
50emais
As dores do “cobreiro” – nome popular do herpes-zóster – estão se tornando mais conhecidas entre os brasileiros com mais de 50 anos. Essa doença, marcada por bolhas dolorosas que surgem de um só lado do corpo, não é nova, mas tem aparecido com mais frequência nos últimos anos. E isso preocupa médicos, pacientes e o sistema de saúde.
O Brasil registrou cerca de 2,6 mil internações por herpes-zóster em 2023, um aumento de 13,6% em relação ao ano anterior, quando foram 2,3 mil ocorrências.
Confirmando a tendência de alta, nos primeiros dois meses de 2024, foram registrados 27 mil novos caso da doença, o que representa um crescimento de três vezes em relação ao mesmo período de 2023.
Um vírus que volta com a idade
O herpes-zóster é causado pelo mesmo vírus da catapora, o varicela-zóster. Após a infecção na infância, o vírus fica adormecido no organismo e pode ser reativado décadas depois, especialmente quando o sistema imunológico enfraquece – algo comum com o passar dos anos.
De acordo com o infectologista Rodrigo Lins, da Sociedade Brasileira de Infectologia, “um em cada três indivíduos vai desenvolver herpes-zóster em algum momento da vida”. E o cenário brasileiro confirma isso: em 2022, foram cerca de 19 mil casos registrados. Em 2023, esse número saltou para impressionantes 127 mil – um aumento de 568%, segundo dados do DATASUS.
O papel da pandemia e do envelhecimento
O crescimento dos casos foi ainda mais expressivo nos anos pós-pandemia. Estudos sugerem que a infecção pela Covid-19 pode ter enfraquecido temporariamente o sistema imunológico, favorecendo a reativação do vírus da catapora. “Há evidências científicas que sugerem esse aumento após a pandemia”, explica o infectologista André Cotia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Leia também: Herpes-Zóster, a perigosa doença de depois dos 50
Além disso, o envelhecimento da população brasileira e o fato de que muitos adultos nunca foram vacinados contra a catapora (já que a vacina só passou a ser oferecida no Brasil nos anos 1990) ajudam a entender o surto atual.
Tratamento existe – mas exige agilidade
A boa notícia é que há tratamento. O SUS oferece o aciclovir, um antiviral que deve ser iniciado logo nas primeiras 72 horas após o surgimento das lesões. Quanto mais cedo, melhor o resultado. “Temos boas opções, mas a adesão é difícil. O aciclovir exige cinco doses diárias por uma semana”, observa o infectologista João Prats, do Hospital Beneficência Portuguesa.
Na rede privada, há antivirais mais modernos, como o valaciclovir, de uso mais prático, mas com custo elevado. Em casos graves ou em pacientes imunossuprimidos, o tratamento pode ser feito com aciclovir intravenoso em ambiente hospitalar.
A dor que fica: neuralgia pós-herpética
Mesmo após o fim das lesões, muitas pessoas continuam sentindo dor por meses – ou até anos. É a chamada neuralgia pós-herpética, que afeta principalmente os mais velhos. O tratamento inclui analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes e até procedimentos como bloqueios nervosos ou estimulação elétrica, dependendo do caso.
Vacinas: esperança e desafio
A prevenção é o grande foco dos especialistas. E ela existe: há vacinas contra o herpes-zóster, como a recombinante Shingrix, que apresenta alta eficácia – mas que ainda não está disponível no SUS e custa mais de mil reais. Esse valor acaba afastando muitos brasileiros da proteção.
Leia também: Número de casos de herpes-zóster está aumentando
Diante do surto, cresce a pressão para que o imunizante seja incluído no calendário nacional. “A vacina pode ser um divisor de águas, especialmente para pessoas com mais de 60 anos”, reforça Rodrigo Lins.
Enquanto o acesso à vacina não é universalizado, a melhor estratégia continua sendo a informação. Saber reconhecer os primeiros sinais, buscar atendimento rápido e conhecer as opções de tratamento pode fazer toda a diferença.
Se você tem mais de 50 anos, converse com seu médico sobre a prevenção do herpes-zóster. Avalie sua imunidade, considere a vacinação (se puder) e fique atento aos sinais. E lembre-se: dor não é normal. Não ignore seu corpo. A sua saúde é um investimento – e merece atenção hoje, amanhã e sempre.
Artigo escrito com o auxílio de ferramentas de AI.
Leia também: Cuidado com a herpes-zóster, doença dolorosa provocada pelo vírus da catapora