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Um dos nomes mais famosos da teledramaturgia brasileira, Agnaldo Silva sente na pele o drama de tantas pessoas no Brasil que passaram dos 60 anos e foram expelidas do mercado de trabalho. Aos 78 anos, o autor de “Império”, “Senhora do Destino”, “Vale Tudo”, “Fina Estampa”, entre outras novelas da TV Globo, dramaturgo, escritor, roteirista e jornalista, desabafa: “Não preciso trabalhar para viver. Preciso é trabalhar para não morrer”.
Embora a população brasileira esteja envelhecendo a passos largos, ainda há uma enorme resistência das empresas em empregar ou em manter em seus quadros de pessoal gente mais velha. O resultado é que, mesmo pessoas brilhantes como o próprio Agnaldo Silva, possivelmente no auge de sua criatividade, acabam desempregadas. Uma realidade que ele resiste em aceitar, já que sua cabeça continua tão fervilhante quanto a de um homem de 40 anos. Mesmo assim, ninguém está mais disposto a lhe dar trabalho.
Agnaldo Silva trabalhou na TV Globo por 40 anos. Em 2018, após o término de sua novela O Sétimo Guardião, ele foi desligado da empresa (a forma como isso foi feito, através de um comunicado curto e seco, causou muita polêmica) assim como aconteceu com outras dezenas de profissionais que trabalhavam na emissora, como parte da maior reestruturação já levada adiante pela Globo.
Com duas estatuetas do Emmy, o Oscar da televisão, por Laços de Sangue, co-produção da Globo em Portugal, e Império, Agnaldo Silva é o criador de figuras inesquecíveis, como Nazaré(Renata Sorrah), Giovani Improtta(José Wilker), Crô(Marcelo Serrado), Altiva(Eva Wilma), Zé Tadeu(Fábio Jr.), Cândido Alegria(Armando Bogus), Osnar(José Mayer), Comendador José Alfredo(Alexandre Nero) e tantos outros personagens lendários.
O grande drama de um profissional como esse é que ele está sendo jogado para fora de cena não pela má qualidade de seu trabalho ou porque não tenha mais condições de produzir seus elogiados roteiros, mas pela idade. É por isso que Agnaldo Silva não aceita essa condição de desempregado. E denuncia: “Não me venham com preconceito e discriminação contra isso ou aquilo porque, em nosso país, ninguém é mais discriminado do que os idosos”.
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