
50emais
Moro no Rio de Janeiro há exatos 15 anos. Nessa década e meia vivendo entre os cariocas, nunca senti tanto calor. O ar condicionado fica ligado todo o tempo, caso contrário é impossível suportar o ar quente, como se a gente estivesse em um forno.
A temperatura está lá no alto. E a imprensa informa que, de acordo com Centro Europeu de Meteorologia, o Brasil é o país com maior probabilidade de calor extremo no mundo até esta sexta-feira (21).
Desde o fim de janeiro, explica o jornal O Globo, uma redoma se instalou no Centro-Sul do país, e vários municípios passaram a registrar temperaturas acima da média mesmo para o verão. Estamos a um mês da chegada do outono.
O pior período do dia para se expor ao sol é entre 10h30 e 15h30. A principal recomendação é reforçar a hidratação, ingerindo bastante líquido, como água, água de coco ou isotônicos. Os banhos frios ajudam a manter a temperatura do corpo equilibrada. A preferência deve ser por alimentos mais leves e roupas frescas, inclusive o uso de chapéu e protetor solar.
Leia o artigo de Lucas Altino publicado por O Globo:
As praias cariocas são um dos principais atrativos da cidade, especialmente em dias de temperaturas muito altas. Mas diante de um cenário de calor extremo, os especialistas alertam para os riscos da exposição, sem os devidos cuidados com a saúde, principalmente nos horários de pico de radiação solar, entre 10h30 e 15h30.
Quadros como desidratação, insolação e exaustão térmica, que já ocorrem em indivíduos saudáveis, em pessoas com doenças pré-existentes podem ser fatais. Idosos, crianças e pessoas com acometimento do sistema nervoso central que tenha dificuldade de sinalizar que está com desidratação, também são mais sensíveis.
O pior horário para ir à praia em períodos de calor extremo é a partir de 11h e até as 15h, quando a radiação solar é mais agressiva, segundo alerta o médico nefrologista da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Bruno Zawadzki. Idealmente, o melhor horário para frequentar a praia é até as 10h da manhã e depois das 16h, principalmente as crianças menores e idosos, que têm maior risco de sofrer desidratação.
— A exposição ao calor, associada ao estresse da desidratação, pode levar a um descompasso do coração em pessoas que possuem doenças crônicas cardiovasculares. Quem já teve um AVC pode desenvolver até um tumor no cérebro. Já um paciente renal crônico, que tem dificuldade de reter líquido e eletrólito, sobrecarrega o rim, que acaba fazendo um esforço a mais para funcionar, ficando mais suscetível a desidratação. Quanto mais intenso o calor, maior o risco para esse grupo — alerta o médico.
Leia também: Idoso sente menos sede e corre mais risco de desidratação
Segundo Zawadzki, o corpo humano tem mecanismos naturais para regular a temperatura interna, mas há limites para essa adaptação. A tolerância ao calor, ele explica, depende de fatores como hidratação, umidade do ar, aclimatação, idade e condição física. Veja abaixo como o corpo reage a altas temperaturas.
- Temperatura ambiente até 35 °C e 37 °C: O corpo consegue dissipar calor por meio do suor e da vasodilatação (dilatação dos vasos sanguíneos), mantendo a temperatura interna estável. No entanto, em locais muito úmidos, a evaporação do suor fica comprometida, dificultando a regulação térmica.
- Entre 37 °C e 40 °C: O esforço para manter a temperatura corporal aumenta, podendo levar à desidratação, fadiga e redução do desempenho físico e mental. O risco de insolação e hipertermia cresce, especialmente se houver exposição prolongada ao sol e esforço físico intenso.
- Acima de 40 °C: A regulação térmica fica comprometida, podendo levar a quadros graves como exaustão pelo calor e insolação, que podem causar confusão mental, tontura, colapso circulatório e falência de órgãos se não tratados rapidamente.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/3/3/CxFWeQTRulR5jEVAulow/rio-18-02-calor-sintomas-1-.png)
Os efeitos do calor extremo no corpo — Foto: Editoria de Arte
A desidratação acontece quando há uma transpiração intensa, que leva à perda de líquido e eletrólito. Os sintomas clássicos são tontura, dor de cabeça, enjoo, fadiga intensa e piora da função renal. Ela pode acontecer independentemente da exposição ao sol – como em um dia nublado, extremamente quente, por exemplo.
Leia também: Médico alerta: Calor mata mais do que frio. E dá dicas
— Um ponto de atenção é o consumo de álcool, que é muito comum. As pessoas gostam de beber uma cerveja, uma caipirinha. Mas um dos efeitos é inibir um hormônio antidiurético, que bloqueia o reflexo do xixi, então a pessoa urina com mais frequência e perde líquido e sais minerais mais rapidamente. Se for beber, tem que intercalar com isotônico e água para não desidratar — alerta Zawadzki.
Já a insolação ocorre quando a exposição ao sol é excessiva. A temperatura corporal fica extremamente elevada, o corpo não consegue abaixar naturalmente, pelos mecanismos de regulação. Geralmente, a insolação vem associada à queimadura de primeiro grau na pele. Os casos mais graves podem ter queimaduras de segundo grau e sintomas neurológicos, como confusão mental e convulsão.
Outro efeito é o choque de calor, quando a temperatura do corpo aumenta muito repentinamente. No caso de idosos, a atenção deve ser redobrada, já que os mecanismos naturais para abaixar a temperatura do corpo podem falhar, e levar a uma crise convulsiva.
Recomendações
A principal recomendação é reforçar a hidratação, ingerindo bastante líquido, como água, água de coco ou isotônicos. Os banhos frios ajudam a manter a temperatura do corpo equilibrada. A preferência deve ser por alimentos mais leves e roupas frescas, inclusive o uso de chapéu e protetor solar.
— Tem que ficar atento aos sinais de exaustão pelo calor, como enjoo, tontura, dor de cabeça. Eles podem ser um indício de desidratação — afirma Bruno.
Leia também: Alimentação leve e hidratação: essenciais nessa onda de calor