Morreu nesta quinta-feira, aos 91 anos, no Rio de Janeiro a cantora Elza Soares. A família informou que ela morreu em casa, de causas naturais. Elza, mulher das mais valentes, teve uma vida única. Nenhum adjetivo que se use para qualificá-la seria suficiente. Como afirma este artigo, publicado pelo jornal O Globo, logo após a morte da sambista, “num país conhecido pelas imensas cantoras que a música popular produziu, Elza Soares foi, entre elas, a que teve a trajetória mais inacreditável: nascida na favela carioca de Moca Bonita (hoje Vila Vintém), foi mãe pela primeira vez aos 13 anos, aos 15 já tinha passado pela perda de um filho e aos 21 era viúva. Cantava para não enlouquecer”
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“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz o comunicado, assinado por Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e a equipe da cantora.
Garrincha, marido de Elza entre 1966 e 1982 e grande amor da vida da cantora, também morreu num dia 20 de janeiro, no ano de 1983.
Considerada uma das maiores cantoras da história da música brasileira, Elza Gomes da Conceição começou a cantar no fim do anos 1950 e início dos anos 1960. Em toda a carreira, foram 24 álbuns, entre samba, jazz, com pitadas de hip hop, música eletrônica e funk.
Veja elza aqui, em 1965:
Num país conhecido pelas imensas cantoras que a música popular produziu, Elza Soares foi, entre elas, a que teve a trajetória mais inacreditável: nascida na favela carioca de Moca Bonita (hoje Vila Vintém), foi mãe pela primeira vez aos 13 anos, aos 15 já tinha passado pela perda de um filho e aos 21 era viúva. Cantava para não enlouquecer, e a história que se tornaria a mais lendária de sua biografia aconteceu em 1953, quando foi tentar a sorte no programa “Calouros em desfile”, apresentado na Rádio Tupi por Ary Barroso. Diante da moça acanhada, em trajes humildes, Ary perguntou: “De que planeta você veio?” E Elza: “Do seu planeta, seu Ary! Do planeta fome!”
E com fome foi que Elza Soares agarrou a chance no rádio, os trabalhos como crooner nas boates do Rio e as primeiras viagens para a Argentina, até que em 1959 veio a oportunidade de gravar o seu primeiro disco, um 78 rpm ainda, com “Se acaso você chegasse” (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) e “Mack the knife”. Em 1960, ela estava em São Paulo, no Festival Nacional de Bossa Nova, realizado no Teatro Record, e na Boate Oasis. E a partir daí gravou seus primeiros LPs, “Se acaso você chegasse” (1960) e “A bossa negra” (1961), um marco da música popular brasileira.
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Brasileira, negra e pobre, com todo o fraseado cheio de balanço que o bom samba requer, mas também com o conhecimento dos caminhos sinuosos e sedutores do jazz (e uma voz que se transmutava em trompete sem qualquer esforço), Elza era uma cantora que se comunicava com facilidade mas dificilmente era explicada. Ao longo dos anos 1960 e 70, ela esteve umbilicalmente ligada ao samba – em especial o da gafieira, ao qual ela apimentava os metais com a sua voz – e gravou discos de grande sucesso, alguns em parceria com grandes nomes do suingue nacional, como o cantor Miltinho e o baterista Wilson das Neves.
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