50emais
Um artigo interessante e muito útil de Marisa Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, de O Globo, sobre certas partes do nosso corpo, que acabamos por negligenciar.
Muitas vezes, a gente sente, por exemplo, que está escutando menos, mas vai levando. “De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, as pessoas levam em média sete anos para buscar a ajuda de um especialista. O preocupante é que a surdez é a principal causa modificável de declínio cognitivo na velhice,” escreve a autora.
Eu mesma, sentindo dor lombar, só procurei o especialista quando já estava com duas hérnias de disco. Taí algo do qual me arrependo profundamente, não ter dado a devida atenção a essa área do meu corpo.
Veja as outras partes para ficar de olho:
Quem passou dos 40 ou está na casa dos 50 sabe que, a partir da meia-idade, o ideal é fazer um check-up anual que inclua uma bateria de exames. No entanto, a maioria se preocupa, basicamente, com o coração e os níveis de colesterol e glicose no sangue. Já é um ótimo começo, mas algumas partes do nosso corpo costumam não receber a atenção que merecem.
Aqui eu listo cinco delas, que se tornam mais vulneráveis com o envelhecimento:
Olhos
Mesmo quem tem uma visão perfeita deve fazer um check-up oftalmológico anual. Há doenças cuja incidência aumenta com a idade, como glaucoma (principal fator de cegueira irreversível no mundo), catarata, degeneração macular, retinopatia diabética e descolamento da retina. Pacientes diabéticos integram um grupo de risco não só para a retinopatia: a hiperglicemia é comprovadamente um fator desencadeante da catarata.
Dentes e gengivas:
Já publiquei diversas colunas sobre a importância da saúde oral para o organismo. Adultos que sofrem de periodontite, infecção severa que ataca as gengivas – e depois os ossos que sustentam os dentes – têm risco aumentado para hipertensão.
Uma boca doente é uma espécie de “berçário” de agentes inflamatórios que podem se espalhar pela corrente sanguínea.
A produção da saliva, que tem papel relevante na limpeza da cavidade oral, diminui depois dos 50, situação que se agrava com os efeitos colaterais de medicamentos como antidepressivos, diuréticos e anti-hipertensivos. Nesse caso, caprichar na hidratação e higiene, não fumar, evitar bebidas alcoólicas e alimentos condimentados.
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Pés:
Normalmente, a gente só lembra deles quando começam a doer. Depois dos 50, isso é cada vez frequente, após décadas de negligência. Use um creme hidratante e aproveite para massagear a região. As unhas ficam mais frágeis e têm que ser aparadas com atenção, em linha reta e sem aprofundar nos cantos, para não encravarem. Mulheres, descartem os instrumentos de tortura de bico fino e salto alto que estão no armário. Sapatos confortáveis e estáveis devem ter a base larga, para acomodar o pé, e os dedos não podem ficar apertados. Experimente modelos até dois números acima do seu e surpreenda-se com a sensação de conforto.
Quadris e joelhos:
Para o médico Neil Cobelli, do Montefiore Medical Center, em Nova York, essas são partes do corpo bastante vulneráveis:
“Quadris e joelhos são submetidos a um estresse bem maior que os ombros, por exemplo, e a dor tem um impacto grande na qualidade de vida”.
Pessoas que praticam esportes têm mais chances de sofrer lesões nos joelhos que podem exigir cirurgia. Obesidade é outro fator de risco, pelo peso extra que representa.
Ouvidos:
No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões enfrentem um quadro de perda auditiva, 57% acima dos 60 anos, mas o processo pode se iniciar na faixa dos 40 – você não precisa aumentar o volume da TV, mas passa a ter dificuldade de entender o que os outros dizem num ambiente barulhento.
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De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, as pessoas levam em média sete anos para buscar a ajuda de um especialista. O preocupante é que a surdez é a principal causa modificável de declínio cognitivo na velhice. Em entrevista que me concedeu ano passado, a médica Milene Bissoli afirmou:
“Nosso cérebro é feito de conexões e, num quadro de surdez, algumas áreas começam a se conectar menos. Com o tempo, a pessoa passa a ter dificuldades de compreensão e fala”.
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