Nunca como agora houve tantos casos de demência no mundo. É um fenômeno que tem relação direta com o fato de a humanidade estar envelhecendo. Não exista cura para a demência. Uma vez instalada, a tendência é que progrida. Mas, segundo os especialistas, há muito que se pode fazer para impedir o surgimento da demênciia e também conter a progressão da doença.
Neste artigo, Mariza Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado pelo Globo, enumera os 12 fatores capazes de diminuir os riscos em relação à doença. Para citar apenas dois deles, considerados de grande importância: criar o hábito de fazer exercício físico e exercitar intelectualmente o cérebro, com leitura, jogos, aprendizado de uma nova língua.
Leia o artigo:
Para fechar a série de colunas que fiz sobre alguns dos muitos tópicos relevantes da conferência internacional sobre Alzheimer que aconteceu semana passada, quero tratar da lista de orientações para reduzir o risco de demência que é referendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Foi objeto de palestra, na quinta-feira, feita por Kaarin Anstey, professora da Universidade de South Wales, na Austrália. E voltarei ao assunto que, se tivesse que escolher, marcaria como o mais importante para garantir um envelhecimento saudável: a prática de exercício.
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A professora apresentou gráficos mostrando que, da década de 1960 para cá, as evidências científicas sobre o tema só foram se ampliando. A atividade cognitiva, ou seja, manter o cérebro afiado, é também forte aliada contra o declínio cognitivo, mas as pesquisas são recentes, datam da década de 1980.
São 12 fatores que podem diminuir o risco de demência e que deveriam ser seguidos ao longo da existência: realizar atividade física, deixar de fumar, ter uma alimentação saudável, controlar o peso, limitar a ingestão de álcool, manter hipertensão, colesterol e diabetes sobre controle, exercitar-se intelectualmente, cultivar conexões sociais, combater a depressão e manejar a perda de audição.
Mudanças no estilo de vida são capazes prevenir ou retardar cerca de 40% dos casos de demência. Se imaginarmos que são 50 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo – em 30 anos, o total passará de 150 milhões – isso representa um enorme impacto para indivíduos, famílias e o sistema de saúde.
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O professor Gill Livingston, do University College London, assina, com mais 27 especialistas, um outro trabalho sobre o tema e garante que adotar hábitos saudáveis faz diferença em qualquer estágio da nossa trajetória, para quem tem e quem não tem alguma predisposição genética desfavorável.
Na pesquisa realizada por Livingston e seus pares, publicada na revista “The Lancet”, e que traz recomendações semelhantes às da OMS, os estudiosos afirmam que 1% dos casos de demência é causado pelo excesso de álcool ingerido na meia-idade; 2% são resultado da exposição à poluição na velhice; e 3% têm relação com traumas na cabeça.
A incidência da doença na Europa e na América do Norte vem caindo 15% ao ano nas últimas três décadas, graças a mudanças no estilo de vida. Infelizmente, o mesmo não acontece em países de baixa e média renda, onde as políticas públicas não têm foco nessa abordagem.
“Estimamos que, em 2050, dois terços das pessoas com demência viverão em países mais pobres”, declarou o professor ao jornal “The Guardian”.
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