Maya Santana, 50emais
Esta semana, me deparei com a notícia de que a Noruega foi apontada o país de população “mais feliz” do mundo. Numa relação de 150 paises, entre os quais o Brasil ocupa a 22ª posição, a nação nórdica figura em primeiro lugar, de acordo com o Relatório Mundial da Felicidade de 2017, divulgado pela ONU. O título de “mais feliz” de 2016 coube à Dinamarca, outro país nórdico.
O que leva a população de um país a se declarar a mais satisfeita – talvez feliz seja uma palavra muito forte – em um planeta com tantos outros países? Quando se tem a resposta – ou respostas – a esta pergunta, fica fácil entender porque a Noruega, com pouco mais de cinco milhões de habitantes, tornou-se um modelo para o mundo.
Todo norueguês tem direito a educação e assistência médica, a carga de trabalho semanal é de 33 horas, a licença-maternidade é uma das mais longas – são 315 dias. Os idosos têm todo tipo de assistência. Quase 50% da energia que o país utiliza é renovável. E mais da metade dos habitantes faz algum tipo de trabalho voluntário.
Para traduzir melhor tudo isso, fui atrás da minha amiga Ana Stingel, Psicóloga, Professora da PUC-Rio, que, em anos recentes, passou duas temporadas na Noruega. “ Eu fiquei encantada com a Noruega, um país que tem clima, história, geografia e cultura muito diferentes dos nossos”, explica ela. “Além de muito frio, é essencialmente marítimo e montanhoso – fino e vertical em sua forma, com 29 mil km de costa, mais de mil ilhas e mais de mil km de fiordes (um grande braço de mar entre montanhas altas e rochosas), que adentram por montanhas, formando longos corredores” .
Ana lembra que, quando se fala do sucesso da Noruega, é preciso saber que o desenvolvimento da indústria do petróleo nos anos 60, “ tirou o país de dificuldades financeiras. E o mais importante foi que o governo investiu todo o lucro com petróleo em um fundo no exterior que garante ao norueguês educação, assistência médica e apoio no desemprego”.
A Noruega tem uma população de cinco milhões e 100 mil almas, espalhadas por seu grande território, inclusive pelas áreas geladas mais próximas do ártico. “São pessoas naturalmente solitárias e, ao contrário de nós, pouco expressivas. Muitas vivem em fazendas de ovelhas ou de salmão, isoladas em montanhas”, relata Ana, observando que, de uma maneira geral, “os noruegueses são gentis, falam baixo e se preocupam em não incomodar os outros. Também não gostam muito de ser incomodados.´ São extremamente simples no vestir. Têm uma ligação profunda com a natureza exuberante em que vivem. Como uma espiritualidade natural.”
Quando pergunto se é possível fazer alguma comparação entre a Noruega e o Brasil, Ana responde com uma ironia:
“Devíamos ter contratado noruegueses como consultores na construção da ciclovia de São Conrado, no Rio de Janeiro ( aquela que teve um de seus trechos destruído por uma onda, causando a morte de duas pessoas, pouco antes das Olimpíadas, em meados de 2016). Para se ter uma ideia melhor, vale dar uma olhada na Atlantic Ocean Road. que liga várias ilhas norueguesas no Mar do Norte. Fantástica!
A verdade é que lá valoriza-se a técnica, fazer as coisas bem feitas, com calma. Fica-se triste com a diferença. Eles são técnicos, objetivos e diretos. Ninguém passa fome. Todos têm onde morar.
Eu tiro o chapéu para a Noruega”
Veja que lindo vídeo da TV2 dinamarquesa:
https://youtu.be/i1AjvFjVXUg