Ingo Ostrovsky
50emais
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Tem mulher operando guindaste. Tem mulher defendendo penalti. Tem mulher dirigindo taxi. Pilotando avião. Prospectando petróleo no pré-sal. Tem mulher no sertanejo. Tem mulher no funk. Tem mulher embaixo do edredom no horário nobre. Tem mulher traficando drogas, fumando maconha, cheirando pó, vendendo crack. Tem mulher no Exército. Na Marinha. Na Aeronáutica. Na PM, do lado certo e do lado errado. Tem mulher fazendo churrasco. Falando palavrão. Tem até mulher coçando o saco!
Sabe onde falta mulher? Na Política!
Repara nessa crise da Ucrânia: você não ouviu nenhum nome de mulher nesse tabuleiro maluco em que se transformou a política internacional. Cadê Margaret Thatcher? Angela Merkel? Cadê a prefeita de Paris? A primeira-ministra da Nova Zelândia? Benazir Bhutto? Golda Meir? Indira Gandhi? Simone de Beauvoir? Hillary Clinton? Madonna? Lady Gaga?
Na quinta-feira, quando os homens estavam soltando bombas e foguetes na fronteira da Rússia com a Ucrânia, eu li que a Yasmin Brunet comentou uma foto do ex-marido. Quantos exércitos tem a Yasmin Brunet? Quantos deputados ela controla? Que verbas ela pode disponibilizar para garantir a paz na região? Quantas mulheres da OTAN a Yasmin conhece? Há mulheres na OTAN?
Nós temos a Marieta Severo, essa sim. Falou melhor do que muito político no belo documentário sobre sua comadre Nara Leão. Deu voz a uma porção de guerreiras, as que realmente acreditaram ser possível mudar o mundo e agiram nessa direção, com coragem, com afeto, com amor para dar e muito amor para receber, com clareza de pensamentos. Ah! As armas de Marieta! Para certas mulheres, fazer política é simplesmente viver!
Por que será que tantas mulheres deixam de se interessar por política? A pergunta é essa mesma, a frase está certa. Tem tanta mulher nesse Brasilzão… como é que é tão pequeno o número delas na política? Tem mais brasileiras do que brasileiros e tem mais eleitoras entre os aptos a votar.
O BBB andou discutindo o uso correto de “eles” e “elas” neste século 21. O vocábulo “traveco”, consagrado no ‘bas fond’ das nossas metrópoles, caiu em desuso, travestiu-se de pejorativo, nem deu tempo de chegar ao Houaiss! Ficou faltando falar de mulheres e política, há espaços vazios e faltam fêmeas para preenchê-los.
Nas últimas eleições legislativas, a presença de mulheres na política virou notícia pelos motivos errados. Você deve se lembrar: ouviram-se acusações de que houve irregularidades na definição das cotas femininas am alguns partidos e teriam ocorrido desvios no butim de 30% dos recursos do fundo de campanha para candidaturas femininas.
Esse Fundão, para as eleições deste ano, aumentou. Tomara que aumente também o interesse das mulheres na política.
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