Maya Santana, 50emais
Dois dias antes de aparecer no Instagram com um curativo no nariz, por causa da cirurgia para a retirada de um tumor na narina esquerda, a apresentadora, cantora e atriz Marília Gabriela, 72, havia postado uma foto na mesma rede social, com a aparência absolutamente saudável. Não havia um traço de preocupação com a saúde. Passaram-se 48 horas e lá estava ela postando a foto e a notícia que surpreenderam seus quase um milhão de seguidores:
– “Meu Dia Internacional da Mulher( 8 de março)! Deu-se com uma espinha que apareceu na minha narina esquerda e não saía mais, meu querido médico não gostou do que viu e me mandou para exames aprofundados que resultaram, uma semana e meia depois (hoje), numa cirurgia para retirada de um sorrateiro carcinoma basocelular.”
Usem filtro solar
Claro que a notícia teve e continua tendo enorme repercussão. Marília Gabriela é uma pessoa pública, muito respeitada que, fora da televisão, tornou-se forte influenciadora digital. No Instagram, que é onde acompanho mais o que faz, ela exibe todos os seus talentos. Ganha aplausos de seus milhares de admiradores especialmente quando lê poemas, escolhidos a dedo, e declamados com alma, para impressionar pela beleza. É uma pessoa extremamente talentosa e muito querida.
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Todos os jornais importantes do país noticiaram a descoberta do tumor no rosto da apresentadora. Mas não chamaram a atenção para o principal. Para mim, o destaque da nota que a apresentadora escreveu no Instagram, e foi reproduzida pela mídia Brasil afora, é o “conselho” que deu aos seguidores: “Passei uma semana bem da estressante… até hoje. Recebi alta agora há pouco, tenho um chumaço me entupindo o nariz que deve ficar assim até a sexta-feira e, importante, um conselho a dar: usem protetor solar, de preferência até dentro de casa, sempre”, recomendou.
Marília continua a nota, explicando que “como disse meu cirurgião, dr. Luiz Roberto Terzian, quando argumentei que tomei sol pra valer e sem protetor, ‘só’ na adolescência: ‘Não importa, tomou sol uma vez, na idade que for, é pra sempre’. Anotado e passado pra frente,” – escreveu ela.
Como saber se uma mancha é malígna
O Brasil, por ser um país ensolarado e boa parte de sua população não ter consciência dos perigos da exposição ao sol, é o campeão mundial em número de casos desse tipo de câncer. A doença, traiçoeira porque age silenciosamente, costuma surgir com mais frequência nas áreas que são mais expostas à radiação ultravioleta, como face, mãos e tronco.
De acordo com a dermatologista Dra. Nádia Bavoso, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, a forma mais simples de identificar o câncer de pele é através da auto-observação. Veja em quê você precisa prestar atenção:
A – assimetria: ao dividir a pinta no meio, os dois lados precisam ser iguais. A não simetria pode indicar uma pinta maligna;
B – borda: bordas irregulares e borradas são sinais de alerta;
C – cor: uma das características mais comuns do melanoma é a pinta com variação de cor. Normalmente as pintas com mais de duas cores chamam a atenção dos especialistas. Fique atento!;
D – diâmetro: é importante observar os tamanhos das pintas. Se for maior que 6 milímetros (mais ou menos o tamanho da “bundinha” do lápis), há chances de ser uma pinta maligna;
E – evolução: fique muito atento às mudanças das características da pinta: cor, tamanho, textura. Importante: não é comum o surgimento de pintas em adultos com mais de 35 anos. Por isso, a Dermatologista reforça que qualquer alteração pode indicar o melanoma.
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Importância do tratamento precoce
“Esse método é uma forma de auto avaliação, como o auto exame para o Câncer de Mama, mas não substitui uma consulta com especialista” lembra Dra. Nadia, explicando que a consulta com o Dermatologista “deve ser anual em pacientes que nunca tiveram nenhum tipo de câncer de pele, para ajudar na prevenção e fazer um diagnóstico precoce da doença.”
O alerta de Marília Gabriela foi feito exatamente num momento em que a Sociedade Brasileira de Dermatologia chama a atenção para o fato de as consultas de câncer de pele terem caído quase pela metade em 2020, em razão da pandemia. Por isso a SBD adverte: A demora na identificação da lesão e o tratamento tardio podem agravar o problema.
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