Márcia Lage
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Gostaria de escrever a crônica deste primeiro dia de 2023 com uma carga de esperança e de fé que contagiasse a todos. Esperança e fé, no entanto, não são palavras positivas, embora pareçam. Revelam a nossa incapacidade de agir, coletiva ou individualmente.
Ter esperança é depositar nas mãos de outrem a mudança que gostaríamos de promover e não podemos, por motivos alheios ä nossa vontade. Fé é ainda pior. Deriva do desespero, que é quando a esperança morre. Sem ninguém a quem recorrer, rendemo-nos ao insondável, agarrados à crença de que uma força superior nos salvará do que nos ameaça.
Esperança e fé são para depois de toda luta. Para depois de fazermos tudo o que podíamos ter feito para obter o que queremos ou precisamos. E que, por força das circunstâncias, não resultou em vitória.
Então, desejo a todos coragem e ação.
Coragem para buscar soluções quando surgirem os desafios, os problemas, as perdas, as desilusões.
Ações que busquem aprimorar a forma como temos administrado nossas vidas, tornando-nos pessoas mais independentes, mais serenas, mais realizadas e satisfeitas.
Desejo, ainda, que sejamos solidários e compassivos. Que possamos ajudar quem precisar de nós e sermos tolerantes com aqueles que não conseguem, não podem ou não querem promover as mudanças necessárias à sua sobrevivência ou ao seu bem-estar.
Peço que tenhamos calma. Que sejamos racionais e pacíficos. Que estejamos desarmados física e espiritualmente. E se amar for pedir demais, que pelo menos não cultivemos o ódio.
Por último, que saibamos esperar a poeira baixar, para vermos mais longe e decidirmos que rumo tomar. Os tempos exigem precaução.
Corrijo o que disse antes. Tenhamos esperança e fé que dias melhores virão ao nosso encontro com a virada do ano.
Façamos a nossa parte. Destemidos, avancemos, abraçando fortemente o futuro, que começa agora!
Um Feliz 2023 para você!
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