• Anuncie no Site
  • Contato
No Result
View All Result
Newsletter
50emais
  • Início
  • Saúde
    Fortaleça os ossos após os 50 e previna a osteoporose com estas vitaminas

    Fortaleça os ossos após os 50 e previna a osteoporose com estas vitaminas

    Dr. Dráuzio Varella: Como fazer para evitar a demência, que só avança

    Dr. Dráuzio Varella: Como fazer para evitar a demência, que só avança

    Para mostrar que é possível vida saudável com Alzheimer, ela vai caminhar 5 mil km

    Para mostrar que é possível vida saudável com Alzheimer, ela vai caminhar 5 mil km

    SUS dá início a processo para oferecer vacina contra herpes-zóster em sua rede

    SUS dá início a processo para oferecer vacina contra herpes-zóster em sua rede

    Como combater as alergias respiratórias, tão comuns no outono

    Como combater as alergias respiratórias, tão comuns no outono

    Tem mais de 50 anos? Estas são as vacinas que você precisa tomar

    Tem mais de 50 anos? Estas são as vacinas que você precisa tomar

    Você consegue ficar de pé numa perna só?

    Você consegue ficar de pé numa perna só?

    Campanha de vacinação contra gripe já começou. Não deixe de se vacinar

    Campanha de vacinação contra gripe já começou. Não deixe de se vacinar

    Herpes-zóster, doença que pode até matar, cresce entre maiores de 50

    Herpes-zóster, doença que pode até matar, cresce entre maiores de 50

  • Moda
    A noite mais aguardada para os amantes do universo da moda decepcionou

    A noite mais aguardada para os amantes do universo da moda decepcionou

    Moda depois dos 50: trajes para todos gostos

    Moda depois dos 50: trajes para todos gostos

    “Eu não sabia que poderia causar tanto impacto nessa idade”

    “Eu não sabia que poderia causar tanto impacto nessa idade”

    Com a chegada do frio, vestido com botas é uma boa pedida

    Com a chegada do frio, vestido com botas é uma boa pedida

    Glória Kalil: como usar salto baixo com roupa de noite

    Glória Kalil: como usar salto baixo com roupa de noite

    Moda: estampas para o inverno 2024

    Moda: estampas para o inverno 2024

    Moda: valorização de modelos acima dos 60

    Moda: valorização de modelos acima dos 60

    Dicas de trajes para você que chegou aos 50

    Dicas de trajes para você que chegou aos 50

    Vai usar branco no réveillon? Veja o significado das cores

    Vai usar branco no réveillon? Veja o significado das cores

  • Cultura
    Envelhecimento populacional do país só começou a ser estudado na década de 1970

    Envelhecimento populacional do país só começou a ser estudado na década de 1970

    Além de atriz premiada internacionalmente, Fernanda Torres é escritora e pintora

    Além de atriz premiada internacionalmente, Fernanda Torres é escritora e pintora

    Antes do Oscar Fernanda Torres já sabia que estava fazendo história

    Antes do Oscar Fernanda Torres já sabia que estava fazendo história

    O Último Azul, mais um filme brasileiro faz sucesso lá fora

    O Último Azul, mais um filme brasileiro faz sucesso lá fora

    Fernanda Torres em capa de revista americana: ‘A queridinha de Hollywood’

    Fernanda Torres em capa de revista americana: ‘A queridinha de Hollywood’

    Somente este filme pode tirar o Oscar de “Ainda Estou Aqui”

    Somente este filme pode tirar o Oscar de “Ainda Estou Aqui”

    Não é a idade que nos define

    Não é a idade que nos define

    Crítica inglesa diz que Fernanda Torres e Demi Moore embolaram disputa do Oscar

    Vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro ajuda na busca do Oscar

    Vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro ajuda na busca do Oscar

  • Intercâmbio e Turismo
    Tem mais de 50 anos e quer fazer intercâmbio no exterior? Veja aqui

    Tem mais de 50 anos e quer fazer intercâmbio no exterior? Veja aqui

    Tudo o que você precisa saber sobre intercâmbio acima dos 50 anos

    Tudo o que você precisa saber sobre intercâmbio acima dos 50 anos

    Venha melhorar o seu francês neste intercâmbio na França

    Venha melhorar o seu francês neste intercâmbio na França

    Melhore seu italiano fazendo intercâmbio de duas semanas em Roma ou Florença

    Melhore seu italiano fazendo intercâmbio de duas semanas em Roma ou Florença

    Intercâmbio em Malta: experiência única para você que passou dos 50 anos

    Intercâmbio em Malta: experiência única para você que passou dos 50 anos

    Venha fazer intercâmbio na França com a Viagens 50emais

    Venha fazer intercâmbio na França com a Viagens 50emais

    Viagens 50emais: intercâmbio em Dublin, na Irlanda, feito especialmente para você

    Viagens 50emais: intercâmbio em Dublin, na Irlanda, feito especialmente para você

    Intercâmbio em Malta: experiência perfeita para você que tem mais de 50 anos

    Intercâmbio em Malta: experiência perfeita para você que tem mais de 50 anos

    Venha fazer intercâmbio na Espanha com a Viagens 50emais

    Venha fazer intercâmbio na Espanha com a Viagens 50emais

  • Entrevistas
    O ser humano não vive mais do que 120 anos

    O ser humano não vive mais do que 120 anos

    ‘O grande ensinamento dos pacientes é viver o hoje’

    ‘O grande ensinamento dos pacientes é viver o hoje’

    Cuidado! Ficar sentado muito tempo danifica a coluna

    Cuidado! Ficar sentado muito tempo danifica a coluna

    ‘A idade me trouxe a clareza do viver’

    ‘A idade me trouxe a clareza do viver’

    Isabel Allende sobre 3º casamento aos 70: O amor é o mesmo, mas as necessidades são diferentes

    Isabel Allende sobre 3º casamento aos 70: O amor é o mesmo, mas as necessidades são diferentes

    Live discute ‘dependência afetiva’, mal que causa grande sofrimento e afeta milhões

    Live discute ‘dependência afetiva’, mal que causa grande sofrimento e afeta milhões

    Lucinha Lins sobre a libido na terceira idade: “Não fica ruim, mas diferente”

    Lucinha Lins sobre a libido na terceira idade: “Não fica ruim, mas diferente”

    Símbolo sexual, Luisa Brunet chega aos 60 anos em seu “melhor momento”

    Símbolo sexual, Luisa Brunet chega aos 60 anos em seu “melhor momento”

    Para melhorar o cérebro, você tem que cuidar do espírito

    Para melhorar o cérebro, você tem que cuidar do espírito

  • História de Vida
    Morre Francisco, primeiro papa latino-americano da história

    Morre Francisco, primeiro papa latino-americano da história

    Ela foi a primeira brasileira a investir na bolsa, no século 19

    Ela foi a primeira brasileira a investir na bolsa, no século 19

    Novo capítulo na trajetória extraordinária, desconhecida, de Chica da Silva

    Novo capítulo na trajetória extraordinária, desconhecida, de Chica da Silva

    Aos 59, Fernanda Torres é a nova musa do verão

    Aos 59, Fernanda Torres é a nova musa do verão

    Ela vai celebrar os 70 anos nadando 10 km por dia durante uma semana

    Ela vai celebrar os 70 anos nadando 10 km por dia durante uma semana

    Ex-jornalista volta à faculdade e torna-se  psicóloga aos 59 anos

    Ex-jornalista volta à faculdade e torna-se psicóloga aos 59 anos

    Costanza Pascolato: Nunca dormi no mesmo quarto que meu marido

    Costanza Pascolato: Nunca dormi no mesmo quarto que meu marido

    Aos 92, escritora Ruth Rocha fecha contrato com editora até 108 anos

    Aos 92, escritora Ruth Rocha fecha contrato com editora até 108 anos

    Lucinha Lins:  “Quando olho para trás, penso: ‘Como consegui?’

    Lucinha Lins: “Quando olho para trás, penso: ‘Como consegui?’

  • Comportamento
    Por que a morte do Papa Francisco me abalou tanto

    Por que a morte do Papa Francisco me abalou tanto

    Cronista do 50emais denunciou há quase 2 meses golpe contra aposentados e pensionistas

    Cronista do 50emais denunciou há quase 2 meses golpe contra aposentados e pensionistas

    Papa Francisco: “A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo”

    Papa Francisco: “A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo”

    Deixada pelos filhos num asilo, ela chora: ‘Por que será que não me querem mais?’

    Deixada pelos filhos num asilo, ela chora: ‘Por que será que não me querem mais?’

    Está nascendo um novo homem?

    Está nascendo um novo homem?

    Ele criou uma floresta em plena São Paulo e é conhecido como ‘plantador de árvores’

    Ele criou uma floresta em plena São Paulo e é conhecido como ‘plantador de árvores’

    O número de uniões entre pessoas com mais de 60 anos está aumentando. Foto: Freepik

    Benefícios do Relacionamento amoroso na maturidade

    Vai se casar pela segunda vez? Olha o que diz Glória Kalil sobre a etiqueta

    Vai se casar pela segunda vez? Olha o que diz Glória Kalil sobre a etiqueta

    Série mais vista da Netflix, “Adolescência” será exibida nas escolas britânicas

    Série mais vista da Netflix, “Adolescência” será exibida nas escolas britânicas

  • Vida Financeira
    Envelhecimento: o desafio de planejar suas finanças

    Envelhecimento: o desafio de planejar suas finanças

    Especialistas dão dicas de como se proteger contra golpes financeiros

    Especialistas dão dicas de como se proteger contra golpes financeiros

    Quatro décadas de trabalho garantirão outras três após a aposentadoria?

    Quatro décadas de trabalho garantirão outras três após a aposentadoria?

    Antecipação de 13º salário: o que fazer com o dinheiro?

    Antecipação de 13º salário: o que fazer com o dinheiro?

    Aos 64, ela já viajou por 64 países e ensina como economizar

    Aos 64, ela já viajou por 64 países e ensina como economizar

    Aposentados: 1ª parcela do 13° salário sai nesta quarta, 24 de abril

    Aposentados: 1ª parcela do 13° salário sai nesta quarta, 24 de abril

    A difícil tarefa de fazer uma reserva financeira para a velhice

    A difícil tarefa de fazer uma reserva financeira para a velhice

    Maioria dos Idosos não considera aposentadoria suficiente para viver

    Maioria dos Idosos não considera aposentadoria suficiente para viver

    Live discute o Desenrola Brasil, programa que ajuda a limpar o nome

    Live discute o Desenrola Brasil, programa que ajuda a limpar o nome

Fafá de Belém: “A partir dos 50, vão vestindo uma capa de invisibilidade na gente”

08/08/2022
Compartilhe no FacebookCompartilhe no TwitterCompartilhe no WhatsappCompartilhe no LinkedinCompartilhe no TelegramCompartilhe com QRCODE
 width=
A minha sorte é que eu nunca nem soube a minha idade direito, quem dirá a dos outros. Hoje em dia, tem tantos recursos: vitaminas e tratamentos para manter a saúde. Foto: Internet

50emais

Nesta longa entrevista concedida a Isabela D’Ercole, colaboradora do Uol, Fafá de Belém volta a um tema sobre o qual tem falado com frequência: etarismo, ou preconceito de idade, que também é chamado de idadismo ou ageísmo. Aos 65, a cantora, morando entre Portugal e o Brasil, lamenta que os impecilhos na vida da mulher começam no início do envelhecer, por volta dos 50 anos. E a luta continua e se intensifica quando a mulher decide assumir os cabelos grisalhos. Fafá foi uma das muitas celebridades que aproveitaram o isolamento imposto pela pandemia para deixar os cabelos brancos aparecer. “Meu cabelo está mais forte e volumoso, cresceu muito mais. Lindo! Isso manda uma mensagem para outras mulheres. Faz pensar: você pinta o cabelo para agradar a quem? Por quem você se enche de química? – pergunta ela.”

Leia:

“Eu nunca soube a minha idade direito”, brinca a cantora Fafá de Belém ao justificar por que não se apega a rótulos ou padrões etários. Os números só vêm à tona quando o motivo é celebrar, como agora, com a proximidade da comemoração dos 50 anos de carreira, em 2024. A paraense de 65 anos está bem cheia de vida e planos. Morando entre Portugal e o Brasil, ela topou o convite para ser jurada da nova temporada de The Voice +, programa de talentos da TV Globo para artistas acima dos 60 anos que chega ao final da temporada neste domingo (3). “Quero chegar aos 90 como a Marcília, com a voz e a dignidade dela”, ressalta, citando uma participante do reality.

Um gostinho da apresentação de Marcília Queiroz que tanto emocionou Fafá de Belém:

Não só o espaço artístico é importante, como é a oportunidade de Fafá engrossar o coro de uma luta pessoal relevante: contra o etarismo. Foi na pandemia que ela se atentou mais aos sinais de discriminação com sua idade, especialmente na área profissional, quando os patrocinadores pareciam não ter interesse em bancar lives de ninguém da sua geração. “Tem marcas que nos querem no portfólio, mas não tratar de verdade da questão”. Seja na carreira, na imagem – ela exalta lindas cabelos brancos – ou nos relacionamentos, Fafá dá um chega pra lá e qualquer clichê de envelhecimento. “Tesão não acaba, assim como a vontade de ficar junto, o desejo, o arrepio…”, fala, soltando em seguida sua tradicional risada.

Com 15 milhões de discos vendidos, a embaixadora da Unicef na região amazônica, por ações contra a exploração e prostituição de crianças e adolescentes, e realizadora da Varanda do Círio de Nazaré, a maior romaria católica do planeta, mostra que a relevância de suas iniciativas só cresce com o passar dos anos e que ela ainda tem muito o que falar e fazer. Leia a entrevista a seguir:

Pergunta: Você sempre engrossou discursos com os quais se identifica, sem medo da exposição pública. Recentemente, passou a falar de etarismo. O que te incentivou?

Fafá de Belém: A pandemia foi muito importante para isso. Eu queria fazer a minha primeira live e não tinha nenhum patrocinador. Fui batendo de porta em porta e todo mundo estava despejando dinheiro nos mais novos, em quem tem 18, 20 anos. Muito se fala sobre abraçar essa luta, mas, quando vemos, é só para nos ter no portfólio, não existe a vontade de fazer uma mudança real.

A luta contra o etarismo deve ser transversal. Para o mais velho, ela mostra o valor, incentiva a entender que ele ou ela podem, sim, fazer o que quiserem. Para o mais novo, mostra que ele vai chegar nessa idade. Eu falo que vivemos um novo movimento no mundo. Os 60 são os novos 20 (risos).

Você já tinha sofrido esse preconceito em outros ambientes ou situações antes?
A partir dos 50, vão vestindo uma capa de invisibilidade na gente. O ator ou artista escapa mais disso; para a atriz, não tem jeito. A minha sorte é que eu nunca nem soube a minha idade direito, quem dirá a dos outros. Hoje em dia, tem tantos recursos: vitaminas e tratamentos para manter a saúde.

A minha geração tem muita disposição, inquieta, nós já fizemos de tudo. Queimamos sutiã, libertamos as mulheres e até hoje lutamos por espaço. Só que tem uma questão delicada sobre o envelhecimento: uma coisa é você manter sua alegria, outra é virar palhaço, vítima de gracinha. Para ter dignidade, você precisa fazer parte do todo, estar inserida. É complexo lutar contra isso, mas tem uma frase que a Anitta fala agora e que eu sempre disse: o impossível, para mim, não existe. Minha meta é sempre me superar.

E pra namorar e transar aos 50+, o que muda?
Vai ficando mais complexo do ponto de vista dos hormônios, claro. Mas aí recomendo procurar um especialista que deixe tudo do jeito que a gente gosta. Tesão não acaba, assim como a vontade de ficar junto, o desejo, o arrepio… Por exemplo, a primeira vez que vi o Domingos Montagner (1962 – 2016) na TV me deu um calorão! Quase morri, Meu Deus! E agora em Pantanal, acontece o mesmo quando vejo o Renato Góes, o Irandhir Santos.

São homens de carne e osso, tem brilho no olho, é humano. Não fica ali se preocupando com tanquinho, fazendo harmonização facial. Hoje tá todo mundo com a mesma cara. O tesão, a vida, esse fogo interior é mais forte do que qualquer bonitinho com cabelo da moda, ajeitadinho por personal stylist. Eu quero é perder o fôlego!

Rememore:

https://youtu.be/3-4b5AXb9Ig

 

E onde você costuma encontrar esses homens que fazem você perder o fôlego? Já experimentou as redes sociais de namoro, os aplicativos?
Namorar por computador, para mim, não dá! Eu nem sei como entra em Tinder, Instagram, desaprendi a mexer no Twitter. A última rede que eu dominava era o Orkut! Eu falo pouco sobre meus namorados, mas titia tá ok! A descoberta do outro pode acontecer em qualquer lugar – menos na internet, aí eu não consigo entender.

Eu preciso saber do ar que a pessoa respira, do olhar, do calor das mãos que me tocam. Mas também nunca fui de ir em barzinho da moda, balada. Eu gosto mesmo é de viajar sozinha, especialmente para lugares em que ninguém me reconhece. Sempre fui essa pessoa mais reclusa da confusão.

Você sempre teve uma boa autoestima e relação com seu corpo?
Eu nunca fui magra. Sempre tive meu jeito de ser e a minha família, interessantemente, fortaleceu isso. Eles entenderam que eu não era nem seria previsível.

Quando eu cheguei em São Paulo, um produtor me pediu para perder 10 quilos. Eu respondi na hora que não faria aquilo. Eu tinha sido tirada da minha família e sido trazida para cá pra cantar. Eu podia só ir embora. ‘Não preciso de você’, falei. Saí andando com meu cocar, num mau humor. O homem ficou em choque, incrédulo. Mas aí passou a me respeitar, não me pediu mais isso. Eu não conseguiria ser de outro jeito, minha prioridade sempre foi estar bem.

O decote me ajudou muito, foi uma espécie de emancipação, um grito de liberdade. Eu já tive épocas de ficar descalça, de salto, descalça de novo, mas o decote nunca foi embora. Eu tive a ideia de usar o decote depois de ver um filme da Sophia Loren. Ela aparecia maravilhosa na tela e eu pensei: ‘Opa, eu também posso’.

Devia ter uns 12 anos. Fui até a minha mãe, que era uma costureira maravilhosa e mostrei o que eu queria. Ela me falou: ‘Isso é um espartilho e vai cair muito bem em você, porque você tem peito, cintura’. Ela era boa nisso de identificar o que era melhor para cada corpo e não tinha papas na língua. ‘Você está gorda, tem que usar roupas mais fluidas’, ela me falava. Sei que parece cruel, mas também me dava liberdade de usar saião e tudo que me deixava feliz.

Aí ela olhava para mim e falava: ‘Tais uma mulher brasileira, nasceste aqui’. Isso era um baita incentivo para mim, assim como é ouvir, até hoje, que eu ajudei outra mulher a exaltar a beleza do corpo dela, a parar de esconder os peitos. Nós somos cada uma de um jeito, eu sempre fui grandona. Não tem corpo certo ou errado.

Como foi o processo de deixar o cabelo branco? Mudou a relação das pessoas com a sua imagem?
Há uns 5 anos, eu comecei a ver as mulheres deixando de pintar o cabelo e quis copiar. Meu cabelo me dava trabalho, eu tinha que pintar a cada sete dias. Se precisasse viajar, levava a tinta. Era horrível. Quando eu tinha uns 60 anos, falei para a minha cabeleireira que ia parar de pintar e ela não deixou, falou que ia me envelhecer. A pandemia foi quem consolidou a minha vontade. Eu já estava em casa mesmo. E ainda teve o incentivo do papel da Mãe Lua, no filme “Pai em Dobro”, da Netflix. Eu fiz uma xamã e aí eles queriam botar uma peruca. Aproveitei a oportunidade.

Meu cabelo está mais forte e volumoso, cresceu muito mais. Lindo! Isso manda uma mensagem para outras mulheres. Faz pensar: você pinta o cabelo para agradar a quem? Por quem você se enche de química? Se for por você, se você não se sente bem com os fios brancos, ok, siga pintando. Nada deve ser uma imposição, mas que o branco é mais prático de cuidar e muito mais confortável, isso é. Uso apliques, rabos de cavalo brancos para quando quero mudar o visual. Beleza, para mim, é coisa que atravessa os rios, não tem receita. Tem mulher mais linda do que a Maria Bethânia, a Dira Paes? E a Jada Pinkett-Smith? Belíssima. Agora, a Nicole Kidman segue uma ótima atriz, mas está sem expressão. Repito: as pessoas estão ficando todas iguais. Hoje vi uma foto de uma colega e era outra, mas não posso contar quem era (risos)!.

O que você diria para outras mulheres lidando com o etarismo?
Eu gosto muito de me reinventar e de desafios que me deixem imobilizada. Há algum tempo, fui convidada para ser madrinha de um grupo chamado Geração 60+, de Pernambuco, que hoje é uma iniciativa que abraça muitas pessoas dessa idade. Eles me chamaram por causa do meu álbum Do Tamanho do Meu Sorriso (2015), onde eu dizia que tinha me reinventado aos 60.

Esse grupo é de amigos desde a faculdade que foram se acompanhando durante as fases da vida? Quando se casaram, tiveram filhos, nos encontros depois do trabalho. Eles tomavam drinques, viajavam juntos. E aí, com os anos, algumas pessoas foram sumindo da roda, não iam mais jogar carteado. Então, uma das mulheres participantes ligou para convidar para uma excursão para o Atacama, e ouviu a seguinte resposta: ‘Ai, não sei se eu consigo, porque eu tenho que cuidar dos meus netos’. Como assim?

Neto é uma alegria, mas tem que ser um prazer, não obrigação. E aí os filhos tem que ter noção, né. Pessoas com 60 anos têm vidas, sonhos, metas, amigos, planos. Não é porque você fez 60 que a vida acabou e pronto, agora você é babá de neto. Se o seu filho jogou para você essa responsabilidade, saiba que é um baita egoísmo.

Fafá, você já recebeu o apelido carinhoso de Musa das Diretas, quando virou ativista pela defesa da democracia, na década de 1980. Hoje, na situação política que vivemos, com ameaças constantes à democracia, como você se posiciona?

Nos últimos 20 e poucos anos, eu me recolhi muito. Ter sido tão ativa, ter estado presente, me exposto, tomado porrada, me rendeu perseguições e ninguém me deu nenhum apoio. Aliás, até tive algumas oportunidades cortadas. Fui tratada de forma maldosa, desrespeitosa e pessoas da classe artística ou da política não fizeram nada. Fiquei em choque quando fui assistir um documentário sobre as Diretas Já no Canal Brasil e borraram meu rosto. Falaram os nomes de todo mundo menos o meu. Aprendi que, às vezes, a gente precisa dar dois passos para trás e fazer militância na boca pequena.

O que eu defendo com unhas e dentes é a democracia, mas política partidária não faço mais. Tem muita gente querendo fazer, então deixa que façam. Se, em algum momento, eu achar que tenho coisas profundas e pertinentes para falar, entro de novo nessa seara. O Brasil é maior do que tudo isso. Ideologias de esquerda e direita são apenas bases para conversa, elas não podem tender ao extremismo.

O verdadeiro dono do Brasil é o povo e em seu nome o poder deve ser exercido. O governo é para cuidar do povo. Autoritarismo, palavras de ordem, ilusionismos, negacionistas não cabem no Brasil.

Uma das suas lutas mais antigas é pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos povos ribeirinhos. Essa situação piorou nos últimos anos. O que temos que fazer para uma mudança real?
Não foram só nos últimos anos. É uma situação difícil para as comunidades da Amazônia desde que elas existem. A Amazônia vem sendo devastada, roubada pela biopirataria desde sempre. Eu me lembro que meu pai tinha um livro de um alemão, escrito em 1910, que já descrevia árvores da nossa floresta que serviam para curar doenças. Somos imensos, gigantescos.

Só que a Amazônia é uma bandeira fácil de levantar, indígena dá ibope. Agora, olhar para a realidade desses povos ninguém quer. O mercúrio polui as águas amazônicas há muito tempo. Ele é despejado ali em governos de esquerda, direita, centro? Não existe política séria de preservação, de educação do povo. A vontade de salvar a Amazônia não pode depender de publicidade, de mostrar seu trabalho para os outros.

Mas a ancestralidade dos povos ribeirinhos está no rio. É naquela água que eles se banham, que usam para cozinhar, beber. Até hoje, a única pessoa que vi fazer isso foi Don Orani Tempesta, arcebispo de Belém, que se uniu à Cáritas e a um grupo evangélico para ensinar a captar água das chuvas e usá-la em vez da água contaminada de mercúrio.

Por que você se interessou pelo convite para ser técnica no The Voice +?
A música era muito diferente para a minha geração, não sei isso mudou por estratégia das gravadoras. Quando vi esse modelo do “The Voice +”, achei interessante porque resgatava o repertório de grandes autores brasileiros, dos tempos áureos, e também permitia que os artistas com mais de 60 anos se colocassem ali. Eu fiz promessa para as minhas três amiguinhas, Cidinha, Fatinha e Nazinha, me ajudarem a entrar – Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Nazaré. Achei muito corajoso ver ali cantores que tiveram a carreira abreviada por diversos motivos, como a Claudya, o Dudu França e o próprio Zé Alexanddre, que acabou ganhando a temporada passada. É lindo ver que eles estão dando as caras ali com vontade de recomeçar.

Leia também:

Envelhecer é muito diferente para homens e para mulheres

Andréa Beltrão: “O nosso dilema é viver sem medo, sabendo que há um fim”

Marieta Severo: “Eu não me importo com as rugas. O que desejo é lucidez e inteligência”

Inscreva-se e receba o informe Vida Adulta Inteligente do 50emais

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

Verifique sua caixa de entrada ou a pasta de spam para confirmar sua assinatura.

Next Post
Maria Silvia Azevedo falando de alopecia: “Nem cabelinho, nem cabelão”

Maria Silvia Azevedo falando de alopecia: "Nem cabelinho, nem cabelão"

Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

50emais © Customizado por AttonSites | Sergio Luz

  • Anuncie no Site
  • Contato
No Result
View All Result
  • Início
  • Saúde
  • Moda
  • Cultura
  • Intercâmbio e Turismo
  • Entrevistas
  • História de Vida
  • Comportamento
  • Vida Financeira

© 2022 50emais - Customizado por AttonSites.

google.com, pub-6507649514585438, DIRECT, f08c47fec0942fa0
google-site-verification=RdokOpUk5ttGOj7FPy4Cgxiz9sky4_-ws4YYW_Q7YcA
Utilizamos cookies essenciais de acordo com a nossa Política de Privacidade e ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

Canal de atendimento WhatsApp