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Um dia, perto de Natal, minha mãe, de mais de 80 anos, foi visitar uma família amiga. Chegando lá, para sua total supresa, deram para ela um cachorro – um adorável exemplar da raça maltês. Minha mãe ficou tão sem graça, que não soube o que falar e, claro, levou o bichinho para casa.
Nesse caso, não teve problema, porque havia muita gente para cuidar da linda cachorrinha. Mas taí um exemplo de algo com o qual não se presenteia um idoso, a menos que ele ou ela peça. (Aliás, não se dá de presente animal. Não é objeto.. É preciso gostar da criatura).
Equipamentos tecnológicos sofisticados também são inadequados. O idoso recebe o presente e acaba se frustrando, pois não sabe e acha difícil aprender a lidar com a coisa.
Atualmente, como mostra este artigo, há tantas opções úteis, estilosas e estimulantes que não é preciso muito esforço para achar algo que fuja do óbvio.
Leia o texto de Marisa Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado por O Globo:
Há alguns anos, fiz uma coluna com sugestões de presentes de Natal para idosos que já não são tão ativos ou estejam apresentando sinais de declínio cognitivo – aqueles que, invariavelmente, ganham pijamas e camisolas. Hoje em dia há tantas opções úteis, estilosas e estimulantes que não é preciso muito esforço para achar algo que fuja do óbvio. O problema é quando queremos tanto agradar e ser criativos que escolhemos algo que, apesar das boas intenções, não será apreciado e pode causar até frustração. Por isso, dessa vez a lista é diferente: com as lembranças que têm mais chances de dar errado…
Equipamentos tecnológicos de última geração
Apenas uma minoria tem desenvoltura com itens sofisticados, daí a necessidade de avaliar se o presente será bem-vindo. No entanto, há alternativas menos complicadas:
- Celular e tablets simplificados, com ícones grandes, botões de fácil acesso e capacidade de ampliar textos e imagens.
- Porta-retratos digitais com as imagens já disponíveis para entreter a pessoa.
- Assistente de voz programado antes por alguém mais versado em tecnologia e entregue funcionando com as funções básicas: reproduzir músicas, definir alarmes, ler notícias e dar informações sobre o tempo e o trânsito.
Jogos que demandem companhia
Não se pode imaginar que alguém vai se programar para uma visita com o objetivo de passar horas jogando, nem que o cuidador/a tomará a iniciativa. No lugar disso:
- Livros de fotos sobre um assunto que interesse o idoso: imagens históricas do lugar onde nasceu; vida selvagem; animais; flores; esportes; celebridades.
- Cadernos de desenho com lápis e canetas para colorir, caso a pessoa goste de se expressar artisticamente, ou um quebra-cabeça com peças grandes, se esse é um passatempo que ela sempre curtiu. Se não gostava antes, evite.
Presentes que indiquem que o idoso enfrenta algum problema
Mesmo que a intenção seja boa, podem até ofender. Há equipamentos que só se compra depois de uma conversa. Portanto, se ele não se locomove com a mesma estabilidade de antes, não se antecipe e compre uma bengala ou andador, ou um sistema de monitoramento para quedas. Se tiver lapsos de memória, não saia na frente um pacote de exercícios para o cérebro. Não se preocupe, há muitas opções voltadas para o bem-estar:
- Kit de sabonete líquido e difusor, desde que não seja de vidro, para evitar acidentes.
- Tênis confortáveis (não esquecer que se deve comprar um número acima do usado normalmente).
- Luminária de mesa com porta USB, para facilitar o carregamento do celular.
- Almofada para apoio lombar. Há inclusive modelos com massageadores.
- Barbeador elétrico.
Por último, mas não menos importante: pets são adoráveis, mas não recomendados para idosos, que não devem ser sobrecarregados com a tarefa de cuidar de um animal de estimação.
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