Maya Santana, 50emais
Podem dizer o que quiserem dela, mas Danuza Leão é uma mulher admirável. Tem inteligência e sensibilidade como poucas e um humor único. E ela mostra tudo isso nesta crônica, ao mesmo tempo debochada e séria, publicada em O Globo com o título “A tal da maturidade – Parte I”. Fala do amor e do envelhecimento. Ou como tudo vai mudando à medida em que vamos caminhando na vida. Pode ser que em algumas partes do texto a gente discorde dela, mas, no geral, Danuza está com razão. Principalmente quando afirma: “O amor é das coisas mais maravilhosas do mundo mas não é a única.” Concordo plenamente. É uma maravilha amar. Mas dá perfeitamente para viver sem um amor.Com toda a liberdade do mundo. Só pra você.
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Não, muita graça não tem: é melhor ter 30 anos e fazer loucuras do que ter 60 e ser sábia e experiente — até porque fazer loucuras é uma delícia. Existem coisas que é melhor ignorar, fingir que não existem, para que a vida fique melhor. Essa história de assumir a tal da maturidade e os cabelos brancos não resolve rigorosamente nada, e um pouco de ilusão faz muito bem à pele e à alma. Mas existem algumas regras para quem já passou dos 50 — sejam homens ou mulheres.
Fácil não é: você não pode comer porque engorda, não pode beber porque o fígado já era, não pode fumar porque sabe que faz mal, e a transa nunca mais é como foi — afinal, o tempo passa para eles também (e depois de uma certa idade você não vai namorar um garotão, vai?). Na Europa e nos EUA, quem passou dos 50 ainda é considerada uma pessoa normal, a quem se cumprimenta e até se convida para jantar. Mas no Brasil — e sobretudo no Rio —, se você não for muito, mas muito jovem, está liquidada, porque nesse clima tão tropical, a primeira qualidade de uma mulher é a juventude.
Em relação aos amores, chega uma hora em que a capacidade de amar diminui. Mas como na nossa cultura é obrigatório ter um homem, quem não tem continua procurando por um, seja ele quem for e o que for. Mal sabem elas que a partir do momento em que decidem encerrar esse capítulo — e isso são elas que devem decidir, e não deixar que a vida decida por elas —, uma outra maneira de viver se apresenta: sem aflições, sem dependências, sem esperar telefonemas, sem ciúmes, sem ter que negociar para decidir para onde vão viajar, sem ter que ceder e jantar com os amigos dele que ela odeia, sem fazer concessões de nenhuma espécie, dona absoluta do seu nariz.
Ah, mas o amor não é a coisa mais maravilhosa do mundo, cantada em prosa e verso pelos poetas? É, mas em termos. Em primeiro lugar, nem todos os amores são tão felizes assim, nem tão eternos: os que duram se transformam em amizade, em hábito, em companhia, muito prático aliás pelos que são incapazes de ficar sós. Clique aqui para ler mais.