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Cada um tem sua opinião sobre os trajes exóticos, exagerados, totalmente fora dos padrões, usados pelas celebridades que comparecem ao concorrido baile anual realizado pelo Metropolitan Museum, museu renomado de Nova York.
Neste ano não foi diferente. mas houve críticas, principalmente, ao fato de muitos dos convidados – a elite mundial – não ter se vestido de acordo com o tema: “Superfino: alfaiataria do estilo negro,” o primeiro desde 2003 voltado exclusivamente em moda masculina.
“O tema super rico desta edição do MET Gala e de sua expo anual de moda poderia ter sido infinitamente melhor explorado pelos convidados, sobretudo pelo público feminino. Faltou criatividade,” afirmou a pesquisadora e analista de moda Paula Acioli.
Em toda edição do baile há sempre alguma polêmica. Essa é só mais uma delas, para manter a tradição.
Leia o artigo de Yasmin Setubal para O Globo:
A noite mais aguardada para os amantes do universo da moda não agradou tanto a especialistas do segmento. Com o tema “Superfine: Tailoring Black Style”, que se traduz em “Alfaiataria de Estilo Negro”, o MET Gala 2025, realizado anualmente no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, recebeu convidados que desfilaram no clássico tapete azul com looks equivocados e sem criatividade.
Este tema celebra a estética e o significado político do estilo dândi negro, destacando sua influência na construção de identidades nas comunidades da diáspora africana. A exposição homônima no Costume Institute explora a moda masculina negra desde o século XVIII.
A alfaiataria cheia de excessos, os tecidos de padrões extravagantes, as proporções exageradas das peças de roupas e a excentricidade de acessórios, como chapéus de abas muito largas, correntaria e sapatos bicolores, são características desse estilo, segundo a pesquisadora e analista de moda Paula Acioli. Nesse quesito, a especialista aponta que o público feminino deixou a desejar.

“O tema super rico desta edição do MET Gala e de sua expo anual de moda poderia ter sido infinitamente melhor explorado pelos convidados, sobretudo pelo público feminino. Faltou criatividade. Se convidadas e convidados tivessem assistido ao filme ‘Malcolm X’ com Denzel Washington certamente teriam um farto material para trabalhar com muito mais criatividade seus looks”, comenta Paula, apontando ainda alguns destaques positivos.
“Jodie Turner Smith, de Burberry; Teyana Taylor em criação conjunta com a figurinista de Black Panther e ganhadora do Oscar Ruth E.Carter; Missy Elliot, de Stella MacCartney; Doechii de Louis Vuitton por Pharrell Williams; Traceey Elis Ross, filha de Diana Ross, de costume Marc Jacobs e chapéu do chapeleiro britânico Stephen Jones e, é claro, Rihanna, também de Marc Jacobs, gabaritaram e foram super destaques da noite temática”, diz a especialista.

“Entre os convidados masculinos que não decepcionaram, Louis Hamilton, o Dandi mais fashionista da Fórmula 1 de Grace Wales Bonner; A$AP Rocky, marido de Rihanna de AWGE, sua própria agência criativa; e Dapper Dan vestindo sua grife homônima.”
A figurinista e pesquisadora de moda Luana de Sá também refletiu sobre alguns equívocos nos looks do MET Gala 2025, com um tema que atravessa a história de luta e resistência de pessoas negras ao longo dos anos.

“É um tema cruel para pessoas não-negras, porque fala de uma história e de uma realidade de pessoas negras, algo que surgiu para promover essa aceitação desses corpos nos lugares, uma estratégia de sobrevivência. Muito complexo para uma pessoa não-negra se vestir de um dândi negro, ou um personagem e referência importante da história de resistência desse povo, principalmente americano”, analisa.

“Ao avançar nas bolhas dos bem-sucedidos, ascender financeiramente e socialmente, surge uma sensação de deslocamento. E é aí que muitos de nós nos perdemos: ou querendo resistir com tudo o que temos como característica étnica, ou querendo desaparecer. Nos camuflar, adotar o vestir clean, limpo, sem muitos elementos. O dandismo negro, ou o ‘vestir a fardinha ocidental’, é como estar com o traje correto para um grande evento que está a acontecer”, conclui Luana, que elenca como destaque Teyana Taylor.

“Carregou em muitos elementos do cavalheirismo, com peças afro americanas como dureg, broches com adinkras, fuxicos, além da alfaiataria completa e propriamente dita, com riscas. Pra completar vermelho e preto, que me faz imediatamente pensar Exu.”

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