Márcia Lage
50emais
Paguei língua essa semana, lançando o meu livro, A Tal da Terceira Idade, numa live com centenas de participantes.
É que não gosto deste excesso de exposição que agrada a quase todo mundo.
Descobri, no entanto, o gozo que esses encontros virtuais podem proporcionar.
Ver o nome dos presentes na tela, responder às suas perguntas, ouvir seus elogios e suas manifestações de admiração pela publicação de uma obra é como dar uma festa.
A gente passeando de mesa em mesa, agradecendo a presença de todos e brindando com eles a importante conquista.
Sim. Porque num país que lança uma média de 10 mil e-books por ano, a minha pequena coletânea de contos sobre o processo de envelhecer, em todas as suas facetas – física, emocional, social, política, econômica, cultural -, é apenas uma poeirinha na torrente de publicações diárias, sobre todos os assuntos possíveis, em todos os estilos literários.
A PublishNews estima que existam 50 milhões de escritores brasileiros no Facebook. Será? Um quarto da população do país produzindo conteúdo literário? Informação da Inteligência Artificial pode não ser confiável.
De qualquer forma, há um bom número de escritores nessa rede social e eu acompanho com admiração muitos deles. Reproduzo lá, também, as crônicas publicadas aos domingos no site 50emais.
A jornalista Maya Santana, criadora do site 50emais, que lançou um selo editorial e me convidou para estrear seu primeiro ebook, conduziu a live. Sua primeira pergunta foi porque escrevo sobre o envelhecimento.
Escrevo para organizar meus sentimentos, ordenar minhas reflexões sobre essa etapa da vida, compreender o que ocorre comigo nas crises que surgem, tomar consciência de todo o processo e ter um conteúdo mais claro e racional para apresentar aos médicos e terapeutas, respondi.
O envelhecimento é uma fase para ser levada a sério – com humor e leveza, claro – porque pode ser boa e tranquila, mas pode trazer surpresas incontornáveis também, como o Alzheimer e o Parkinson, entre outras doenças degenerativas.
Somos um país sem estabilidade político/social, costurado com mau arremate, numa permanente operação tapa-buraco.
Vem um governo e faz. Vem outro e desfaz. E o povo no meio, sem saber se corre para a direita ou para a esquerda, afundando no lamaçal das circunstâncias.
A literatura – para quem aprendeu a ler e a escrever – é uma tábua de salvação.
Pelo menos para mim, ela é. Tanto o que leio, que me inspira e sacia, quanto o que escrevo, que me salva da barbárie.
Há muita raiva e muita revolta no coração da gente brasileira, maltratada demais pela ausência de um Estado protetor, que cumpra fielmente os direitos fundamentais previstos na Constituição: direito à vida, à igualdade, à segurança, à liberdade e à propriedade.
E os direitos sociais como educação, saúde, trabalho, lazer, previdência social, proteção à infância e aos desamparados.
No meio desses direitos estamos nós, os idosos. Uma população de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos, que será de 70 milhões em 2050.
Esse número, segundo o cardiologista e geriatra Roberto Kalil, pegará o Brasil de mãos atadas, pois o país ainda não alcançou equilíbrio econômico para lidar com uma realidade dessas. Já em 2030, será o quinto país com a maior população acima de 65 anos do mundo, sem recursos para protegê-la.
Então é hora de a juventude, que fará parte dessa estatística em 2050, começar a se preparar para o envelhecimento, principalmente poupando recursos para ter segurança e estabilidade após os 60, 70 anos.
Tudo que a gente conhece hoje de emprego, direitos trabalhistas, direitos sociais, previdência, aposentadoria e serviço público de saúde tem que ser revisto e melhorado.
Por via das dúvidas, quem puder se precaver que o faça. O mundo está rodando de cabeça para baixo e, como se diz em Minas, só o seguro morre de velho.
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