A vida pós-pandemia só deve começar a normalizar no país a partir de agosto. “Maio e junho serão os piores meses”, repetem os especialistas. Fico me perguntando como vamos fazer essa longa travessia até o segundo semestre de 2020? Estamos de molho em casa, cumprindo a quarentena, há dois meses. E todos já coisomeçam a se incomodar.
Mais de 90 dias nos separam de agosto. Eu me preocupo, sobretudo, com meu irmão de 74 anos, recuperando-se de um AVC, que sofreu há sete meses. E já dando sinais de enfado da vida monótona que vem levando, sem acesso ao mundo lá fora.
Vivemos numa casa, cercada pela natureza. No extenso quintal,
Acabaram as idas semanais ao Hospital Sarah Kubitschek para os exercícios de reabilitação física. Não há mais visitas ao cardiologista, ao geriatra ou ao neurologista. Os encontros do grupo da terceira idade para se exercitar estão suspensos. A massagista (se isolou) desapareceu. E o que ele parece sentir mais falta, pois é profundamente religioso: aos domingos, não assiste mais à missa matinal na capela do tricentenário Mosteiro de Macaúbas.
A vida deu uma guinada inesperada, tornando os dias menos movimentados. O noticiário alterna, cansativamente, entre o novo coronavírus e a constante turbulência política. Outros programas de TV e a leitura nem sempre conseguem prender a atenção.
Reinventar é um verbo que está na moda. Acho que vamos mesmo ter que fazer isso
Para não deixar que seu ânimo se abata, tomamos uma decisão: vamos abrir uma passagem para a casa dele, ao lado da que estamos morando, de forma que a gente possa levá-lo lá a hora que quiser, para rever suas plantas e, principalmente, o roseiral, que ele cuidou sempre com tanto zelo.
Mas eu sei que só isso não será suficiente