupo.

Alexandre:
Ter homens reunidos conversando sobre as dificuldades que vivem para construírem a vida do jeito que eles acham que deve ser já é revolucionário. Você vê homens que são vistos como bem sucedidos retirarem o terno, literalmente, pendurarem na cadeira para poder chorar suas dores, assumir os seus fracassos e sua responsabilidade no término de relacionamentos conjugais e nas dificuldades que vivem com os filhos.

Blog: Eles não falam sobre futebol, não?

Alexandre: Falam, mas a conversa sobre futebol dura apenas dois minutos (risos). Eles chegam com muita demanda, explodindo de necessidade de falar sobre as outras coisas que não têm espaço no dia a dia.

Blog: Como esse movimento de cuidar de si mesmo reflete na criação dos filhos desses homens?

Alexandre: A grande transformação dessa paternidade é o questionamento dos estereótipos de gênero na educação dos filhos. Essa masculinidade que essa geração de homens foi obrigada a construir e que está buscando a desconstruir agora tem a ver com esses esteriótipos. Eles estão deixando que os meninos brinquem com “coisas de menina”, que façam escolhas profissionais e de amizade que não sejam marcadas pelas molduras rígidas do patriarcado, conversam sobre orientação sexual e identidade de gênero, sobre o pai que pode tranquilamente assumir os cuidados com as crianças e com a casa, o que transforma a relação dessa família, mas que também traz muitos problemas com as gerações anteriores, né, porque eles estão bancando o ônus de ter essa conversa nem sempre agradável com os avós, que querem às vezes impor à família uma pauta mais conservadora.

Blog: Esses homens chegaram ao grupo por iniciativa própria?

Alexandre: Uma coisa muito engraçada é que eles vão, quase sempre, mandados pelas mulheres. Eu faço a divulgação do grupo no Facebook e daí as mulheres começam a marcar os nomes dos maridos. No primeiro encontro a grande maioria vai indicada pela esposa, mas fica por que quer, porque fez sentido.

Blog: Mas já começou a acontecer de um homem aparecer levado por um amigo?

Alexandre: Sim, sim, tem uma história interessantíssima de dois colegas de trabalho que sempre vão juntos para o grupo. Eles contavam como esse processo de transformação do masculino é uma coisa ainda tão difícil para nós. Lá no grupo eles choravam, abriam o coração, depois iam pro bar tomar uma cerveja e voltavam a ser os mesmos machistas de antes. Eles mesmos levaram essa questão ao grupo para a gente conversar. O grupo ainda é um lugar protegido, uma bolha mesmo, como se fosse um estágio onde você fica exercitando um pedaço da sua identidade que ainda é um grande gerúndio, algo que ainda não aconteceu de verdade na sua vida mas, que, aos poucos você vai integrando nas outras esferas da sua vida. Eles se sentiam incomodados de se verem dessa forma, mas esse é o início da transformação. Mesmo que eles continuem com um comportamento mais machista do que gostariam de ter, isso começou a incomodar. E é esse incômodo que mobiliza a pessoa e a leva para uma transformação.

Blog: Já aconteceu do grupo receber mulheres?

Alexandre: No dia das mães a gente fez uma reunião aberta às esposas e muitas foram contar sobre o processo de transformação deles. Foi uma comoção. O que aconteceu nesse dia foi o reconhecimento social da mudança, como um ritual, uma formatura. Isso é muito importante, acho que até precisamos fazer mais vezes.

O “Grupo Terapêutico de Homens” se reúne sempre às terças-feiras, a cada 15 dias, das 19hs às 21hs, na Lumus Cultural. Crianças são bem-vindas. O endereço é Cardoso de Almeida, 1734, Perdizes. A próxima reunião do grupo será no dia 25/09.

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Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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