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Cientistas afirmam que fatores como as condições de vida, a genética e o ciclo hormonal podem influenciar a diferença de expectativa de vida entre os gêneros. O fato é que a mulher vive mais do que o homem em praticamente todas as partes do mundo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a expectativa de vida das mulheres é de cerca de 80 anos, em comparação com aproximadamente 75 anos para os homens.
Mas as razões desse fenômeno não são inteiramente conhecidas. E vivendo mais do que os homens não significa necessariamente que elas vivam melhor.
As mulheres geralmente são fisicamente mais frágeis do que os homens na velhice; também são mais vulneráveis, especialmente após a menopausa, ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares e doença de Alzheimer, em parte porque a idade em si é um fator de risco para essas condições, afirma especialista ouvido neste artigo.
O texto, traduzido do New York Times, foi publicado por O Globo. Leia:
As mulheres vivem mais do que homens, e por uma margem considerável: nos Estados Unidos, a expectativa de vida das mulheres é de cerca de 80 anos, em comparação com aproximadamente 75 anos para os homens.
Isso é verdade independentemente do local em que as mulheres vivem, de quanto dinheiro ganham e de muitos outros fatores. Também se aplica à maioria dos outros mamíferos.
— É um fenômeno muito presente em todo o mundo e que se mantém até mesmo durante épocas de doença ou fome —, disse Dena Dubal, professora de neurologia na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Mas as razões pelas quais as mulheres vivem mais são complicadas e menos definidas — e o fato de que elas vivem mais do que os homens não significa necessariamente que vivam melhor. As mulheres tendem a ter uma “healthspan” (o número de anos vividos com uma boa condição de saúde) menor do que os homens, disse Bérénice Benayoun, professora associada da Escola Leonard Davis de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia.
As mulheres geralmente são fisicamente mais frágeis do que os homens na velhice; também são mais vulneráveis, especialmente após a menopausa, ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares e doença de Alzheimer, em parte porque a idade em si é um fator de risco para essas condições, afirmou Benayoun.
Os cientistas estão tentando descobrir por que homens e mulheres envelhecem de maneiras diferentes, na esperança de aumentar tanto a expectativa quanto a qualidade de vida para ambos os sexos.
— Se pudermos entender o que torna um gênero mais resiliente ou vulnerável, então teremos novas formas, um novo entendimento molecular, para novos tratamentos que poderiam ajudar um ou ambos os sexos a serem mais resilientes. —, comentou Dubal.
Aqui está o que os cientistas sabem até agora sobre as causas da diferença na longevidade
Genética
Um número crescente de pesquisas sugere que o conjunto de cromossomos sexuais femininos XX (que, junto com outros cromossomos, carregam nosso DNA) pode influenciar a longevidade, embora não esteja claro exatamente como. Por exemplo, um estudo de 2018 conduzido pelo laboratório de Dubal analisou camundongos geneticamente modificados com diferentes combinações de cromossomos sexuais e órgãos reprodutivos. Aqueles com dois cromossomos X e ovários viveram mais, seguidos pelos camundongos com dois cromossomos X e testículos. Camundongos com cromossomos XY tiveram vidas mais curtas.
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“Havia algo no segundo cromossomo X que protegia os camundongos de morrer antes, mesmo se tivessem testículos”, disse Dubal. “E se houvesse algo nesse segundo cromossomo X que fosse, de certa forma, um toque da fonte da juventude?”
Os cientistas ainda não examinaram isso em humanos, mas Dubal disse que o fato de termos os mesmos hormônios e cromossomos sexuais, além de sistemas reprodutivos semelhantes, sugere que as informações coletadas com os camundongos podem ser similares em pessoas.
Fatores epigenéticos
Elementos ambientais ou do estilo de vida, como clima ou estresse crônico, que afetam como e quais genes se expressam também podem desempenhar um papel na longevidade, ampliando ou reduzindo as diferenças entre homens e mulheres, disse Montserrat Anguera, professora associada de ciências biomédicas na Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia, que estuda esse tema.
Hormônios
Os pesquisadores também estão investigando o papel de hormônios sexuais como o estrogênio na longevidade, com especial interesse no efeito que eles têm sobre o sistema imunológico. “Há dados consistentes mostrando que, pelo menos antes da menopausa, o sistema imunológico feminino tende a ser melhor, mais eficiente e mais capaz de dar respostas”, disse Benayoun. Em geral, os homens “tendem a se sair muito pior em resposta a infecções”, o que, por sua vez, pode reduzir sua expectativa de vida; eles também têm maior probabilidade do que as mulheres de morrer de sepse, afirmou.
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Um estudo de 2017 concluiu que mulheres que passam pela menopausa mais tarde — após os 50 anos — tendem a viver mais do que aquelas que a experimentam mais cedo. Quando os níveis de estrogênio caem, como ocorre na menopausa, o sistema imunológico das mulheres parece enfraquecer. Além disso, elas tendem a se igualar ou até superar os homens no desenvolvimento de doenças que eram menos comuns antes da menopausa, disse Benayoun.
Estilo de Vida e Comportamento
Os padrões comportamentais desempenham um papel fundamental na disparidade. As mulheres geralme
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nte têm menos propensão do que os homens a fumar ou beber em excesso — comportamentos que contribuem significativamente para a mortalidade, disse Kyle Bourassa, psicólogo e pesquisador sênior do Centro para o Estudo do Envelhecimento e Desenvolvimento da Universidade Duke, no estado norte-americano da Carolina do Norte.
As mulheres também tendem a adotar mais “comportamentos saudáveis”, como usar o cinto de segurança ou ir ao médico para check-ups anuais, disse Bourassa. Além disso, ele mencionou que as mulheres são mais propensas do que os homens a socializar, o que as protege dos efeitos negativos do isolamento social e da solidão. Uma análise de 2023 descobriu que as mulheres também têm menos probabilidade de morrer por overdose de drogas ou suicídio.
Fatores Externos
Em um nível social mais amplo, questões como guerra ou violência armada afetam desproporcionalmente os homens, disse Naoko Muramatsu, professora de ciências da saúde comunitária na Universidade de Illinois.
Durante a pandemia do Coronavírus, os homens morreram em taxas mais altas do que as mulheres. Pesquisas mostraram que eles tinham maior probabilidade de trabalhar em funções que os expunham ao vírus, como preparação de alimentos ou construção civil, ou de estarem em situação de rua ou encarcerados, fatores que impactaram as taxas de mortalidade.
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No final das contas, é a combinação de todos esses fatores que determina a diferença na expectativa de vida, disse Alan Cohen, professor associado de ciências da saúde ambiental na Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade Columbia. — Provavelmente existem milhares de maneiras pelas quais isso acontece. —, afirmou.
E embora tenhamos controle sobre alguns fatores, como consumo de álcool, tabagismo e dieta, ainda não está claro o quanto a longevidade seria impactada ao modificar esses comportamentos, disse Bourassa.
— Precisamos de estudos controlados e randomizados para entender melhor essas questões. —, comentou.