Maya Santana, 50emais
Só quem já passou dos 60 anos no Brasil sabe que os vários setores da economia ainda dão quase nenhuma atenção à essa parcela da população, mesmo estudos mostrando que ela é a que detém o maior poder de compra. Basta ir a um banco. Qualquer um. Todos têm placas grandes para indicar os caixas que atendem “prioritários”. Mas, invariavelmente, apenas um caixa está atendendo. A fila dos “prioritários” é sempre mais lenta do que qualquer outra. Aliás, não só nos bancos. Nas repartições públicas e em todo lugar é o mesmo. Nos supermercados, dos 20 caixas, dois são destinados aos mais velhos. As empresas brasileiras ainda não atentaram para o fato de o Brasil estar envelhecendo rapidamente. Não vou encher aqui de números. Apenas citar um dado: em 2030, ou seja, em 12 anos, o número de idosos (gente com mais de 60 anos) no Brasil ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Com relação aos produtos, as reclamações são as mesmas. É um seguimento ainda ignorado. Por isso, a mim não causou surpresa os resultados dessa pesquisa encomendada pelo MaturiJobs.
Leia:
Os segmentos de turismo e lazer já perceberam que o público brasileiro maduro pode trazer oportunidades e lucros. Mas não é o que acontece nos setores de alimentação, educação, beleza, atividades físicas, serviços financeiros, saúde e transportes. Essa é a conclusão da pesquisa Mercado Consumidor 50+, realizada pela Noz Pesquisa e Inteligência para a Maturi Jobs.
A pesquisa serve de alerta às organizações de nove segmentos de serviços e oito de produtos, avaliados em relação à identificação e atendimento às necessidades do público Maturi, acima de 50 anos.
“A geração Maturi é formada pelos jovens das décadas de 60 e 70, que viveram grandes transformações na sociedade. Com os avanços na expectativa de vida e a queda nas taxas de fecundidade, é essa faixa etária a que mais cresce na população brasileira”, diz Mórris Litvak, fundador da Maturi Jobs.
“A população ocupada acima de 60 anos tem rendimento médio real maior que as outras faixas de idade, como indicam os dados do 3º trimestre de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad-IBGE)”, explica Juliana Vanin, da Noz. “O rendimento médio é 26% maior que a média geral; 29% maior que a faixa entre 25 a 39 anos e 150% maior que a de 18 a 24 anos.”
Na pesquisa feita para a MaturiJobs, não há nenhum destaque positivo entre os segmentos de serviços e de produtos analisados. Mesmo os considerados “o melhor” nas duas categorias – turismo e medicamentos – obtiveram notas inferiores a 7.
À pergunta básica foi: “qual segmento apresenta melhor identificação com o público Maturi e consequentemente tem os melhores serviços prestados para as suas necessidades?” E os piores”. Seguem os resultados:
Serviços – melhor e pior:
Notas para os serviços:
Produtos – melhor e pior
Notas para os produtos:
“Analisando os serviços e produtos com maiores classificações entre melhor e o pior, mais as notas das avaliações, podemos concluir que as marcas e ações de marketing ainda atuam para o estereótipo do idoso. Isso pode ser visto como uma oportunidade para as marcas entenderem o novo perfil dos 50+, ou seja, entenderem a Geração Maturi, diz Juliana Vanin, da Noz.
Dados da pesquisa
Realizada entre 22 de maio e 20 de julho de 2018. Pesquisa quantitativa online com questionário de autopreenchimento voluntário, sem nenhum incentivo aos respondentes.
853 respondentes, sendo:
Norte 1%
Sudeste 85%
Centro-Oeste 1%
Nordeste 4%
Sul 9%
65% mulheres e 35% homens
54% casados/união estável
27% divorciados ou viúvos
19% solteiros
Idade – Média 57 anos
Entre
50 e 59 anos – 65%
60 e 69 anos – 27%
70 e 79 anos – 4%
Menos de 50 – 4%
38% aposentados
24% não têm renda própria
19% até R$ 2.500
27% entre R$ 2.501 e R$ 5.000
11% entre R$ 5.001 e R$ 7.500
7% entre R$ 7.501 e R$ 10.000
4% entre R$ 10.001 e R$ 12.500
8% mais de R$ 12.501
19% não têm ensino superior
40% têm ensino superior
45% têm pós-graduação