
*Fernanda Ubaid
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Os dados do Atlas Mundial da Obesidade acenderam um alerta para o Brasil: o país caminha para um cenário preocupante, com estimativas de crescimento alarmante nos índices de obesidade. O estudo, divulgado no último dia 4 de março, aponta a obesidade como uma epidemia global: só no Brasil, 68% dos adultos vivem com sobrepeso e cerca de 31% dos brasileiros são considerados obesos.
O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, a redução da atividade física e mudanças no estilo de vida, como o maior tempo em frente às telas, são alguns dos fatores que explicam essa tendência, segundo o médico do esporte e nutrólogo Dr. Thiago Viana. “O problema não é apenas estético. A obesidade está ligada a doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Além disso, tem um impacto profundo na saúde mental, aumentando os riscos de depressão e ansiedade”, alerta o especialista.
A situação fica ainda mais crítica quando analisamos o impacto da obesidade na saúde pública e privada. Com o aumento dos casos, cresce também a demanda por consultas, exames e internações, gerando custos elevados para o SUS e para os planos de saúde. “A prevenção é a melhor estratégia para aliviar essa sobrecarga, evitando que o problema se agrave e gere complicações mais difíceis de tratar”, destaca Dr. Thiago.
Sedentarismo e alimentação ruim: a combinação perigosa
A obesidade não está ligada apenas à alimentação. O sedentarismo é um dos principais fatores que contribuem para o avanço do problema, e o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo, celebrado no último dia 10 de março, reforça a importância de incentivar a prática regular de exercícios físicos.
A falta de sono adequado, o estresse crônico e distúrbios hormonais também podem contribuir para o ganho de peso e dificultar a perda de gordura corporal. Além disso, a publicidade de alimentos ultraprocessados, muitas vezes direcionada ao público infantil, também contribui para a formação de hábitos pouco saudáveis. “A indústria alimentícia tem um papel fundamental nesse cenário e precisa ser mais regulada. A reformulação de produtos para versões mais saudáveis pode ser uma alternativa para reduzir os impactos da obesidade”, explica Dr. Thiago.
Apesar do cenário desafiador, a ciência tem avançado no desenvolvimento de novas soluções para combater a obesidade. A tecnologia tem se mostrado uma aliada, com aplicativos e dispositivos que ajudam no acompanhamento da alimentação e na prática de exercícios físicos. Hoje já existem medicamentos que atuam na regulação do apetite e no metabolismo, além de novas descobertas sobre o papel do microbioma intestinal na obesidade, o que pode levar a tratamentos mais eficazes no futuro.
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“O combate à obesidade precisa ser tratado como uma questão de saúde pública, e não apenas individual. A mudança nos hábitos alimentares, a prática regular de exercícios e a criação de um ambiente que favoreça escolhas saudáveis são o caminho para reverter essa tendência”, conclui o Dr. Thiago Viana
*Dora Press
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