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Foi com enorme alegria que recebi a notícia da eleição de Ana Cecícilia Carvalho para integrar a Academia Mineira de Letras. Nada mais justo. É uma das grandes escritoras brasileiras, dessas meio escondidas em Minas Gerais, que merecem toda divulgação, para que mais e mais leitores possam ter o prazer, se deleitar com sua obra.
A autora, que é psicanalista, vai ocupar a cadeira 36, cujo patrono é Eloy Ottoni – pertencia a Aloísio Teixeira Garcia, falecido em maio. Seu trabalho é tão poderoso, tão respeitado, que ela disputou com sete candidatos e se elegeu por unanimidade. A posse será nesta sexta-feira, 8 de novembro, às 20h, na sede da AML.
“É a primeira vez que a academia conta em seus quadros com uma psicanalista. Este é um momento muito importante de nossa história, pensando, inclusive, em todas as relações que a literatura tem com a psicanálise. Psicanalistas, afinal, são especializados em interpretação de texto, né?”, afirmou Jacyntho Lins Brandão, presidente da AML, entidade criada em 1909.
Dedicação à literatura
Já presidente emérito da AML, Rogério Faria Tavares, disse que a chegada da escritora e psicanalista à academia é o reconhecimento de sua longa trajetória de dedicação à literatura.
“Ana Cecília começou a escrever antes dos 15 anos. Já na adolescência, produziu poemas e, depois, contos”, lembrou. “Ela refletiu sobre a relação entre a psicanálise e a literatura, e, nos últimos tempos, dedicou-se à chamada ‘Trilogia da inquietude’, lançada pela Editora Quixote + Do, fruto de reflexões sobre os tempos distópicos que estamos vivendo”, afirma Tavares.
Nascida em Belo Horizonte, em 1951, ela é mestre em psicologia e doutora em literatura comparada. Até 2009, foi professora de psicanálise no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Literatura e psicologia
Entre outros livros de sua autoria estão “Uma mulher, outra mulher” (Editora Lê, 1993), “A poética do suicídio em Sylvia Plath” (2003 – editado pela segunda vez em 2023, pela Editora UFMG), “O livro neurótico de receitas” (Ophicina de Arte & Prosa, 2012), “Os mesmos e os outros: o livro dos ex” (Quixote + Do, 2017 – terceira edição publicada em 2022), “O foco das coisas e outras histórias” (Quixote + Do, 2019) e “A memória do perigo” (Quixote + Do, 2019).
Em 2023, Ana Cecília assinou junto da neta, Stella Valente, de 8 anos, o livro “O mundo das fitinhas perdidas” (Pangeia Editorial), fábula baseada na história de Chapeuzinho Vermelho.
Esse não foi o seu primeiro título infantil. Há outros que escreveu em parceria com Robinson Damasceno dos Reis: “Papagaios! (uma história de detetives, piratas e mágicos)”, “Policarpo: o inseto desclassificado”, “O ourives sapador do Pólo norte”, “O mundo do meu amigo – o encontro de dois meninos, um do campo, outro da cidade” e “Pedrinho dá o grito”.
Duas vezes ganhadora do Prêmio Cidade de Belo Horizonte (em 75 e em 85), Ana Cecília também conquistou o Prêmio Nacional de Brasília, em 1991, e foi finalista do Jabuti, em 1993.
Para você que quer conhecer um pouco mais de Ana Cecília Carvalho e de seu trabalho como escritora aqui está uma entrevista concedida pela autora em outubro de 2022:
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