Maya Santana, 50emais
Faltando menos de três semanas para o início de mais um carnaval, é oportuno lembrar aqui, no 50emais, das consequências nada saudáveis para o corpo (e para o espírito também) da ingestão exagerada de bebidas alcoólicas, principalmente para quem já passou dos 40 anos. Neste artigo, Sílvia Ruiz, do blog Ageless, do Uol, explica por que a ressaca, a partir dessa idade, vai ficando cada vez pior e os danos graves que o álcoól vai causando ao organismo.
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Se você é fã de uma birita (como eu e 99% dos meus amigos) e já passou dos 40, já deve ter sentido na pele o quanto os efeitos de uma ressaca foram piorando com o passar dos anos. Isso ninguém tem como negar. Falei disso no meu Instagram outro dia (me siga lá: @silviaruizmanga): se depois de beber uns bons drinks aos 20 eu estava nova no dia seguinte para ir para a faculdade, agora levo no mínimo dois dias para deixar de ser um zumbi depois de um gin tônica a mais numa festa. A questão é que, para a nossa tristeza, os efeitos do álcool no nosso corpo vão piorando com a idade. É uma verdade que temos que encarar. E aprender e lidar com a bebida de forma mais saudável para não sofrer consequências que podem ser bem graves. Vamos encarar os fatos?
“O álcool afeta todo o nosso corpo, e na medida em que envelhecemos o nosso processamento hepático fica menos eficiente e mais lento. E os efeitos vão muito além da ressaca”, alerta Vânia Assaly, endocrinologista e nutróloga e uma das maiores especialistas em medicina preventiva do país. Ou seja, taí a explicação número um: o álcool fica mais tempo no nosso sistema e, portanto, faz mais estragos e nos sentimos muito pior do que quando mais jovens.
Nosso verdadeiro filtro que desintoxica o organismo, o fígado usa enzimas para eliminar desde sustâncias toxicas como poluentes e medicamentos que ingerimos até toxinas dos alimentos. Ou seja, quando a gente coloca no topo disso tudo o álcool, ele fica sobrecarregado. Com o passar dos anos, o fígado pode acumular gordura (esteatose hepática), ainda mais em quem bebe regularmente. E aí todo esse processo de eliminação fica ainda mais comprometido. Quem segue bebendo de maneira exagerada após os 40 corre risco ainda de desenvolver doenças como a cirrose.
Álcool contem sete calorias por grama, praticamente o mesmo que gorduras, que contém 9 calorias/grama. Como o corpo precisa processar as toxinas do álcool que ingerimos que ele reconhece como nocivas, ele acaba deixando os nutrientes dos alimentos para um segundo momento. E o que acontece muitas vezes é que essas calorias do álcool acabam metabolizadas primeiro e, na hora de metabolizar as dos alimentos ele já não precisa mais de calorias. E o que o corpo faz com essas calorias que sobraram? Estoca em forma de gordura.
Além disso o álcool suprime hormônios que controlam o apetite, por isso a gente tende a comer demais quando bebe. Lá vem mais gorduras para o estoque!
Por último, como fonte de açúcar, o álcool aumenta os nossos níveis de insulina no sangue o que resulta em depósitos de gordura no fígado e na região abdominal. A famosa barriga de cerveja (mas pode ser de qualquer bebida também).
O álcool inicialmente tem um efeito estimulante para o cérebro, dá aquela desinibição. Mas o efeito mais tarde pode ser o de depressão”, alerta Vânia. Segundo ela, mulheres perto da menopausa precisam de cuidado redobrado, pois os neurotransmissores sofrem modificações nessa fase, e os efeitos do álcool podem ser ainda mais nocivos, podendo gerar quadros depressivos.
“Existem inúmeros estudos atribuindo o consumo de álcool ao aumento de risco para vários tipos de câncer, inclusive o câncer de mama”, alerta a médica. Não existe nível seguro de consumo nesse caso. Ou seja, quanto mais se bebe, mais danos causamos ao nosso DNA e impactamos as células que podem causar a doença. Pior ainda se junto com a bebida vier aquele cigarrinho.
Ah, mas e aquele papo de que uma taça de vinho por dia faz bem para a saúde? Temos duas questões aí: a primeira é que tem gente que vai muito além de “uma tacinha”. A segunda é que, segundo Vânia, essa ideia já vem sendo contestada por muitos médicos e cientistas. Apesar de as evidências mostrarem que a ingestão moderada pode fazer bem ao coração, os estudos não são conclusivos se isso se dá pela ingestão do álcool propriamente dito ou como resultado de um estilo de vida saudável como um todo. “Os benefícios podem estar vindo na verdade do estilo de vida que inclui dieta mediterrânea, atividade física e corpo magro que muitas vezes estão associadas a esse costume diário de consumir de consumir pequenas doses de vinho em algumas regiões estudadas” diz Vânia.
Ela alerta também que essa questão deve ser tratada individualmente, pois muitas variáveis influenciam os efeitos para cada pessoa: obesidade, consumo regular de medicamentos, antidepressivos, presença de quadros de depressão e ansiedade, quantidade de gordura no fígado (esteatose hepática). Dois drinks para mim podem ser muito diferentes do que para você, por exemplo.
De maneira geral, o que a médica recomenda para quem quer beber: “Não consuma na sua rotina, deixe para ocasiões sociais, sempre mantendo o consumo em no máximo duas doses, sempre tomando pelo menos dois copos de água entre cada dose e também bem alimentado”.
E tem mais: álcool é álcool. Não pense que “cervejinha” é algo inocente porque tem teor alcóolico menor do que o da vodca, por exemplo. No final das contas o que importa para o seu corpo é a quantidade de álcool total ingerida, não importa de onde veio! Então passar a tarde no boteco tomando várias cervejas pode fazer muito mais estrago do que tomar dois coquetéis de vodca ou gin numa noite intercalados com muita água e de barriga cheia. Eu pelo menos, sou dessas. Prefiro me limitar a dois drinks de qualidade (amo um bom coquetel) numa noite especial vez por outra e acordar bem no outro dia sabendo que não estou me detonando. Saúde!