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Um artigo importante este de Gabriel Batistella e Thaís Manarini, para o Estadão, lembrando a todos nós que passamos dos 60 anos que há várias vacinas que precisamos tomar nessa nossa faixa etária.
Duas delas: contra herpes-zóster, doença que provoca dor lancinante e, se não diagnosticada a tempo, pode levar à morte, e a vacina contra hepatite B. Mas há algumas outras.
É muito importante estar em dia com o cartão de vacinação.
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Quando o assunto é calendário vacinal, automaticamente pensamos nos imunizantes oferecidos na infância – como se, depois dessa etapa da vida, só fosse necessário ficar de olho na aplicação anual da vacina contra a gripe e a covid-19. Mas a verdade é que existe um esquema de imunização específico para outras etapas da vida. Quem passou dos 60 anos, por exemplo, tem vacinas importantes para tomar. Mas, segundo a médica Aline Tavares, da Sociedade Brasileira Geriatria Gerontologia (SBGG), muitas famílias não fazem ideia disso.
A percepção é compartilhada pelo médico Juarez Cunha, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Culturalmente, a população tem a ideia de que as vacinas são só para crianças. Até porque é realmente uma fase em que elas são mais aplicadas”, diz. “Mas temos imunizantes para todas as faixas etárias. Infelizmente, se já vemos uma baixa cobertura vacinal na infância, em outras idades isso é menor ainda, sobretudo por causa de desconhecimento”, avalia.
Ainda de acordo com o médico, todas essas vacinas têm motivo para serem recomendadas para além da infância. Ou seja, dependendo do momento da vida, há risco especial de encarar determinadas doenças preveníveis por imunizantes.
As vacinas indicadas para quem tem 60+
Pneumocócicas (VPC13 e VPP23)
O esquema vacinal protege contra diferentes tipos da bactéria pneumococo, que, segundo informações da SBIm, é responsável por infecções nos pulmões e ouvidos e também por meningite. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pneumonia pneumocócica é uma das principais causas de internações e morte entre indivíduos que passaram dos 60 anos.
Entre as vacinas indicadas, estão a VPC13, que atua contra 13 sorotipos da bactéria, e a VPP23, que mira em 23 sorotipos. Enquanto a primeira proporciona uma proteção mais prolongada, a segunda precisaria de reforço. Por isso, para um maior benefício, o conselho é tomar ambas.
A SBIm indica começar com uma dose da VPC13. Depois de seis a 12 meses, recomenda-se tomar uma dose da VPP23. Em cinco anos, deve-se buscar a segunda dose de VPP23.
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Aline lembra que é comum observar uma maior incidência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e asma, na população idosa. Ao contrair a pneumococo, esses quadros podem ficar descompensados. Mais um motivo para ir atrás desses imunizantes.
Onde encontrar: A VPC13 é oferecida gratuitamente pelo SUS. Já a VPP23 só é oferecida gratuitamente a idosos asilados ou que façam parte de grupos de risco. Ambas estão nas clínicas particulares.
Herpes-zóster
O representante da SBIm informa que essa vacina é sugerida a partir dos 50 anos de idade. Ela protege contra o herpes-zóster, quadro causado por uma reativação do vírus da catapora. “A maioria das pessoas teve catapora na infância e, depois disso, o vírus fica adormecido no sistema nervoso”, explica Cunha. Ele tende a voltar à ativa quando algo prejudica a imunidade do indivíduo – situação mais comum após os 60 anos.
Segundo a SBIm, após essa reativação, o vírus da catapora se desloca pelos nervos periféricos até alcançar a pele. Daí porque o principal sintoma do herpes-zóster são erupções na pele em forma de vesículas. Essas lesões são conhecidas por provocar dor intensa. Em alguns casos, ela pode durar meses e se tornar crônica.
Tríplice bacteriana acelular (dTpa) / dupla adulto (dT)
São duas vacinas diferentes. A primeira protege contra difteria, tétano e coqueluche. A segunda foca na difteria e no tétano. Para quem tem o esquema vacinal básico completo com a dT, oferecido na infância, a dTpa é indicada como reforço em adultos e idosos. Segundo Cunha, se o idoso estiver com o esquema incompleto ou não souber do histórico, aí a indicação é a seguinte: uma dose de dTpa a qualquer momento e completar com duas doses de dT.
A médica da SBGG ressalta a relevância desses imunizantes para a população idosa. “A gente vê muitos acidentes domésticos com materiais perfurocortantes, e eles podem estar enferrujados”, comenta, referindo-se ao risco de tétano. Já a difteria, causada por bactéria que afeta as vias aéreas respiratórias, pode levar a complicações, como problemas neurológicos e cardiovasculares. A coqueluche também é uma infecção respiratória. “Mesmo que a pessoa tenha apresentado a doença na infância, precisa se vacinar a cada 10 anos”, informa Aline.
Onde encontrar: a dT está disponível gratuitamente no SUS. Já a dTpa é encontrada em clínicas privadas.
Hepatite B
Desde 2013 é prescrita para todas as idades, e deve ser aplicada em três doses. De acordo com dados atuais apresentados pelo Ministério da Saúde, entre 1 milhão de pessoas que devem viver com a doença viral no país, somente 264 mil (24%) foram diagnosticadas.
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Entre as formas de transmissão da hepatite B, estão: relações sexuais sem uso de camisinha com pessoas infectadas e compartilhamento de objetos perfurocortantes, como alicates de unha. O grande perigo associado à doença é que ela pode atingir o fígado, causando cirrose e até câncer.
As vacinas a seguir são indicadas em situações muito específicas, como em casos de viagens para locais de risco, surtos ou comportamentos de risco. O médico deve avaliar a necessidade de tomá-las:
Hepatite A
Febre amarela
Meningocócicas conjugadas ACWY ou C
Tríplice viral
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