
Miriam Moura
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Todos gostamos de receber pessoas queridas e passar momentos agradáveis junto de amigos próximos, compartilhar visões de mundo e celebrar. É natural. Afinal, o ser humano é social e precisa conviver com outros da mesma espécie, como ensinou Aristóteles há muitos séculos. A lição do filósofo é que o homem é um ser gregário e precisa de outras pessoas para ser feliz.
A coluna de hoje é um “convite à reflexão” sobre o significado da palavra “anfitrião”. O ato de receber amigos em casa é algo relacionado à esfera da etiqueta social: ser um anfitrião perfeito, garantir o sucesso do evento, colecionar elogios e ser lembrado como elegante, refinado, além de colecionar muitos likes nas redes sociais.
Na descrição do Houaiss, “anfitrião” é “aquele que oferece e paga as despesas de um jantar, festa, banquete etc.” O ponto que eu gostaria de destacar é que, quando alguém recebe e abre sua casa para pessoas próximas, a atenção deve estar voltada para o preparo do evento, para que seus convidados se sintam homenageados e confortáveis, sem ficar tão preocupado com a perfeição da festa.
Há poucos dias, assistindo aos debates de especialistas no festival South By Southwest, o SXSW, que se realiza anualmente em Austin, Texas, um dos grandes destaques foi o painel de abertura do festival, com a cientista social Kasley Killam detalhando o conceito de “saúde social” (“social health”). Expoente no tema, Killam se dedica a melhorar o bem-estar por meio da conexão há uma década e meia e é autora do livro “A arte e a ciência da conexão: Por que a saúde social é a chave que falta para viver mais”.
O tema da solidão esteve onipresente em muitas das 450 sessões do festival, divididas em trilhas temáticas. A contradição é inquietante: nunca as pessoas se sentiram tão sozinhas mesmo vivendo em um mundo digital hiperconectado.
Conexão de verdade é exatamente o que falta em muitas reuniões sociais que promovemos em nossas próprias casas. Há valorização de questões menores, como a decoração, detalhes e brilhos instagramáveis para postagem nas mídias digitais, e esquecimento sobre a razão principal de reuniões sociais: vínculos genuínos e convivência social que enriquecem relacionamentos.

O compartilhamento de alimento na mesa é tradição milenar em várias civilizações. Na Rússia, é popular o hábito de receber convidados com pão e sal, e pode ser visto mesmo em recepções oficiais e em restaurantes para turistas. Na cultura russa, oferecer pão e sal a um convidado é sinal de que se pretende iniciar uma amizade. Ao longo dos tempos o sal sempre teve muito simbolismo e propósitos para muitas culturas. Para os hebreus, era um elemento purificador, símbolo da perenidade da aliança entre Deus e o povo de Israel.
O consultor de hospitalidade e autor do canal Carioca no Mundo, Jayme Drummond, dá dicas para receber amigos em casa para jantar, principalmente quanto a regras sociais de boa convivência e medidas preventivas como avisar o porteiro de que chegarão seus convidados, perguntar previamente sobre restrição alimentar e evitar servir comida apimentada.
No Feng Shui, técnica milenar chinesa que visa harmonizar ambientes e promover bem-estar, há sugestões para ajudar o anfitrião a entender e trabalhar com os fluxos de energia que contribuem para que o evento seja bem-sucedido.
No livro “Feng Shui e a Arte de Receber Convidados”, a autora Sarah Bartlett traz tabelas que identificam as pessoas com os signos do horóscopo chinês e os elementos que os regem – Fogo, Terra, Metal, Água e Madeira. Ela adianta que as regras do Feng Shui ajudam a identificar qual o melhor local para posicionar o convidado à mesa e quais elementos irão promover um fluxo harmonioso entre as energias do lugar. Se ao poder da técnica milenar da China for acrescida a energia da verdadeira da amizade, qualquer jantar será mesmo um sucesso.
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