Maya Santana, 50emais
A co-habitação, ou co-lar, como Bruna Furlani e Lauriberto Pompeu denominam neste artigo para o Estadão, foi idealizada na Dinamarca, nos anos 70. E desde então vem sendo adotada por outros países, como Grã-Bretanha, França, Estados Unidos. -No Brasil, o único projeto de moradia coletiva que conhecemos é o dos ex-professores e ex-funcionários da Unicamp, ConViver, em Campinas (clique aqui para saber mais). Este artigo do Estadão não menciona o projeto de Campinas, mas cita um outro “em um sítio de Atibaia, no interior paulista, para entre 20 e 30 casas, seguindo o modelo americano.”
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A proposta de criar um espaço habitacional de economia colaborativa vem crescendo em vários países. A iniciativa, conhecida como co-lares, termo que vem do inglês cohousing, é uma tendência mundial, como alternativa para incentivar a sociabilidade e novas formas de interação entre idosos. A ideia é oferecer um estilo de moradia em que não há cercas e os moradores são amigos.
Criado na Dinamarca, na década de 1970, o modelo privilegiava a socialização e a economia compartilhada entre pessoas das mais variadas idades. O arquiteto Charles Durrett foi quem batizou o sistema de “cohousing” e o levou, em 1988, para os Estados Unidos. O país já conta com 11 habitações do tipo e o Canadá, 14. No Reino Unido, a prática começou a ser desenvolvida no fim dos anos 1990 e atualmente há 19 comunidades construídas.
Uma delas é a Older Women’s Cohousing (OWCH), um grupo de mulheres da Inglaterra com idade entre 50 e 87 anos, que criou uma comunidade de moradias exclusivamente para a terceira idade, em dezembro de 2016. O empreendimento é composto por 25 apartamentos individuais com espaços comunitários para atividades em grupos, como jantares e sessões de filme. No local, o lema é permanecer em atividade e ser independente. Na OWCH, todas as decisões são tomadas em consenso nas reuniões da comunidade.
A arquiteta Lilian Avivia, de 68 anos, que em 1988 foi uma das primeiras a falar sobre arquitetura para a terceira idade, aponta que a característica colaborativa auxilia as necessidades dessa população. “Geralmente, nesse tipo de lugar, as pessoas são próximas umas das outras e podem se apoiar mutuamente em momentos de instabilidade”, conta Lilian.
Ela também destaca que, como as pessoas moram perto umas das outras, não há necessidade que cada casa tenha cômodos como lavanderia, quarto de hóspedes e biblioteca, já que os espaços podem ser compartilhados entre os moradores. Além de fornecer alternativas para as necessidades físicas de pessoas com mais de 60 anos, os co-lares também ajudam no convívio entre as pessoas que fazem parte da comunidade, ao diminuir a sensação de solidão, algo que precisa estar contemplado nas soluções habitacionais.
Embora atenda a necessidades de pessoas acima de 60 anos, o projeto habitacional de co-lares não se restringe a essa geração. Segundo o criador do Centro de Estudos da Economia da Longevidade, Jorge Félix, o modelo é mais abrangente. Geralmente, envolve um grupo de arquitetos que faz a planta com o objetivo de atender também a uma filosofia voltada ao meio ambiente.
Ele diz que no Brasil ainda não há experiência privada de cohousing, principalmente pela dificuldade de aquisição de um terreno. O mais próximo, segundo ele, Há apenas uma iniciativa para que seja criado um co-lar em um sítio de Atibaia, no interior paulista, para entre 20 e 30 casas, seguindo o modelo americano.