
Ricardo Bastos
50emais
Eles já foram chamados de coroas, senhores, “tios”. Hoje, preferem ser apenas homens. Homens de 50+, que não têm medo de rir de si mesmos, fazer ioga ou cuidar da pele. Que trocam o copo de uísque por água com limão e não veem problema nenhum em pedir ajuda — nem para ler a bula do remédio, nem para entender o próprio coração.
É um novo tempo. E ele chegou com calvície assumida, barriguinha de estimação, mas também com fôlego para pedalar, correr, dançar e… desconstruir. Isso mesmo: esses homens estão questionando, cada vez mais, o velho modelo machista que moldou tantas gerações.
Menos bronca, mais escuta
Aos poucos, eles trocam o “homem que não chora” por um “homem que escuta”, que vai à terapia, que conversa sobre sentimentos e se recusa a ser o provedor solitário. Não é fácil — muitas dessas mudanças doem. Mas têm acontecido, seja por vontade própria, seja por pressão dos filhos, das companheiras, do mundo que gira.
Saúde sem tabu
Esse novo homem também está mais atento ao próprio corpo. Não tem vergonha de procuar o urologista, fala abertamente sobre disfunção erétil, cuida da alimentação, do sono, da memória. Afinal, quer viver muito — e bem. A ideia de que envelhecer é sinônimo de decadência já foi para o museu.
A ciência está do lado deles: a medicina do estilo de vida mostra que pequenas mudanças fazem grandes diferenças na qualidade de vida aos 50, 60, 70, 80, 90 anos. E eles estão ouvindo, pesquisando, experimentando.
O ator Reynaldo Gianecchini, aos 51 anos, representa bem essa nova fase dos homens maduros. Em entrevista recente, ele falou abertamente sobre seu processo de envelhecimento e autocuidado:
“Estou amando esse meu processo de amadurecimento. Me sinto infinitamente melhor do que quando eu era jovem.”
— Reynaldo Gianecchini.
Sem apelos por juventude eterna, o ator mostra que cuidar da aparência pode vir acompanhado de um olhar mais gentil sobre si mesmo.
Reflexão sobre o tempo
George Clooney. Créditos: depositphotos.com / Image Press Agency
George Clooney, renomado ator de Hollywood, compartilhou suas reflexões ao completar 60 anos:
“Quando fiz 60 anos, minha esposa e eu tivemos um jantar agradável. Estávamos conversando e eu disse: ‘Olha, tenho 60’. Agora tenho 63 e disse: Então, aqui está a coisa, ainda posso jogar basquete com os meninos. Ainda posso aguentar, fazer muitas coisas. Fisicamente, ainda estou em boa forma. Mas não importa quantas barras de granola eu coma, em 20 anos, terei 80, e esse é um número diferente. Esse é um número real onde seus ossos são frágeis e sua massa muscular se foi. Então, as coisas mudam. Então, nesses próximos 20 anos, temos que realmente focar não apenas no trabalho, embora você tenha que continuar trabalhando. Também temos que focar na vida.”
Leia também: Annie Ernaux: “A liberdade feminina ainda não foi conquistada”
Essa consciência do tempo e das mudanças que ele traz reflete a maturidade e a priorização do bem-estar em todas as esferas da vida.
Modelos 50+ em alta

O mercado da moda também reflete essa valorização da maturidade. Modelos brasileiros com mais de 50 anos estão em ascensão, trazendo diversidade e representatividade às campanhas. Gustavo Canovas, aos 50 anos, é um exemplo dessa tendência. Ator e empresário, ele iniciou sua carreira como modelo em 2010 e destaca a abertura do mercado para profissionais mais velhos:
“Vivemos uma ótima oportunidade para modelos mais velhos.”
— Gustavo Canovas. citeturn0search0
Essa mudança reflete não apenas uma estratégia de mercado, mas também uma celebração da beleza e da experiência que vêm com a idade.
Mas ainda falta chão…
Sim, ainda há muitos que resistem. Que se sentem ameaçados pela igualdade de gênero, que não dividem as tarefas da casa ou ainda se apegam à velha cartilha da virilidade. A transformação é lenta. Mas está em curso.
Leia também: Benefícios do Relacionamento amoroso na maturidade
E ela se dá no dia a dia: quando um homem aprende a cozinhar para o neto, quando outro descobre que pode ser avô e namorado ao mesmo tempo, quando o grupo do WhatsApp vira espaço de troca, e não só piadas machistas recicladas.
A virada é coletiva
Não dá pra falar de mudança sem lembrar que muitas dessas viradas só acontecem porque há mulheres puxando a fila. Parceiras que incentivam, cobram, ensinam. Filhas que mostram caminhos. Amigas que acolhem. E, claro, outros homens que já caminharam esse trecho e ajudam os mais novos a seguirem.
No fundo, o que está nascendo é uma nova masculinidade. Uma que não precisa ser de ferro, mas de verdade.
Leia também: Novo capítulo na trajetória extraordinária, desconhecida, de Chica da Silva
Este artigo foi escrito com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial