Maya Santana, 50emais
Fernanda Montenegro está fazendo aniversário hoje. Estou sempre postando artigos sobre ela aqui no 50emais, porque me incluo entre as suas grandes admiradoras. Ela chega aos 88 anos de vida como a maioria de nós sonha chegar: lúcida, muito bem fisicamente e em plena atividade. Toda vez que uma pessoa mais velha que trabalha faz aniversário tem sempre alguém para perguntar se ela está pensando em se aposentar. Não foi diferente neste texto de Gustavo cunha, publicado pelo Globo hoje, para marcar a data. “Enquanto eu falar, andar e concatenar meus pensamentos, estarei trabalhando”, respondeu bem humorada a grande atriz, que se prepara para lançar sua autobiografia no ano que vem.
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Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” Os versos são de “Motivo”, poema de Cecília Meirelles, mas poderiam ser personificados em Fernanda Montenegro. Aniversariante desta terça-feira, a atriz que entoa melodias para se manter sã e tranquila em tempos difíceis, também escreve sua primeira autobiografia.
— Acordo e canto. Tem que ser assim: acordar e já cantar. Se não, não tem jeito — diz
Aos 88 anos, Fernandona, que tem participação em mais de 30 obras televisivas e e mais de 40 cinematográficas, ensaia sua primeira produção literária textual — neste ano, ela também lançou uma fotobiografia.
— Vou escrever coisas do meu sentimento. Falar a palavra “biografia” tem uma ambição enorme. São memórias de uma atriz de quase 90 anos, com 75 anos de vida pública. Aí só serão lembranças. A escrita de lembranças. Está tudo sendo pensado e elaborado — explica.
No início deste mês, a artista levou a leitura “Nelson Rodrigues por ele mesmo” ao Rio Grande do Sul. Trata-se de uma adaptação, feita por ela mesma, do livro homônimo organizado por Sônia Rodrigues, filha do jornalista.
— Meu primeiro contato com ele foi em 1959, quando fizemos o grupo Teatro dos Sete. Nelson foi convidado a nos entregar uma peça, e eu fui responsável por arrancar a peça dele, para quem liguei durante quase um ano, duas vezes por semana, para pedir a peça. E, depois, quando ele saiu de um coma, a gente ia visitá-lo, Fernando (Torres, marido de Fernanda, falecido em 2008) e eu pedimos mais uma peça, e ele escreveu “A serpente” — recorda.
Nas horas vagas, nem passa pela cabeça de Fernandona a palavra “aposentadoria”:
— Enquanto eu falar, andar e concatenar meus pensamentos, estarei trabalhando (risos). Tem uma hora que deverá começar a falhar, entendeu? Não é só uma vontade, pois tem uma realidade que preciso enfrentar. Até chegar lá, enquanto essa realidade me permitir trabalhar… Ah… Vão ter que me aguentar! (risos) Tem muita gente da minha idade trabalhando maravilhosamente bem.