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A médica que ajuda pacientes a morrer

Stefanie Green é pioneira entre médicos que oferecem morte assistida no Canadá

13/05/2025
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A médica Stefanie Green é uma das pioneiras em morte assistida no Canadá. Foto: Acervo familiar

50emais

No Brasil, qualquer tipo de assistência médica que facilite a morte do paciente é proibida por lei. Mas no Canadá, país dos mais avançados do mundo, é diferente: a chamada morte assistida é permitida.

A médica Stefanie Green, 56 anos, dedica boa parte de seu tempo a atender pessoas que sofrem de doenças terminais a por um fim à vida. Ela é autora de um livro onde conta suas experiências nessa área da medicina.

Em seu site, Dra. Stefanie declara que, na sua visão, morte assistida não é dar um fim à vida de alguém: “A doença e o sofrimento estão fazendo isso. Entendo (a morte assistida) mais como realizar a vontade da pessoa,” explica.

“Muitas pessoas pensam que o nosso papel como médicos é salvar vidas, estender vidas, e num certo sentido isso é verdade. Mas eu acho que a essência do que um médico faz é ajudar pessoas”, diz Stefanie Green.

Leia a entrevista completa, feita por Mônica Vasconcelos, da BBC News Brasil:

“Então, eles, stá deitado no pátio desse apartamento de cobertura, é um lindo cenário, os amigos à sua volta. Eu estou prestes a administrar os medicamentos, ele segura minhas mãos, olha nos meus olhos e diz, doutora Green, isso vai soar um pouco louco, mas eu acho que você salvou a minha vida. Muito obrigado.”

“Um momento como esse é inesquecível”, diz a médica canadense Stefanie Green. Mas ao contrário do que pode parecer, os remédios que ela, minutos depois, aplicou por via intravenosa no paciente agradecido não eram uma cura milagrosa para a dor insuportável que ele estava sentindo. As drogas eram, na verdade, uma combinação de substâncias que iriam matar o paciente dentro de poucos minutos.

Stefanie Green é pioneira entre médicos que oferecem morte assistida no Canadá. E é autora do livro de memórias This is Assisted Dying (em tradução livre, Isto é Morte Assistida) onde relata suas experiências atuando nesse campo da medicina.

Em seu site, ela declara que, na sua visão, morte assistida não é dar um fim à vida de alguém.

“A doença e o sofrimento estão fazendo isso. Entendo (a morte assistida) mais como realizar a vontade da pessoa.”

Green é casada com um acadêmico brasileiro (que deixou o Brasil aos seis anos de idade), tem dois filhos e vive em Victoria, na província canadense de British Columbia.

No Canadá, a legislação permite a morte assistida há quase dez anos.

O país introduziu inicialmente, em 2016, uma lei que permite a adultos com doença grave e incurável, que causa sofrimento intolerável, em estado terminal, solicitar a morte assistida.

Em 2021, a regra foi flexibilizada para permitir que pacientes não terminais sofrendo de forma que consideram ser intolerável também recebam assistência para morrer.

E há planos para que, dentro de dois anos, adultos com transtornos mentais exclusivamente, sem outras doenças, também possam optar pela morte assistida.

Na entrevista a seguir, Green, que é referência no assunto e se dedica há anos a ajudar pacientes que querem morrer, responde com franqueza e, às vezes, grande emoção, às perguntas da BBC News Brasil.

Por que optou por esse campo da medicina? Como é uma morte assistida? Como ela se sente fazendo esse trabalho? Como ela responde às críticas das pessoas que são contra a morte assistida?

No processo, a médica também explica que métodos são utilizados para levar o paciente à morte e quem se qualifica para receber essa assistência no Canadá.

Atuando nos extremos opostos da vida, do nascimento à morte

“Muitas pessoas pensam que o nosso papel como médicos é salvar vidas, estender vidas, e num certo sentido isso é verdade. Mas eu acho que a essência do que um médico faz é ajudar pessoas”, diz Stefanie Green.

Leia também: Você sabe o que é eutanásia? Ela é permitida apenas em sete países

Em seu depoimento à BBC News Brasil, ela reflete sobre algo que, para muitos, pode parecer uma contradição: a ideia de um médico que decide dedicar sua carreira a ajudar pacientes a morrer.

“Nós ajudamos pessoas a lutar contra doenças, mas com frequência não temos nada a oferecer. Nos deparamos com doenças que não podemos combater com sucesso. E nosso papel não é abandonar os pacientes.”

“Eu acho que o papel do médico é ajudar as pessoas em todos os estágios de suas vidas, e a morte assistida é uma extensão disso.”

Mas quem observa a trajetória da médica ao longo da carreira talvez se surpreenda por ela ter decidido atuar nessa área.

Stefanie Green tem 56 anos. Iniciou sua vida profissional trabalhando como clínica geral e depois foi dar atendimento a mulheres grávidas, fazer partos e acompanhar recém nascidos.

Mais de duas décadas mais tarde, em 2016, quando a lei canadense passou a permitir a morte assistida para cidadãos e residentes no país, Green mudou seu foco de atuação.

Hoje ela dedica 75% do seu tempo a oferecer o que os canadenses chamam de Medical Assistance in Dying (MAID na sigla em inglês) – um termo que poderíamos traduzir como assistência médica para a morte. (Nessa reportagem, usaremos o termo morte assistida.)

O que levou a médica a deixar de ajudar bebês a nascer para ir ajudar adultos a morrer?

Green explica, antes de mais nada, que vê muita similaridade entre as habilidades requeridas de médicos que atuam no início e no fim da vida do paciente.

Para ela, tanto no nascimento quanto na morte de alguém, o papel do médico é ser um guia em um processo natural.

Leia também: Eutanásia: ex-1º ministro holandês e a mulher morrem de mãos dadas

Mas em resposta à pergunta – por que mudou seu foco do início para o fim da vida? – a médica cita um conjunto de fatores.

“Resisti muito à ideia de deixar o trabalho que fazia na maternidade”, ela conta. “Não conseguia imaginar nada que pudesse chegar perto de ser tão recompensador para mim.”

Ela diz, no entanto, que com o passar dos anos, demorava cada vez mais para se recuperar dos longos plantões fazendo partos madrugada adentro. No plano familiar, sentia necessidade de aproveitar o pouco tempo que ainda restava para estar com os filhos adolescentes antes que saíssem de casa para prosseguir com os estudos.

Foi nesse período, depois de anos de debates, que o Canadá legalizou a assistência médica para a morte. Green conta que tinha acompanhado as discussões atentamente.

“Com 25 anos de experiência clínica, eu tinha visto muitas mortes. Boas mortes, mas também mortes ruins”, diz.

“Eu acreditava firmemente em uma medicina centrada no paciente, na autonomia do paciente para tomar decisões.”

Para a médica, a morte assistida parecia ser a epítome perfeita dessa medicina.

Green diz que começou a estudar o assunto e notou que havia poucos médicos aptos a trabalhar nessa área. “Quanto mais eu aprendia, mais interessada eu ficava”, diz.

Poucos dias após a lei entrar em vigor, o primeiro paciente bateu à sua porta.

“Eu estava preparada.”

Durante a entrevista, Green se expressa de forma segura, enunciando claramente as palavras e falando rapidamente. Mas em certos momentos, sua expressão muda. A voz fica mais suave e ela fala mais devagar. Como quando conta a história de Harvey.

O primeiro paciente

Green dedica bastante espaço em seu livro à história de seu primeiro paciente.

“Claro que foi impressionante. Extraordinário. Claro que nunca vou me esquecer daquele momento”, diz.

Leia também: Grã-Bretanha dá primeiro passo para legalizar “morte assistida”

“Tenho muita sorte e gratidão por ter trabalhado com aquele paciente e a família dele naquele primeiro evento.”

Ela conta que foi uma das primeiras pessoas a oferecer morte assistida no Canadá.

“Foi um passo no escuro. Eu não tinha muitos colegas com quem conversar sobre o assunto, ninguém para me ensinar como fazer isso.”

Harvey era um pessoa notável, lembra. Estava muito doente e provavelmente teria morrido dentro de poucas semanas.

“Era um homem com um jeito de pensar muito original. Estava esperando pela mudança na lei e bateu na minha porta com os papéis em punho dizendo, ‘é isso o que eu quero’. Sabia o que queria e esperava viver o suficiente para fazer isso.”

Ele tinha o apoio da família, prossegue a médica.

“Uma família corajosa. Não conheciam pessoas que tinham vivido aquela experiência e estavam apoiando seu ente querido.”

“Na primeira vez que fiz isso me dei conta de quão privilegiada eu era, em ser convidada para esse espaço tão íntimo.”

“É uma experiência extraordinária, estar junto com alguém nessa jornada. Ouvi-los explicar por que desejam encerrar sua vida dessa forma, receber a confiança dessas pessoas, fazer bem (o que me pedem) e ser parte daquele momento.”

A médica conta que continua se sentindo privilegiada.

E quase se desculpando por soar, nas palavras dela “talvez um pouco dramática”, diz que oito anos desse trabalho fizeram dela uma médica e uma pessoa melhores.

“(Esse trabalho) me deu mais compaixão. Me fez abrir os olhos para outras perspectivas, para o que as pessoas querem, e por que.”

“Me mostrou que a questão não é a morte, ou o morrer, e sim o que tem significado para as pessoas. O que elas perderam, como elas explicam o que perderam e por que isso é importante para elas.”

Green prossegue: “(O trabalho) abriu minha cabeça, me fez valorizar mais os relacionamentos na minha vida, me fez pensar em quem é importante na minha vida, e por que. (Me fez) dizer isso a eles.”

Como é uma morte assistida no Canadá?

Harvey adormeceu pela última vez olhando nos olhos da esposa com quem fora casado por 52 anos. O livro This is Assisted Dying traz outros relatos comoventes de pessoas dizendo seu último adeus, como a esposa que tirou a roupa, se deitou na cama ao lado do marido, também nu, e permaneceu ali, abraçada a ele durante vários minutos, até que Green administrasse os medicamentos.

Mortes, assim como nascimentos, são situações únicas, a médica diz. “Porque as pessoas são únicas.”

Mas depois de anos fazendo esse trabalho, ela diz que existe um processo que tende a seguir com todos os pacientes.

Antes de descrever esse processo, Green detalha os dois métodos usados no Canadá para levar o paciente à morte.

No primeiro, raramente usado, o médico dá ao paciente um copo contendo um poderoso barbitúrico. O próprio paciente bebe o líquido, adormece, entra em coma profundo e morre dentro de cerca de meia hora – o tempo varia, diz Green.

“Para algumas pessoas, a auto-medicação é muito importante, esse auto-controle. Então oferecemos (esse método).”

Muito mais comum, explica, é o método por meio do qual o médico administra o medicamento na veia do paciente.

São usados quatro medicamentos, ela diz. O primeiro, um remédio para ansiedade, é usado para relaxar o paciente.

“É uma dose alta, então 98 ou 99% dos pacientes adormecem. Seus sintomas desaparecem e eles se sentem bem.”

A segunda medicação, opcional, é um anestésico leve que insensibiliza a veia por onde as drogas serão administradas. Green diz que sempre a usa.

A terceira medicação é uma droga usada para fazer uma pessoa dormir durante uma cirurgia. Em dose alta, esse medicamento leva o paciente de um sono leve para um sono profundo e, depois, o coma.

Quando isso acontece, continua Green, normalmente a respiração fica mais lenta e para. Muitas pessoas morrem após a terceira medicação, mas Green diz que os médicos não contam com isso.

“Usamos um protocolo que pegamos emprestado de colegas na Holanda, que vêm fazendo esses procedimentos há muito mais tempo do que nós”, diz.

“Eles têm muitos dados sobre segurança, então usamos uma quarta medicação que interrompe os movimentos dos músculos do corpo.”

“Então, uso esses quatro medicamentos e sei que, se forem aplicados na veia do paciente, ele vai morrer”, diz. E acrescenta:

“Essa é uma forma brutal de explicar, mas isso é o que acontece.”

Detalhados os métodos, Green conta como é uma morte assistida, esclarecendo que outros médicos podem seguir rotinas um pouco diferentes. Todos, no entanto, são guiados pelos desejos do paciente, ela enfatiza.

‘Serenamente, confortavelmente, dignamente, eles adormecem e morrem’

A morte do paciente é o culminar de um longo processo durante o qual Green avalia se a pessoa se qualifica para receber a assistência segundo a lei.

Green lista os cinco critérios de avaliação, resumidos a seguir.

O paciente precisa ter mais de 18 anos.

Precisa ter direito a assistência médica pública no Canadá.

Precisa fazer o pedido voluntariamente, sem interferência de outras pessoas.

O paciente precisa ter condições mentais de fazer o pedido, o que implica compreender o que está errado com ele e ser capaz de dar seu consentimento para o procedimento.

A pessoa também precisa estar informada sobre outras opções de cuidado disponíveis, incluindo cuidados paliativos.

A lei exige ainda que o paciente tenha uma doença grave e irremediável, em estado avançado.

E o paciente precisa estar sofrendo de forma que ele considere ser insuportável e inaceitável.

“Além de tudo isso, existe uma série de procedimentos que envolvem pareceres de especialistas etc”, acrescenta.

“E se ao fim desse processo eu não estiver certa de que a pessoa atende aos critérios, não assino os papéis.”

Estando claro que a pessoa pode ter uma morte assistida, Green prepara pacientes e familiares para o evento. Isso envolve conhecer o paciente ao longo de várias visitas, ela diz.

No dia marcado, a médica chega ao local escolhido pelo paciente para receber a assistência. Se a pessoa optou pelo método intravenoso), a médica vem acompanhada por um(a) enfermeiro(a).

“Passo uns dez minutos a sós com o paciente e reavalio se isso é realmente o que quer. Eles sempre têm a oportunidade de mudar de ideia, até o último minuto.”

Green diz que nessa conversa também avalia o estado mental do paciente. Ele está em condições de dar seu consentimento?

“Precisam saber quem eu sou e por que estou ali. Se fica claro que querem seguir em frente, o(a) enfermeiro(a) entra e insere o catéter no braço da pessoa.”

Enquanto isso, Green conversa com os convidados do paciente. São normalmente familiares próximos, às vezes são grupos maiores de amigos, ou apenas o esposo ou esposa.

“Eu explico, passo a passo, o que vai acontecer. Feito isso, nos reunimos no lugar que o paciente escolheu. Pode ser na sala, no jardim, no quarto.”

A médica prossegue: “Agora, criamos um espaço para quaisquer rituais que o paciente tenha solicitado. Orações, leituras, música. Às vezes, a pessoa quer falar, contar histórias, rir, chorar. Dizer o último adeus. Alguns não querem nada, outros querem muito.”

“Eu dou a última palavra ao paciente e pergunto mais uma vez se ele quer seguir em frente. Se tenho a permissão, pego os medicamentos e, explicando ao paciente o que estou fazendo, inicio o processo.”

“Sem pressa, dou a eles os medicamentos e eles adormecem em frente à família. Serenamente, confortavelmente, dignamente. Adormecem – e morrem.”

Green explica que tem como hábito informar a família quando o paciente de fato morreu.

“Nesse ponto, me retiro da sala e deixo os familiares a sós para que possam iniciar seu processo de luto e ficar alguns momentos com seu ente querido.”

Green diz que antes de se despedir conversa novamente com os familiares.

“Falamos sobre o que acaba de acontecer, eles compartilham o que estão sentindo. Fazemos os processos oficiais, telefonamos para a funerária.”

“Em geral, fico na casa durante uma hora. Esse é o processo.”

Você se comove? – pergunto.

Green faz uma longa pausa. “Ah, sim.” E falando mais lentamente: “Como é possível alguém não se comover ao ver uma pessoa morrer?”

“O ato por si só é muito intenso e comovente. Mas o que me comove mais é a forma como as pessoas dizem adeus umas às outras.”

“Com frequência, estou presente no quarto quando elas dizem suas palavras finais e vejo expressões imensas de amor. E de gratidão pelo que foram umas para as outras. É terrivelmente emocionante. São emoções cruas, que você raramente testemunha na vida dos outros. Vejo pessoas dizendo adeus aos filhos, aos pais, aos esposos. O que as pessoas dizem nesses momentos? Sou testemunha disso.”

E como você não chora?

“Bem, às vezes eu choro. Sou humana”, responde.

“Às vezes a emoção é tanta! Às vezes, é impossível não me projetar naquela cena. O que eu faria se fossem meus pais? Ou se fosse um filho meu? Você não consegue evitar de se emocionar e uma lágrima vai cair.”

Green diz que desde que consiga manter seu profissionalismo, não vê problema nisso.

“Se eu perdesse o controle, não poderia fazer esse trabalho.”

Que casos têm maior impacto sobre você?

“São todos tão especiais”, ela responde. “Mas os que me marcam mais, de maneira geral, são aqueles em que eu vejo aquele amor tão intenso. Como aquele primeiro paciente. E tem um no final do meu livro. É simplesmente uma linda, linda cena se desenrolando à minha frente. Os (casos) que têm essa beleza – acho que essa é a palavra correta – são os que mais me impressionam.”

‘Não desejam isso para si próprios e eu não desejo isso para eles’

Outros casos deixam marcas por ser mais difíceis, explica Green.

Por exemplo, situações em que existe uma identificação pessoal entre a médica e o paciente. Por terem idades parecidas, ou por terem filhos da mesma idade.

Ou casos em que os pacientes são mais jovens, com menos de 50 anos. “Acho esses muito tristes, especialmente quando tem crianças pequenas envolvidas”, ela diz.

“Quando vejo alguém que tem 50 anos e está com raiva, não quer morrer, sente que tem mais vida para viver, tem filhos… a maioria das pessoas que atendo não quer morrer. Mas simplesmente não podem imaginar continuar vivendo do jeito como estão. Pessoas que estão morrendo com doenças terríveis e estão sofrendo.”

“Quando vejo alguém com raiva porque chegou ao final de sua vida, isso é mais difícil. É mais duro para mim porque eles não desejam isso para si próprios, e eu não desejo isso para eles.”

Green deixa claro, no entanto, que não se sente mal após auxiliar um paciente a morrer.

“Algumas pessoas pensam que eu talvez fique triste e me sinta mal. Talvez pareça que eu estou na defensiva ao dizer isso, mas a verdade é que durmo muito bem à noite.”

“Sinto que estou fazendo um trabalho que é muito importante para os pacientes e as famílias. Sinto grande satisfação no meu trabalho.”

Resposta aos críticos da morte assistida

Embora os canadenses sejam majoritariamente favoráveis a que uma pessoa possa optar pela morte assistida em certas circunstâncias (cerca de três quartos apoiam o serviço, segundo pesquisas recentes), médicos que oferecem esse tipo de assistência recebem duras críticas por grupos que desaprovam a possibilidade dessa escolha.

Green deixa claro, logo no início da entrevista, que não está defendendo uma causa.

“Estou aqui para trabalhar, usando minhas habilidades como médica de acordo com as leis do meu país”, ela diz.

Mas em e-mail à BBC News Brasil, a médica refuta enfaticamente alguns dos principais argumentos contra a morte assistida.

Entre entidades que defendem os direitos de pessoas com deficiência, por exemplo, algumas argumentam que a morte assistida coloca populações vulneráveis em risco. Elas dizem que pessoas com deficiência podem acabar recorrendo à morte assistida devido à falta de assistência pública, inclusive, de cuidados paliativos.

Green questiona: “Deveríamos melhorar a assistência financeira pelo Estado a quem tem deficiência? Minha resposta é um retumbante SIM. Estamos cumprindo bem nossa função de apoiar as pessoas que têm deficiências? Eu digo que nós com certeza poderíamos fazer melhor. Mas será que eu acho que isso é razão para infringirmos os direitos de adultos competentes que estão sofrendo intoleravelmente, em estado grave e irremediável? Eu digo que não. E a Suprema Corte do Canadá concorda. Não podemos transformar as pessoas que estão sofrendo em reféns das falhas da sociedade”, escreve Green.

A médica ressalta ainda que ter uma deficiência por si só não qualifica uma pessoa para uma morte assistida no Canadá. O paciente precisa, por exemplo, ter uma doença ou deficiência grave e irremediável, e estar em estado avançado de declínio em suas capacidades e funções, escreve.

O debate em torno da morte assistida no Canadá atualmente também tem como foco as doenças mentais. Pacientes com transtornos mentais deveriam ter o direito de requisitar e receber assistência para morrer? Legislação que permitiria isso tem entrada em vigor prevista para 2027.

Entre os argumentos contrários à lei está a ideia de que esses pacientes não estariam em condições de fazer esse tipo de escolha.

Alguns médicos dizem, por exemplo, que impulsos suicidas são muitas vezes parte dos sintomas em certos transtornos mentais. Como saber se o desejo de morrer do paciente não é parte da doença? – questionam.

Green dá sua opinião: “A noção de que por ter um transtorno mental uma pessoa não teria capacidade de tomar decisões sobre sua saúde é antiquada e, francamente, ofensiva para muita gente, (especialmente os que tem diagnósticos relacionados à saúde mental!)”, escreve Green.

“A questão não é se ela tem ou não um transtorno mental, a questão é: existe alguma preocupação em relação ao estado mental dessa pessoa estar interferindo com seu pedido ou com sua habilidade de consentir?”

Na opinião de Green, dizer que toda pessoa com um transtorno mental não tem capacidade de tomar decisões é discriminação.

O Canadá é visto hoje como um dos países com leis mais liberais do mundo em relação à morte assistida. E os números de pessoas que receberam assistência para morrer no país vêm crescendo. Em 2021, mais de dez mil canadenses tiveram mortes assistidas. Em 2023, foram 15 mil.

Alguns canadenses, entre eles, alguns médicos, dizem que as leis são vagas e que o número de procedimentos no país está alto demais. Isso a preocupa? – pergunto.

“De maneira alguma”, escreve Green.

“O número de pessoas solicitando e acessando MAID é exatamente o que se esperava que fosse e ainda é menor do que o de países com leis similares.”

Green compara a porcentagem de mortes assistidas no Canadá em 2024 – segundo ela, 4,7 % do total de mortes – com o equivalente na Holanda – 5,5 % de todas as mortes, ela escreve.

Na opinião de Green, para quem considera errado ajudar uma pessoa a morrer, o número de mortes assistidas será sempre muito alto.

Ela propõe: “O número ‘correto’ é quando todas as pessoas que pedem MAiD e que estão também legalmente qualificadas para receber esse cuidado são capazes de acessá-lo.”

No Brasil, a prática é proibida

Em grande parte do mundo a morte assistida é ilegal. Mas segundo a Federação Mundial das Sociedades pelo Direito de Morrer, ela é permitida, sob algumas condições, em países como Suíça, Portugal, Espanha, Bélgica, Áustria e Nova Zelândia, entre outros.

O Parlamento da Inglaterra está atualmente discutindo um projeto para legalizar a morte assistida apenas para pessoas com doenças terminais.

Já no Brasil, qualquer forma de eutanásia é proibida. Ajudar uma pessoa a morrer, mesmo que por vontade dela, é crime com pena de prisão.

O que é permitido, desde 2006, por uma resolução do Conselho Federal de Medicina, é uma prática chamada ortotanásia. Ou seja, médicos podem interromper o tratamento de um paciente terminal se isso for da vontade dele.

Alguns projetos de lei já tentaram abrir caminho para a eutanásia, mas nunca foram aprovados pelo Congresso Nacional.

Em outubro do ano passado, um caso chamou a atenção do Brasil. O famoso escritor e poeta Antonio Cícero se submeteu a um processo de morte assistida na Suíça, onde isso é permitido.

Ele tinha doença de Alzheimer e havia decidido passar pelo procedimento antes de ter sua cognição totalmente comprometida. Como no Brasil essa não é uma opção disponível, viajou à Suíça para morrer.

Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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