Ana Maria Cavalcanti
Marilyn Monroe faria 95 anos nesta terça-feira, primeiro de junho. Eu me pergunto o que mais podemos falar desta atriz que foi um dos maiores símbolos da cultura popular do século 20? Já foram publicadas tantas biografias dela, centenas de fotos, inúmeros documentários, segredos de alcova e detalhes da maneira trágica como morreu aos 36 anos, no auge da fama, em 4 de agosto de 1962. O fato é que 59 anos depois de seu desaparecimento repentino, ela continua despertando a imaginação de homens e mulheres no mundo inteiro.
Um ponto em que todos concordam é que Marilyn Monroe tinha um grande poder de sedução. Era naturalmente sexy na maneira como se vestia, como andava e como falava. Ela não usava calcinha nem sutiã, porque estava sempre com roupas justas e reveladoras. E não queria que aparecesse as marcas. Certa ocasião, quando dava uma entrevista coletiva, ela cruzou as pernas e, neste exato momento foi clicada. Quando o fotógrafo revelou a foto, surpresa das surpresas: a atriz não usava nada embaixo da roupa.
Marilyn Monroe foi a maior estrela que Holywood já produziu.Ela explodiu nos anos de 1950. Fez filmes memoráveis, como O Pecado Mora ao Lado, Quanto Mais Quente Melhor, Os Homens Preferem as loiras, Nunca Fui Santa, Como Agarrar Um Milionário, Adorável Pecadora, entre outros. Com esses filmes Marilyn se tornou conhecida e desejada mundialmente. Chegou até a ganhar um Globo de Ouro como melhor atriz pelo o filme “Quanto Mais Quente Melhor”, em 1959.
Mas se tornar a estrela número um de Hollywood não foi nada fácil. Pra começar, Marilyn Monroe teve uma infância de tristeza e abandono. Quando criança, passou por onze orfanatos e casas de adoção. Em três deles, foi molestada sexualmente. Anos mais tarde, quando tentava ser atriz, teve que dormir com figurões de Hollywood para conseguir um papel. Isso é claramente mostrado nos documentários sobre sua vida.
Marilyn tinha fama de loira burra, por causa das comédias que fez para o cinema, como O Pecado Mora ao Lado “, em que viveu o papel de uma loira bonita e gostosa, mas sem muita coisa na cabeça. A verdade é que de burra ela não tinha nada. Gostava de ler e escrevia histórias e versos, que foram reunidos em um livro – “Fragmentos – poemas e anotações íntimas de Marylin Monroe” – publicado no Brasil em 2011. Há dezenas de frases bem humoradas e inteligentes da atriz, como esta: “Eu sou bonita, mas não sou bela. Tenho pecados, mas não sou o diabo. Sou boa, mas não sou anjo”.
Além de ler e escrever, Marilyn cursou a melhor escola de atores da época, o lendário Actors Studio, por onde passaram grandes estrelas, entre elas Marlon Brando. Ela era perfeccionista. Quando fazia uma cena, se não estava como ela queria, pedia para regravar até ficar satisfeita, para desespero da equipe.
Ela também era generosa. Este é um lado dela pouco conhecido. Um exemplo disso ocorreu em 1955, quando Ella Fitzgerald foi impedida de cantar no clube Mocambo, um dos mais renomados dos Estados Unidos, porque era negra. Marilyn foi conversar com o dono do clube. Disse a ele que, se a cantora se apresentasse,ela iria vê-la todas as noites e ficaria em uma mesa bem central, onde todas pudessem vê-la. Ella Fitzgerald se apresentou e, a partir deste dia, pode cantar onde bem entendesse: a cor de sua pele não era mais problema. “Marilyn era uma mulher a frente de seu tempo” – Ella Fitzgerald repetiu isso muitas vezes.
A carreira de Marilyn Monroe começou em plena Segunda Guerra Mundial, por acaso. Na época, as mulheres foram chamadas para trabalhar fora de casa, porque havia falta mão de obra, já que os homens estavam na frente de guerra. Um dia, quando ela estava mexendo em uma máquina, linda e faceira, apareceu na fábrica um fotógrafo para documentar a participação das mulheres no esforço de guerra. Marilyn foi fotografada. Daí pra frente, foi subindo degrau por degrau a escada da fama, até chegar no topo: de1944 a 1946, apareceu em 33 capas de revistas. Com isso, chamou a atenção da Fox que a convidou para um teste.
Até 1944 ela se chamava Jean Norman e tinha os cabelos escuros. Essa imagem mudou radicalmente com o passar do tempo, por exigência dos estúdios americanos. Ela virou loira platinada, modificou o nariz e os dentes, aumentou as sobrancelhas, valorizou os olhos, usava batom vermelho brilhante e trocou de nome: nascia Marylin Monroe. Explodiu nos anos 50 quando seus filmes renderam milhões de dólares. Era, então, o maior patrimônio da Fox. Foi dirigida pelos melhores cineastas da época. Entre eles Billy Wilder, John Houston, Howard Hawks.
No auge do sucesso, com visíveis problemas emocionais, começou a chegar atrasada nas filmagens. Muitas vezes esquecia suas falas. E chegou ao ponto de não aparecer. Os diretores ficavam furiosos. Ela foi até suspensa, mas qual estúdio poderia demitir Marilyn Monroe, que rendia tanto dinheiro?
Sua vida pessoal foi atribulada desde o começo. Casou-se três vezes. A primeira delas aos 16 anos, possivelmente para fugir da vida nos orfanatos. Depois, se casou com o jogador de basquete Joe DiMaggio e, mais tarde, com o dramaturgo judeu Arthur Miller. Marilyn se tornou judia, em 1956,para se casar com o escritor. Mas nenhum dos dois maridos aguentou a vida da estrela mais famosa e desejada do mundo. Onde ela passava era aquele tumulto, todos queriam fotografá-la, conversar com ela. E ela sempre ali, disponível, fazendo caras e bocas, mandando beijinhos, requebrando. Os casamentos terminaram em divórcio. Ela teve abortos espontâneos e nunca pode concretizar o sonho de ser mãe.
Além dos vários maridos, Marilyn Monroe teve muitos namorados. Frank Sinatra e Marlon Brando foram apenas dois deles. E manteve um caso que “abalou” o mundo: a estrela mais sexy de Hollywood estava saindo com o homem mais poderoso do mundo, o presidente John Kennedy. A famosa mistura explosiva de sexo e poder. Ela também teria mantido um caso com o irmão do presidente, Robert.
https://youtu.be/EqolSvoWNck
Marilyn nasceu em 1926 e foi criada em Los Angeles. Morreu inesperadamente ainda jovem, sozinha em seu quarto, envolta em lençóis de seda, que ela gostava tanto, vítima de uma overdose de remédios tarja preta. Na época, ela tomava remédios para dormir e para acordar. O mesmo que fizeram, anos mais tarde, Elvis Presley e Michael Jackson. Ambos morreram da mesma maneira. A morte súbita de Marilyn despertou muitas dúvidas: foi suicídio não premeditado ou assassinato? A versão oficial é que foi suicídio.
Mesmo no túmulo há tanto tempo, Marilyn Monroe continua a dar lucro. Seu nome foi licenciado para ser usado em várias campanhas publicitárias. Recentemente, a Chanel fez um comercial com ela, usando áudio da década de 1960. Na época, um repórter perguntou se ela dormia de pijama ou camisola. Marilyn respondeu: “Eu durmo só com o perfume Chanel no 5 no corpo.”
Marilyn Monroe viveu a vida intensamente, teve fama, dinheiro, amores, uma alma delicada e generosa. Morreu cedo para que pudesse ser eternamente bonita e desejável. Virou mito.