Márcia Lage
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As notícias do Brasil e do mundo me sufocam em mar de sargaço. Não é possível que só desgraças aconteçam. Deve haver algo de bom, pelo menos no Reino da Dinamarca.
Mas a humanidade se alimenta de tragédias que, como um vampiro, vão sugando nossa energia. “O fim do mundo está chegando”, sentencia minha mãe depois de cada telejornal.
O presidente dos Estados Unidos parece concordar. Proclamou que um “Armagedon Nuclear” está por vir da Rússia e que não sobrará nada da Ucrânia e de boa parte da Europa.
O fato é que uma terceira guerra mundial pode estar sendo gestada em ninhos de cobra, afirma o astrólogo Carlos Harmitt.
Na observação que ele faz do Cosmo, a Terra já começou a esfarinhar desde que Plutão, o planeta das finalizações e da morte, entrou em modo retrógrado, a partir de 2020. Só voltará ao movimento natural em 2023.
Plutão é uma retroescavadeira que revolve tudo por onde passa, deixando o caos para outros reconstruírem.
Sua caminhada no cosmos, em movimentos para frente e para trás, provoca guerras, terremotos, incêndios, inundações, acidentes aéreos, enfim, o negócio de Plutão é revolver o velho para que o novo se instale.
Só que ele faz isso de maneira anárquica, liberando as forças do mal e pondo o bem em apuros.
Neste momento, bem em cima do Brasil, o planeta anão do sistema solar, está tocando o terror, diz
Carlos Hamitt, o astrólogo do Apocalipse.
É preciso dar um desconto. Torcer pelo melhor.
Porém, seja por causa do Plutão retrógrado ou pelas mentes ignorantes que fazem o mundo caminhar para trás, o fato é que o veneno da maldade vem ganhando corpo e escorre feito lava de vulcão para dentro de corações e mentes. Todo mundo suspeita de todo mundo e a raiva passional supera a razão.
Vejam o que sucedeu em Dourados, no Mato Grosso do Sul: um senhor perseguiu a tiros três rapazes, só porque eles lhe deram bom dia.
O homem duvidou de tamanha civilidade em tempos de apologia ao preconceito e à má educação.
Armado de um trabuco à moda do personagem de desenho animado, o Urtigão, saiu à caça dos rapazes, que só não apanharam porque correram muito.
A verdade é que tudo eclode nesses dias de chuva e calor. A raiva política, a intolerância, os mosquitos da dengue e até ovinhos de codorna em prateleiras de supermercado de Teresina.
Ainda bem que eram ovos de ave e não de serpente. Esses, infelizmente, permanecem chocando, em ninhos ocultos nas gavetas dos que se consideram acima do bem e do mal. Tomara que gorem, com a força destruidora de Plutão.
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