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A dermatologista Katleen Conceição, de 53 anos, autora do livro “Dermatologia para pele negra”, que acaba de ser lançado no Rio de Janeiro, é a primeira médica a se debruçar sobre a questão no país.
Para ela, a falta de estudos e de tecnologias voltadas para as pessoas negras na dermatologia é retrato do racismo estrutural: “Quando fui estudar dermatologia, só havia livros sobre a pele branca”, conta.
Na entrevista ao ELAPod, Kathleen também falou sobre alguns mitos e segredos sobre a pele negra. Um deles, clichê, é de que quem tem pele negra não precisaria de proteção solar. “Isso foi algo negligenciado. ‘Ah, a pessoa negra não precisa de proteção porque tem muita melanina’. Nós temos predisposição a manchas e cânceres mais graves, como o melanoma. Sempre avalio o paciente da cabeça aos pés. A indústria e a mídia começaram a falar mais sobre isso”, destaca a médica.
Katleen conta também ter jogado luz, e chamado a atenção das empresas, sobre a efetividade dos protetores solar com cor. “Teve uma época em que eu usava o filtro branco, mas ele me deixava muito branca, não quero… e aí comecei a misturar com bases. Aí, vieram as empresas, e falaram, vamos começar a fazer tons para pele negra. Mas eles faziam até o tom da Taís (Araujo, atriz), que é mais claro que o meu… e não, tem que fazer pro tom da lupita (Nyong’o, atriz), do Lázaro (Ramos, ator). Temos 35 tonalidades de pele negra”.
Segundo ela, estudos mostram que filtro com cor protegem mais contra luzes artificiais, como as do computador e da tv. “Eles protegem mais as peles negras, as peles que mancham, e são melhores contra manchas escuras, como o melasma.”