
Ricardo Bastos
50emais
Você já pensou onde e como gostaria de morar quando passar dos 50 anos? A resposta para essa pergunta está mudando. O mercado imobiliário começa a se adaptar a um novo perfil de morador: pessoas maduras, ativas, que valorizam autonomia, segurança e qualidade de vida.
Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, cresce a demanda por moradias adaptadas para a terceira idade, residenciais sênior e iniciativas como o cohousing, ou moradia colaborativa, para pessoas 50+. Mostramos abaixo as principais tendências, modelos em crescimento, perfis dos moradores e como o Brasil se compara a outros países nessa transformação imobiliária.
O novo perfil do morador 50+
Dados do Censo 2022 mostram que quase 29% das pessoas com 60 anos ou mais vivem sozinhas. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou e muitos idosos seguem ativos e independentes. Essa combinação está alterando o modo de morar: cresce o interesse por moradias pensadas para o envelhecimento ativo, com acessibilidade, convivência e conforto.
O desejo de não ser um “peso” para os filhos e a busca por autonomia também impulsionam essa mudança. Muitos querem morar perto de serviços, em lugares seguros, mas também acolhedores. A preferência por moradia para idosos bem localizada, com suporte e acessibilidade, é cada vez mais evidente.
O poder de compra dos 50+
A chamada “geração prateada” movimenta hoje cerca de R$ 2 trilhões por ano no Brasil, o que representa 23% de todo o consumo de bens e serviços no país. São mais de 54 milhões de brasileiros acima dos 50 anos, muitos ainda economicamente ativos, digitalizados e exigentes com o que consomem.
Uma pesquisa do SPC revelou que 41% dos idosos gastam mais com produtos de desejo do que com itens essenciais, e para 66% deles, aproveitar a vida é prioridade. Ainda assim, 65% sentem que as marcas não os representam adequadamente, e mais da metade enfrenta dificuldades para encontrar produtos pensados para sua faixa etária.
Esses dados mostram o potencial ainda inexplorado e a urgência de oferecer soluções de moradia que conversem com esse perfil – o de quem quer viver bem e com independência.
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Os principais modelos em alta
- Cohousing 50+: moradia colaborativa onde cada um tem sua casa, mas compartilha espaços comuns e participa da gestão. Exemplo: Vila ConViver, em Campinas (SP). Esse tipo de moradia inclusiva tem se mostrado eficaz no combate à solidão e na promoção do convívio.
- Condomínios públicos exclusivos para idosos: como o Cidade Madura, na Paraíba, e o Viver Mais, no Paraná. São casas térreas com acessibilidade, áreas de lazer e serviços básicos de saúde. Esses modelos de condomínio para idosos são alternativas seguras e planejadas para o envelhecimento ativo.
- Residenciais privados amigos dos idosos: edifícios pensados para pessoas maduras, com apartamentos adaptados, botões de emergência, espaços de convivência e serviços integrados. Exemplo: Vintage Senior Residence, em Porto Alegre. São exemplos claros do conceito de senior living Brasil.

- Residências assistidas: voltadas a idosos que precisam de cuidados diários, mas ainda desejam viver com certa independência, oferecem quartos, refeitório, enfermagem e atividades. São soluções crescentes no mercado de habitação para terceira idade no Brasil.
- Adaptação da moradia atual: alternativa para quem deseja envelhecer no próprio lar com conforto e segurança. Inclui reformas para eliminar barreiras, instalação de corrimãos e uso de tecnologias assistivas. Essa modalidade é fundamental para quem opta por envelhecimento ativo sem sair de casa.
Políticas e desafios
Apesar da previsão legal de reservar 3% das moradias sociais a idosos, o Brasil ainda carece de um programa nacional robusto de habitação para pessoas com 50+. A maioria das iniciativas parte de estados ou municípios. Especialistas defendem integrar essa demanda nos programas existentes, ampliando a cota de moradias adaptadas para terceira idade.
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O Estatuto da Pessoa Idosa garante o direito à moradia digna, acessível e com respeito à autonomia. Os Princípios da ONU para Pessoas Idosas também reforçam que elas devem poder escolher onde e como viver, com dignidade e segurança.
Tendências de mercado e o potencial do “silver economy”
O mercado imobiliário começa a enxergar o público 50+ como estratégico. Incorporadoras apostam em lançamentos com acessibilidade, tecnologia e serviços personalizados. É o chamado senior living, que alia moradia a bem-estar.
Produtos imobiliários adaptados para a terceira idade atraem tanto quem busca conforto quanto investidores atentos a esse nicho em crescimento. O segmento de mercado imobiliário 50+ se consolida como uma frente promissora.
E você, onde quer viver daqui a 10, 20 anos?
Diante de tantas alternativas surgindo, fica a reflexão: como você imagina seu futuro? Uma casa entre amigos num cohousing 50+? Um apartamento compacto com serviços na porta? Ou sua própria casa, segura e adaptada? O importante é saber que há opções em crescimento e que o debate sobre moradia para pessoas com mais de 50 no Brasil está apenas começando.
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