Sempre achei que o maior ganho do envelhecimento é a liberdade que a gente adquire para ser quem a gente, verdadeiramente, é. Atingimos um grau de independência que nunca experimentamos antes – uma das bênçãos do envelhecer. Numa enquete realizada por Silvia Ruiz, do blog Ageless, do Uol, com mulheres maduras, a maioria delas alegou medo de perder a liberdade como um dos motivos pelos quais não estão em busca de um companheiro.
Outras, alegaram a “falta de homens bacanas” para o fato de preferirem seguir sozinhas do que mal acompanhadas. Entrevistada há poucos dias, a atriz Sharon Stone (brilhando na série Ratched, do Netflix) deu a mesma justificativa para sua “solterice” aos 62 anos, no auge da beleza: “Prefiro curtir sozinha ou com meus filhos e amigos”, disse ela. Embora afirmando que o homem está atrasado em relação à mulher, a atriz não esconde que gostaria de manter encontros casuais.
Leia o artigo de Sílvia Ruiz
“Não namoro mais. Já deu para mim.” A declaração é de ninguém menos que Sharon Stone. Aos 62 anos, a atriz disse que não quer mais saber de homens em um bate-papo com Drew Barrymore em seu talk-show na última semana.
Mas o que faz uma das mulheres mais deslumbrantes e sexy de Hollywood de todos os tempos fechar as portas para os encontros? “Homens não são sinceros e não valem meu tempo. Prefiro curtir sozinha ou com meus filhos e amigos”, disse ela.
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E foi além: “Eu não preciso de mais um ‘filho’, não quero joguinhos. Não sei como dizer isso de maneira politicamente correta, mas eu não sinto que os homens estejam no mesmo ritmo das mulheres neste momento. Eu tenho bons amigos homens, mas acho que, quando falamos de maturidade em relacionamentos, homens e mulheres estão em posições diferentes.”
Vale lembrar que, no final do ano passado, a atriz foi banida do app Bumble (uma espécie de Tinder) porque usuários desconfiaram que o perfil dela era falso. Sim, Sharon é gente como a gente e também já procurou companhia num app de relacionamentos como uma simples mortal.
Essa declaração da atriz me chamou atenção por dois motivos. Primeiro pela coragem de assumir publicamente que prefere ficar só do que mal acompanhada. A gente sabe o quanto mulheres são julgadas quando estão sem um companheiro ao lado (“encalhada”, “ficou para tia”, “ninguém deve aturá-la”, etc).
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Segundo pelo fato de ela não negar que gostaria de namorar ou ter encontros casuais (do contrário não teria entrado no app, né?), mas que não está disposta a pagar qualquer preço por isso.
Fiz uma enquete informal com seguidoras no Instagram (me siga lá também @silviaruizmanga) que me surpreendeu. Perguntei para as mulheres com mais de 50 se elas buscavam encontros com homens. A maioria, 58%, disse que não. Os motivos alegados foram vários: dificuldade de achar homens “bacanas”, medo de perder a liberdade ou “falta de paciência” para relacionamentos foram alguns dos mais apontados.
Me parece que essas mulheres têm em comum a valorização da liberdade adquirida com a maturidade antes de mais nada. De acordo com dados do IBGE, entre os anos de 2000 e 2010 a média de divórcios entre pessoas acima de 50 anos cresceu 28%.
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Esse aumento é seis pontos percentuais maior do que o registrado entre os casais mais jovens (de 20 a 50 anos). Também segundo o IBGE, as mulheres lideram os pedidos de divórcio no Brasil. Ou seja, tem muito mais mulheres maduras optando pelo fim do relacionamento hoje do que acontecia do passado.
Um estudo da Universidade de Stanford, nos EUA, do sociólogo Michael Rosenfeld, mostra que a porcentagem de mulheres heterossexuais solteiras que tiveram pelo menos um encontro nos 12 meses anteriores foi de 50% para mulheres de 20 anos, 20% aos 40, e apenas 5% aos 65. Ou seja, os encontros casuais também caem drasticamente na maturidade.
Para Mirian Goldenberg, antropóloga da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na maturidade as mulheres costumam dar mais valor à própria liberdade do que ao casamento ou à família. “Mulheres de 75 anos dizem para mim: ‘Eu não quero mais casar, só quero dar beijo na boca’.
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Uma das mulheres com quem conversei no Instagram, Paula, é uma delas (ela prefere não divulgar o nome completo). Aos 58 anos, diz que aprendeu a curtir ficar sozinha depois de se divorciar há 3 anos de um casamento de 30.
“Comecei a estudar inglês, fiz várias viagens sozinha e com amigas, é uma liberdade que eu não tinha como casal. Não é que eu não queira ter encontros ou até namorar. Mas só se valer muito a pena. Resolvo minha sexualidade muito bem com um vibrador”, diz ela, entre risos.
“Lógico que é gostoso viver um romance, mas a gente fica mais seletiva. Quando era mais jovem aguentava vários relacionamentos equivocados para não ficar sozinha. Isso acabou, com a maturidade a gente ganha liberdade e autonomia. Já me aventurei em alguns encontros casuais com homens que encontrei no Tinder, mas fico só nisso mesmo.”
Pelo jeito aquela história de “antes mal acompanhada do que só” do hit Mesmo Que Seja Eu de Erasmo Carlos, virou mesmo coisa do século passado.
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